terça-feira, 24 de agosto de 2010

Baixo Sul da Bahia - História



No dia 13 de março de 1531, a esquadrilha comandada por Martim Afonso de Souza atracou na Bahia de Todos os Santos, com cinco navios e 400 homens. Prosseguiram para o sul, pois tinham a missão de explorar o litoral e proteger a costa das freqüentes incursões de franceses e espanhóis, fundando povoações que reforçassem a presença lusitana no novo continente.

A Capitania de Ilhéus, à que pertencia na época a região do Baixo Sul, foi doada a Jorge de Figueiredo Correa, mas este não veio povoá-la pessoalmente, senão que enviou no seu lugar o fidalgo espanhol Francisco Romeiro. Este se estabeleceu, em 1537, no Morro de São Paulo, sendo esta a primeira povoação da capitania, seguida, em 1545, pela vila de São Jorge do Rio dos Ilhéus.

Muitas das cidades hoje existentes no litoral sul foram originalmente aldeias fundadas por padres missionários, especialmente jesuítas. No início, os padres visitavam as povoações indígenas e promoviam conversões ao catolicismo, mas logo perceberam que os índios batizados continuavam mantendo seus hábitos e crenças. Veio a política dos aldeamentos de Manoel da Nóbrega e a Bahia transformou-se numa espécie de “campo experimental” dessa prática, que começou em 1549. Entre os primitivos aldeamentos destaca-se Camamu, criado em 1560. O nome deriva de uma espécie de ave aquática chamada “peito negro”. Também Taperoá nasceu de um aldeamento

jesuítico fundado nesse mesmo ano. Camamu tornou-se município em 1891, sendo à época o maior exportador de farinha de mandioca do país e o segundo município mais importante da Bahia.

Em 1565 foram criadas as vilas de Cairu e Santo Antônio de Boipeba, Os colonos se refugiavam nas ilhas porque os aimorés não navegavam. Nessa época, também começou o povoamento da cidade de Valença pelo português Sebastião da Ponte, senhor de engenho do Recôncavo, que já entrou nela fazendo grandes investimentos. Construiu uma igreja, montou um engenho de açúcar e uma fazenda de gado. Além disso, conseguiu fixar uma aldeia aimoré e atraia colonos brancos para suas terras. No entanto, por ter marcado a ferro um colono português branco, acabou preso e terminou seus dias numa cadeia em Portugal. A vila sofreria depois disso um longo retrocesso.

No final do século XVII, havia engenhos em Cairu, Biopeba e Camamu. Os aldeamentos indígenas vizinhos tinham um papel bem definido de produtores de alimentos para os engenhos, além de fornecedores de utensílios e madeiras, mas o principal produto era sem dúvida a farinha de mandioca. Com a explosão da economia canavieira no Recôncavo, a região do Baixo Sul se transforma em fornecedora de farinha de mandioca e outros mantimentos para as regiões açucareiras.

Os interesses dos senhores do Recôncavo levaram a que os engenhos fossem proibidos no litoral do Baixo Sul pelo governador Afonso Furtado, desde meados da década de 1670, com a exceção de um engenho em Cairu, que foi

mantido graças à sua antiguidade. Os senhores de engenho não queriam perder tempo nem recursos na produção alimentar, preferindo comprar os alimentos. O litoral sul teria que ser sinônimo de farinha.

Em 1844 se instala em Valença a fábrica de tecidos “Todos os Santos”. Era o capital comercial se deslocando para o ramo da produção. Os tecidos fabricados eram rudes, para ensacar produtos ou servir para confeccionar as roupas que vestiam os escravos e camadas mais pobres da população. Na época do império, a fábrica de tecidos foi considerada como modelo de organização, do Brasil e da América Latina (CAR, 1995). A fábrica contava com a força hidráulica do rio Una. Tinha uma fundição de ferro e bronze ao lado para a fabricação e reparo das peças. Em 1860, quando a fábrica foi visitada por Dom Pedro II, a mesma contava com 200 a 300 empregados, principalmente mulheres. Um detalhe importante é que a fábrica tinha trabalhadores contratados, mesmo em plena época da escravidão. Mas a empresa enfrentou dificuldades para se consolidar. Na década de 1860, outra fábrica instalou-se em Valença, a “Nossa Senhora do Amparo” e depois ambas se uniram na Companhia Valença Industrial, que posteriormente faliu.

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