sábado, 26 de setembro de 2009

MODELO F DE FRACASSO


Lucas Mendes
De Nova York para a BBC Brasil

Henry Ford era o homem mais rico do mundo, mas não era feliz. Isto foi na década de vinte do século passado, quando metade dos carros em circulação no mundo eram fabricados por ele. Controlava todas partes da produção do modelo T menos a borracha dos pneus, que vinha de plantações na Ásia e pertenciam aos ingleses, franceses e holandeses.
O Estado do Amazonas estava na miséria depois que outro Henry, em 1876, numa monumental bio-pirataria, roubou 70 mil sementes das nossas seringueiras e mandou para o Jardim Botânico de Londres. Henry Wickham, um aventureiro expulso de outras praças, acabou com o monopólio brasileiro e com a belle époque amazonense. Pelo roubo recebeu da rainha Vitoria o título de Cavaleiro. Sir Henry.
Os interesses de criador do modelo T e do Amazonas se cruzaram no fim da década de 1920. O Estado empobrecido deu a ele 10 mil quilômetros quadrados para plantar seringueiras na esperança de recuperar a glória perdida. O pedação de terra ficava na margem do Tapajós, 18 horas de barco de Santarém, rio acima.
Quem nos conta a história é o professor Greg Grandin, da New York University, autor do recém-publicado 'Fordlandia - The Rise and Fall of Henry Ford’s Forgotten Jungle City'.
O livro traz novas revelações e detalhes preciosos sobre o faraônico projeto de Ford na selva brasileira. Em resumo, Ford estava muito mais interessado na criação de uma nova sociedade do que na borracha para os pneus.
Antes de chegar lá vale a pena voltar à infância de Ford, que nasceu uma fazenda em Michigan, recebeu uma educação austera, mas, logo que pode, caiu fora do campo. Sua antipatia por vacas, leite e e bichos de fazenda duraria a vida inteira.
Detestava igualmente as grandes cidades. Seu sonho era uma cidade pequena, auto suficiente, agroindustrial. Parte do ano produziria alimentos, noutros meses, fabricaria. Fazia experiências semelhantes em cidades do norte de Michigan, mas a selva era como um laboratório isolado.
Na sua Fordlandia, só dançariam quadrilhas, polcas e valsas, só entraria leite de soja, arroz integral, uma cidade sem álcool, fumo, prostitutas, igrejas nem carnes (era vegetariano).
Ford também não gostava de judeus, bandeiras, países - acreditava numa super Nações Unidas -, nem de sindicatos. Os salários dos empregados dele eram o dobro da média para que pudessem comprar o que fabricavam, mas foi implacável contra os sindicatos. Suas fábricas tinham um Departamento de Sociologia, que controlava toda vida dos empregados, do comportamento social a higiene da casa.
Detestava especialistas. Criou seu carro sem eles , empiricamente: errava, corrigia, errava, corrigia, e quando decidiu criar seu mundo na selva não mandou botânicos nem cientistas examinar as terras e as seringueiras.
Deu tudo errado. A cidade virou uma zona sem lei nem ordem, e 3 anos depois de criada foi quase toda queimada pelos empregados numa rebelião que começou quando um engenheiro decidiu substituir o serviço de mesa do restaurante da fábrica pelo bandejão. No protesto contra a fila da comida não sobrou um relógio de ponto. Os carros e caminhões foram jogados no rio.
Ford era teimoso. Despejou mais dinheiro na Fordlandia. A cidade chegou a ter 25 mil habitantes, cinco mil deles empregados. As ruas eram asfaltadas, as casas tinham banheiros, água corrente, máquinas de lavar, vitrolas, geladeiras. O hospital era um dos mais avançados do país. Os problemas sociais diminuíram, mas as seringueiras não produziram borracha. Na Amazônia elas são nativas, com árvores distantes umas das outras .
Na plantação da Forlandia as árvores eram alinhadas e próximas umas das outras. Foram todas destruídas por diferentes insetos e pragas que não existiam na Malásia, Indonésia e Indochina.
Henry Ford não só perseverou como criou uma outra cidade, Belterra, mais perto de Santarém. Pelas contas de Gradin, ele despejou US$ 250 milhões de dólares na selva.
Quando aprenderam a combater as pragas e as seringueiras iam dar o látex para os pneus, o preço da borracha brasileira deixou de ser competitivo com outras borrachas, inclusive a sintética.
Logo depois do fim da Segunda Guerra, com o pai batendo pino, o filho Henry Ford II assumiu o comando da empresa e uma de suas primeiras decisões foi cortar a verba da Fordlandia e da Belterra. Nunca saiu um quilo de borracha do Brasil para Detroit. O novo mundo de Ford se tornou um modelo F, de Fracasso.
Edmond C. Ganem

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

BANCO CENTRAL PRORROGA PARCELA DA DÍVIDA DO CACAU


O Banco Central prorrogou para 30 de dezembro o prazo de vencimento das dívidas pertencentes aos produtores de cacau do sul a Bahia. O aumento do prazo vale para o Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira.

A resolução 3.782 foi publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União. Ela beneficia apenas os produtores que aderiram ao PAC Cacau e que participaram das etapas 1 e 4 do Programa de Recuperação da Lavoura.

O PAC do Cacau prevê investimentos de R$ 2,5 bilhões para recuperar a lavoura no sul da Bahia.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLAC
segunda-feira, 21/9/2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DO CACAU


A Superintendência Federal da Agricultura na Bahia (SFA) e a Ceplac pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; a Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, pelo Governo do Estado; Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Sebrae, Associação dos Produtores de Cacau (APC) e a Cooperativa de Produtores Orgânicos do Sul da Bahia (Cabruca) deram mais um passo na criação da Indicação Geográfica do cacau. Em reunião na Superintendência da Ceplac na Bahia, na rodovia Ilhéus – Itabuna, na semana passada, definiu comissão que vai acelerar o processo e apresentar suas conclusões no próximo dia 30.

Com prazo de 15 dias, a comissão vai apresentar relatório com os projetos que vão subsidiar a criação do Índice Geográfico, a partir da história, cultura, qualidade de produção, valor intrínseco, identidade, dentre outras informações notórias do cacau. “Indicação Geográfica é modalidade de propriedade intelectual, certificação ou reconhecimento de um produto agropecuário com qualidade e vinculação a uma determinada região. Quer dizer: tem história e renome”, disse a chefa substituta do Serviço de Política e Desenvolvimento Agropecuário, da Superintendência Federal da Agricultura na Bahia (SFA/BA), Beatriz Junqueira.
São dois os tipos de Indicação Geográfica: por procedência, que reconhece um produto de acordo com sua qualidade e saber fazer, e origem, que além da qualidade, destaca o produto como originário de um espaço territorial e que suas qualidades são intrínsecas àquela localidade por causa das questões edafo-climáticas – clima, solo, vegetação, etc. – que influenciam na qualidade do produto. O processo se inicia com requerimento ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) solicitando reconhecimento e demonstrando as peculiaridades regionais do produto relativas à história, cultura, renome, etc.

“A partir do reconhecimento pelo INPI, os produtores da região, que são os proprietários intelectuais, passam a fazer uso de um selo de reconhecimento, uma marca exclusiva que dá notoriedade da história do produto”, disse Beatriz Junqueira. Segundo ela, “o cacau tem essas características, já que ao se falar nele no Brasil ou no exterior se remete imediatamente ao Sul da Bahia e isto acontece há mais de 250 anos, desde os primórdios desta singular lavoura. A importância é que na embalagem um selo vai atestar isto, inclusive na exportação a outros mercados”, sintetizou.
A participação da Ceplac no processo se dá por ser órgão que detém maior expertise nas questões relativas à lavoura, delimitação geográfica desta cultura na Bahia e regulamentação de uso e das formas de produção do cacau. Produtos ou subprodutos do cacau também serão abrangidos com a Indicação Geográfica. Durante o encontro se discutiu que, a partir do fruto se pode extrair polpa para suco, mel, geléias e licores, enquanto da amêndoa, massa (líquor), manteiga, torta e chocolate e achocolatados que poderão ganhar selo.
O processo requer governança, daí a representação dos produtores, através de associações e cooperativas; Ceplac e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pelo fomento da cultura, regulação da questão geográfica e gestão sobre produtos agropecuários; Sebrae, na área de gestão; EBDA e Ceplac, na extensão rural; e outras instituições que devem se juntar ao processo de requerimento da indicação geográfica do cacau classificada como relevante pelo superintendente da Ceplac na Bahia, Antonio Zózimo de Matos Costa. “Com sua implantação, a cacauicultura sairá fortalecida. A Ceplac através do Cenex que tem conhecimento da realidade regional e papel fundamental no processo”, concluiu.
A comissão é coordenada por Henrique Almeida, da APC; Almir Martins e Neide Alice Pereira, Cepec; Wilson Melo e Joseval Martins, Cenex; Francisco Leite e Joaquim Marinho, SFA-BA; Dário Arhnet, Uesc, e Durval Libânio, Cabruca; e representantes da Seagri e Sebrae. A reunião também contou com a participação dos chefes do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), Adonias Castro Filho, e do Centro de Extensão da Ceplac (Cenex), Sérgio Murilo Menezes, e dos chefes de serviço João Henrique Almeida, Milton Conceição e Roberto Setúbal; do chefe do serviço de Planejamento da Superintendência da Ceplac na Bahia, Mário Tavares; do professor Dario Arhnet, pela Uesc; produtores Durval Libânio, da Cabruca, e Henrique Almeida, da APC; do fiscal federal agropecuário Eduardo Magalhães (SFA/BA).

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLAC
quarta-feira, 23/9/2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CACAU SOBE E INDICA TEMPOS AMARGOS PARA "CHOCÓLATRAS"



As cotações do cacau chegaram a atingir ontem o maior patamar em 24 anos na bolsa de Londres, em razão de previsões de que o consumo global deverá superar a produção no ano-safra que começará no mês que vem. O cenário ampliou a preocupação de que o mercado pode estar entrando em seu pior período de escassez do produto em 40 anos.
A escalada dos preços, que tende a encarecer o chocolate, acontece em um momento sensível para a multinacional britânica Cadbury, que tenta provar sua viabilidade como uma companhia independente depois de ter rejeitado uma oferta hostil apresentada pela americana Kraft Foods.
A Kraft alegou que pode gerenciar com mais facilidade o efeito da alta dos preços do cacau por ser uma empresa de porte maior, com vendas anuais da ordem de US$ 43 bilhões, ante os US$ 5,4 bilhões da Cadbury. Para a Kraft, estima-se que o custo do cacau represente 1,5% das vendas totais; no caso da Cadbury, de acordo com o Morgan Stanley, o peso chega a 10%.
"Qualquer mudança de preços da commodity é menos marcante para a Kraft", informou ontem o grupo americano. Traders afirmam, porém, que a Kraft recorre menos a ferramentas de hedge em suas transações com a matéria-prima do que a Cadbury, o que torna a companhia americana mais vulnerável a altas de preços no curto prazo. Ambas as empresas preferem não detalhar suas respectivas políticas de hedge.
Andrew Bonfield, principal executivo financeiro da Cadbury, afirmou na semana passada, em uma conferência com investidores, que, se as cotações do cacau permanecerem nos níveis atuais, "não haverá escolha a não ser aumentar o preço do chocolate em alguns mercados ao redor do mundo".
O mercado "altista" para o cacau tem sua raiz na Costa do Marfim, que responde por 40% das entregas mundiais da commodity. Após uma pobre colheita na última temporada, traders temem que as envelhecidas árvores do país africano rendam ainda menos em 2009/10, apesar do clima favorável. Os traders também dizem que o fenômeno El Niño pode prejudicar a produção na Indonésia, terceiro maior país produtor de cacau, e no Equador, sétimo no ranking.
Ao mesmo tempo, a demanda deverá voltar a aumentar, entre 1,5% e 3%, em 2009/10, depois de uma baixa de 6% na safra 2008/09. Com isso, será criado um déficit no mercado pela quarta temporada consecutiva, o período mais longo desde o intervalo entre 1965 e 1969. "Os chocólatras ficarão desapontados com tendência", disse Luke Chandler, chefe da área de pesquisas no setor de agronegócios do Rabobank, em Londres.
Depois de testar o maior nível em 24 anos no início do pregão, os contratos futuros mais negociados do cacau fecharam a 2.109 libras esterlinas por tonelada ontem na bolsa londrina, com uma pequena queda de 19 libras
Atenciosamente,
Alexandre Kruschewsky

Fonte: Jornal Valor Econômico - 22/09/09

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

CEPLAC VAI AMPLIAR A ASSISTÊNCIA AO PRODUTOR COM APOIO DA FAEB E SENAR


Dois Termos de Cooperação Técnica, ainda este ano, serão assinados pela Superintendência da Ceplac na Bahia com a Federação da Agricultura e Pecuária no Estado (Faeb) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e permitirão que seja ampliada a assistência técnica e extensão rural ao produtor de cacau. O assunto foi tema da pauta de reunião entre os dirigentes destas instituições na quinta-feira, 10, em Salvador.

Um termo de cooperação técnica, com duração de cinco anos, prevê a instalação de 36 unidades demonstrativas de cacau em dois hectares em propriedades rurais distribuídas nos municípios abrangidos pelos Núcleos Regional do Centro de Extensão da Ceplac de Valença, Ipiaú, Ilhéus, Itabuna, Camacan, Teixeira de Freitas e Eunápolis. Em um hectare, será aplicado o Manejo Integrado do Cacaueiro, o pacote tecnológico preconizado pela Ceplac, enquanto no outro hectare, chamado testemunha, o produtor aplicará sua própria tecnologia.

O chefe do Cenex, Sérgio Murilo Correia Menezes, informa que 30 áreas serão utilizadas com a clonagem já estabelecida, enquanto em seis haverá renovação total de plantas. A Ceplac vai assumir a responsabilidade pelo fornecimento de insumos para as unidades demonstrativas, no primeiro ano, com mão de obra do produtor, enquanto a Faeb e o produtor associado se encarregarão dos custos de insumos e da mão de obra, respectivamente, nos quatro anos subseqüentes.

O outro termo de cooperação técnica prevê a realização de treinamentos com recursos do Senar, através da interação entre os 50 Escritórios Locais da Ceplac e sindicatos rurais para que sejam definidas culturas prioritárias em cada município, e as necessidades de capacitação para cada atividade priorizada. Ainda acordou-se a capacitação de agentes multiplicadores entre extensionistas da Ceplac e EBDA quanto ao tema da legislação ambiental, incluindo reservas legais, áreas de preservação permanente, licenças ambientais e outros temas.
O encontro da Faeb, presidido por João Martins, contou com a presença dos diretores José Mendes Filho e Guilherme Moura. Pela Ceplac estiveram presentes o superintendente na Bahia, Antonio Zózimo de Matos Costa; o chefe do Cenex, Sérgio Murilo Correia Menezes, e o diretor – técnico Milton Conceição, além dos presidentes de Sindicatos Rurais Isidoro Gesteira, de Ilhéus; Ricardo Mujae Meira, de Una, Itatelino Leite, de Itajuipe, também funcionários da Ceplac, e Antonio Carlos Cunha Santos, de Eunápolis, e chefe do Núcleo Regional da Ceplac no Extremo-sul baiano.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLAC
terça-feira, 15/9/2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

EMPRESÁRIOS ASIÁTICOS QUEREM INVESTIR NO ESTADO DA BAHIA



Salvador/BA
Obter informações geográficas, infra-estrutura, logística e áreas estratégicas sobre o estado da Bahia com o objetivo em investir mais de R$ 5 milhões/hectare na produção de soja, dendê e cacau. Este foi o tema da reunião que aconteceu hoje (14) na Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) com o embaixador da Indonésia no Brasil, Bali Moniaga e o empresário do Salim Group, Ossy Tirta, com o secretário Estadual da Agricultura, Roberto Muniz.
“A idéia inicial é produzir a soja, processar e fornecer o produto final junto com os nossos parceiros do Japão no Oeste da Bahia. Pretendemos iniciar com 200 mil hectares e a cada 30 mil, implantar uma indústria de processamento”, explica Tirta.
Além da produção da soja, o grupo, que é um dos maiores produtores do óleo de dendê do mundo com 1 milhão de t/ano, pretende investir na plantação de palma de dendê para alimentação como margarina e também para o Biodiesel.
O secretário da Agricultura, Roberto Muniz, apresentou as potencialidades do estado na agronegócio (familiar e empresarial), as ações do governo como o escoamento da produção e investimentos futuros, a exemplo da ferrovia oeste-leste.
“O governo é um auto empreendedor e está comprometido com o desenvolvimento do estado, principalmente, no fomento de novos empreendimentos”, afirma.
Muniz também sugeriu a produção de culturas consorciadas como seringueira ou milho, a parceria com pequenos produtores e também uma visita do grupo nas regiões de interesse. Participaram também da reunião o chefe de gabinete da Seagri, Eduardo Salles, o Cônsul em São Paulo, Paulo Fonseca e o funcionário da embaixada da Indonésia, Albert Pondaag.
Maior processadora de alimentos da Indonésia, o Salim Group, está entre os dez maiores da Ásia, é o sexto no ranking mundial em alimentos e o maior produtor de azeite de dendê do mundo, além de ser um dos maiores fornecedores na China.

Fonte: Ascom Seagri/BA

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MANEJO DE CACAUEIROS CLONADOS VIRA BOLETIM TÉCNICO DO CEPEC


As experiências de manejo de cacaueiros clonados cultivados pelos engenheiros agrônomos Edmundo Paolilo Mandarino, da Mars Cacau, e Augusto Roberto Sena Gomes, na Fazenda Luz Brasileira, em Uruçuca, foram demonstradas a extensionistas e pesquisadores da Ceplac durante palestras na quarta-feira, 9, no auditório do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec). O trabalho de campo, que teve a participação do extensionista Ivan Costa e Souza, resultou na publicação do Boletim Técnico do Cepec nº 197, que está sendo distribuído entre os Escritórios Locais.
A capacitação dos extensionistas e pesquisadores da Ceplac com o manejo de cacaueiros clonados começou na terça-feira reunindo os Núcleos Regionais de Teixeira de Freitas e Eunápolis, nesta última cidade, prosseguiu na quarta-feira com o pessoal de Camacan, Itabuna e Ilhéus, no Cepec, e se encerra nesta sexta-feira com os profissionais da Ceplac de Valença e Ipiaú, em Gandú. “O nivelamento tecnológico também inclui a discussão do manejo integrado da vassoura de bruxa e as tecnologias preconizadas pela Ceplac para recuperação de cacaueiros na Bahia”, informa Sérgio Murilo Menezes, chefe do Centro de Extensão da Ceplac (Cenex).

Sérgio Murilo afirma que com a palestra dos especialistas e ex-colaboradores da instituição também se pretende divulgar o trabalho técnico que durante quatro anos recuperou área de cacau em sistema cabruca daquela propriedade com a clonagem de cacaueiros. Os resultados alcançaram produtividades entre 52 arrobas e 80 arrobas/hectare ao longo do período. “A experiência foi reunida e sistematizada no boletim técnico e as palestras são para nivelar o conhecimento tecnológico e a metodologia”, disse.
O trabalho de Edmundo Mandarino e Sena Gomes, com o apoio de Ivan Costa e Souza, se utilizou como procedimento alternativo para recuperação da produtividade de cacaueiros safreiros decadentes e infectados pelo fungo Moniliophthora perniciosa, substituídos por plantas novas, através da garfagem sobre chupões basais, com clones resistentes a vassoura de bruxa em bloco monoclonal sem repetição e instalado em uma área de cultivo tradicional de cacau, conhecida como cabruca no Sul da Bahia, com baixa densidade de plantio e alto nível de infecção. Os cacaueiros foram enxertados com clones PS – 13.19, CA – 1.4, CCN – 10, SJ – 02, FG -110, PH – 15, PH – 16, MO – 01 e FL – 78.
Na oportunidade, o chefe do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), Adonias Castro Filho, falou sobre pontos fundamentais da Nota Técnica da Ceplac e sobre “Desafios da Ceplac em Cenário de Crise”. Já o economista Geraldo Dantas Landim abordou o estudo sobre a viabilidade econômico-financeira do custeio e do investimento na produção de cacau na Bahia, um trabalho produzido a pedido da Direção da CEPLAC para subsidiar as negociações em curso para inclusão do produtor de cacau nas medidas previstas no Plano de Aceleração do Desenvolvimento do Agronegócio na Região Cacaueira do Estado da Bahia (PAC do Cacau) e seu enquadramento na Lei nº 11.775/2008.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLAC
sexta-feira, 11/9/2009

sábado, 12 de setembro de 2009

BRASIL EXPORTA CACAU ORGÂNICO PARA ÁUSTRIA


Pelo segundo ano consecutivo o cacau da Cooperativa de Produtos Orgânicos da Amazônia (Copoam) está sendo exportado para o mercado europeu, com o objetivo de atender chocolatarias com sede na Áustria. Durante o mês de setembro serão exportadas 24 toneladas de amêndoas secas. A alta qualidade intrínseca das amêndoas do cacau amazônico, aliada ao certificado de produto orgânico e de mercado justo (fair trade), disponibilizados pelo Instituto de Mercado Orgânico (IMO), garante compradores assíduos para o produto. “Os agricultores que se dedicam a esse modo de produção, com responsabilidade social e ambiental, tem lucro maior com relação ao obtido com o produto convencional”, esclareceu Raymundo Mello, superintendente no Estado do Pará da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
O produto orgânico é uma exigência do mercado internacional, por ser cultivado sem o uso de agrotóxicos não agride o meio ambiente e por isso é mais saudável e de qualidade superior. A produção paraense de cacau orgânico é resultado de um trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ceplac, produtores, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Governo do Pará, Fundação Viver Produzir Preservar (FVPP) e Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social (DED). A Ceplac oferece orientação técnica e a Comissão de Produtos Orgânicos do Mapa contribui para dinamizar a produção do cacau orgânico paraense.
A região da Transamazônica é referência na produção de cacau orgânico. A Coopoam faz parte do Projeto de Produção Orgânica da Transamazônica, do qual fazem parte outras cinco cooperativas de agricultores que produzem 500 toneladas de cacau. O cacau é o primeiro produto comercializado pelo projeto, mas já existe produção orgânica de cupuaçu, pimenta, açaí e café, também certificados e em processo de organização da cadeia produtiva.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLAC
quinta-feira, 10/9/2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PESQUISA GENÉTICA TENTA EVITAR CRISE DO CACAU

DEBORA MACKENZIE
da New Scientist

É possível embrulhar numa caixa de presente um pecado mais delicioso do que um chocolate? Bom, ele não precisa ser um prazer que cause culpa --e não é por causa do acúmulo de evidências de que comê-lo pode ser bom para alguns aspectos de saúde.
Uma outra razão para saborear bombons é que quase todo o cacau do mundo cresce em fazendas pequenas em países pobres. Quando você compra chocolate, ajuda os agricultores a alimentar suas famílias. É um bom começo.
Thierry Gouegnon/Reuters
A notícia ruim para os "chocólatras" é que a produção de sua iguaria predileta corre o risco de sofrer um colapso. O chocolate é feito de sementes fermentadas e torradas do cacaueiro, planta do gênero Theobroma ("comida dos deuses", em grego).
Nos últimos anos, sua demanda mundial aumentou, mas doenças continuam a destruir cerca de um terço da colheita mundial todos os anos. E a situação pode piorar à medida que pragas do cacaueiro se espalham pelo mundo.
Para piorar, o cacau é natural de florestas tropicais e precisa de umidade, mas plantações têm sido cada vez mais atingidas por secas, que provavelmente ficarão mais frequentes com o aquecimento global.
A boa notícia é que a solução existe, pelo menos segundo a Mars, dona da marca M&M's, empresa que mais vende chocolate no mundo. Cientistas da companhia estão conduzindo agora um estudo sem precedentes sobre a genética do cacaueiro, e os resultados ficarão disponíveis de graça. Não é só generosidade --é impossível vender chocolate se ninguém planta cacau--, mas pode acabar sendo bom para todos.


Os agricultores só têm duas maneiras de conseguir acompanhar a demanda mundial: aumentar a área da plantio de cacaueiros ou melhorar sua produtividade por hectare. Como a maior parte do cacau é plantado em países pobres --70% sai da África, sobretudo de Gana e Costa do Marfim--, os investimentos para melhorar a planta têm sido muito esporádicos. As linhagens cultivadas são vulneráveis, e poucos agricultores têm dinheiro para fertilizantes ou para pesticidas.
"A produtividade do cacau permanece estagnada há 30 anos", diz Howard Shapiro, agrônomo-chefe da Mars. O resultado é que agricultores têm expandido plantações derrubando e queimando mata. Com isso, a terra ganha nutrientes para sustentar as árvores por algum tempo, mas depois os fazendeiros são obrigados a mudar para outras áreas. "Isso alimenta o desmatamento", diz Jim Gockowski, pesquisador da unidade de Gana do Instituto Internacional para Agricultura Tropical.
Júlio Cascardo/Folha Imagem

Linhagens mais produtivas podem ser a solução. Variedades que reagem melhor a fertilizantes poderiam aumentar o custo/benefício do insumo. A mudança para uma produção mais intensiva, dizem os especialistas, seria boa para os produtores e para as florestas. Mas o desmatamento não é o único problema.
Monoculturas de cacau são vulneráveis a doenças, e o cacau brasileiro foi dizimado na década de 1990 após o fungo vassoura-de-bruxa ter sido deliberadamente levado a algumas fazendas, por causa de disputas locais. Outra doença causada por um fungo, a monília, destruiu plantações na Colômbia e na Costa Rica.
A vassoura-de-bruxa e a monília não chegaram à África nem ao Sudeste Asiático, mas talvez seja só questão de tempo.
"Essas doenças vão se espalhar alguma hora", diz Dennis Garrity, chefe do Centro Agroflorestal Mundial, em Nairóbi (Quênia). Sem árvores resistentes, a maior cultura de exportação da África pode ser devastada em menos de três anos. É por isso que há uma necessidade urgente de estudos em genética. Podem existir cacaueiros selvagens que já tenham desenvolvido resistência a algumas doenças, mas onde?
O registro mais antigo de consumo do cacau por humanos vem da América Central. Por muito tempo, achou-se que o cacaueiro tivesse surgido lá e que só existissem duas ou três variedades genéticas da planta. Esse mito, porém, foi demolido por Juan-Carlos Motamayor, do programa de pesquisa da Mars, sediado na divisão de Miami do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).
Sua equipe analisou o DNA de mais de 1.200 amostras de cacau coletadas por outros pesquisadores. A primeira descoberta foi que um quarto das amostras estava com classificação errada. Segundo o biólogo David Kuhn, do USDA, o problema é que as sementes de cacau não mantiveram a identidade, pois as variedades têm de ser preservadas como clones implantados em árvores, mais difíceis de organizar do que sementes numa gaveta.
Após excluir as amostras mal-classificadas, os pesquisadores descobriram que as restantes poderiam ser divididas em dez subgrupos genéticos distintos, em vez de três. A maior diversidade era originária do norte da Amazônia, com cada variedade ocupando um local delimitado aproximadamente pelos afluentes do rio Amazonas. Isso é uma evidência forte de que o cacaueiro surgiu ali, não na América Central.
O estudo também deu uma pista sobre onde genes de resistência podem ser encontrados, já que uma dessas variedades vem da mesma área em que o fungo da monília se originou.
O trabalho dos cientistas, afinal, mostrou que os agricultores têm em mãos uma diversidade inesperada. Mas isso foi só o começo. Em junho de 2008, a Mars, aliada ao USDA e à IBM, anunciou uma parceria público-privada para o sequenciamento completo do genoma do cacaueiro. O acesso aos dados do projeto será gratuito.
Cientistas do mundo todo já começaram a procurar cacaueiros mais produtivos e resistentes a secas e doenças. Uma vez que eles sejam identificados, a equipe de Kuhn pretende procurar trechos de DNA responsáveis por essas características. Isso poderá acelerar o desenvolvimento: agricultores poderão testar novas variedades assim que forem criadas.

"Se conseguirmos maximizar o ganho do cacau, fazendeiros poderão eliminar dois terços de suas árvores de baixa produtividade e usar a terra para plantar fruta e madeira", diz Shapiro. Além de dar ao cacaueiro a sombra de que ele gosta, afirma Garrity, uma cultura extra daria a agricultores colheitas no ano todo. E caso tudo dê certo, a genética pode fazer mais do que salvar o cacau. "Agricultores podem usar marcadores de DNA para criar novos sabores de chocolate", diz Kuhn.

Tradução de Rafael Garcia
Folha online

PLANO CONTRA DESMATAMENTO VAI CRIAR FLORESTAS PÚBLICAS

O plano de ação para prevenção e controle do desmatamento e das queimadas do cerrado que foi ontem à consulta pública procura afastar a ideia de transformar o bioma em santuário ecológico. Em suas 152 páginas, o plano lista prioridades divididas em três eixos: controle e monitoramento; áreas protegidas e ordenamento territorial. Trata, por fim, do incentivo a atividades sustentáveis, incluindo o plantio de cana-de-açúcar para a produção de etanol.Para o conjunto de ações do plano está previsto um investimento de R$ 440,9 milhões. Desse total, R$ 401 milhões virão dos cofres do Meio Ambiente. O restante está classificado como "recursos extras". Um dos braços principais do plano é composto pelas áreas protegidas e ordenamento territorial. Há previsão de investimento de R$ 17,4 milhões em três anos. A maior fatia dessa verba será destinada para a elaboração de planos de recursos hídricos: R$ 5,18 milhões.Entre as propostas está a criação de 16 unidades de conservação integral: 6 em Mato Grosso, 5 no Tocantins, 2 em Goiás, 1 na Bahia, 1 no Maranhão e 1 no Piauí. O plano ainda sugere a criação de unidades de uso sustentável: 15 ao todo, distribuídas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Bahia e Piauí. Há também previsão para cadastramento e criação de florestas públicas.Com um histórico de conflitos com o governador Blairo Maggi (MT), grande plantador de soja, o ministério não deixou de citar a cultura como um fator de desmatamento. "No Mato Grosso, o plantio da soja foi iniciado pelos cerrados centrais e migrou para o norte cerca de 500 quilômetros, deslocando a fronteira agrícola. Nesse mesmo período, a área desmatada no Estado aumentou em dimensões semelhantes e de forma progressiva", diz o texto colocado para consulta.Outro ponto de destaque é a recuperação de áreas degradadas, com aumento de ofertas de mudas e a disse minação de módulos para uso de múltiplos plantios. Uma das prioridades é desenvolver estudos com espécies nativas, reunindo informações sobre manejo econômico das espécies. A intenção é a de que dados coletados no trabalho sejam usados para nortear políticas de incentivo de manejo na região.
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo". de 11/09/2009

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

APICULTORES COMEMORAM RETORNO DO BRASIL ÀS EXPORTAÇÕES DE MEL

O retorno do Brasil às exportações de mel, neste ano, foi comemorado pelos participantes do V Seminário de Própolis do Nordeste e IV Encontro Nacional de Produtores de Pólen que foram abertos na tarde quarta-feira, 2, no Centro de Pesquisas do Cacau da Superintendência da Ceplac no Estado da Bahia. O coordenador dos eventos Ediney Magalhães disse que as exportações de mel de janeiro a julho superaram valores totais do ano passado, já que a receita foi de US$ 43,9 milhões, o que significa 99% a mais do que em 2008.

Além disso, informou que os Estados Unidos adquiriram US$ 28 milhões, a Alemanha US$ 8,99 milhões e o Reino Unido com US$ 3,79 milhões de produtos apícolas produzidos no Brasil nos sete primeiros meses de 2009. “O mercado interno tem atualmente os preços mais compensadores para o pólen, daí não vale a pena exportar, com o preço de US$ 1 oferecido pelo mercado externo”, comentou. Com relação à própolis vermelha, o Japão, segundo ele, paga entre US$ 400 e US$ 500 pelo quilo. “Por isso, devemos arregaçar as mangas para produzir mais”, recomendou.
O representante do ministro Reinhold Stephanes, Zander Navarro, disse que o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento definiu que vai usar todos os esforços humanos, financeiros e políticos, para junto com a Ceplac e demais organizações, fazer que região novamente produza Bem-Estar, prosperidade e desenvolvimento social, já que a percepção é que as áreas rurais podem perfeitamente conviver com agricultura familiar e a tradicional. “O meio rural brasileiro pode ter mais benefícios pela diversidade de produtores, que podem perfeitamente conviver entre si. O meio rural exige formas de cooperação. O País é o único onde cerca de cinco milhões podem prosperar”, afirmou.
O diretor adjunto da Ceplac Edmir Ferraz fez um contraponto entre a harmonia e o labor da sociedade das abelhas na colméia e a capacidade institucional do órgão em atender aos produtores de cacau brasileiros induzindo-os à diversificação, inclusive com projetos de apicultura para agregar renda às propriedades rurais. Falou da ação do Departamento de Desenvolvimento Regional, Emarc e da criação do Centro Regional de Apicultura como resultado do esforço de contribuição da Ceplac, ao longo de sua historia. “Através desse projeto de apicultura construímos uma realidade com a capacidade empreendedora do apicultor de produzir, anualmente, acima de 450 toneladas de mel e 50 toneladas de pólen”, frisou.
A receita anual da apicultura no Sul da Bahia é de R$ 2,3 milhões com mel enquanto com pólen supera R$ 1 milhão. A cerimônia de abertura teve a apresentação do Coral de Servidores da Ceplac, com peças da música popular brasileira, e homenagens ao professor Paulo Sérgio Costa, pesquisador da Uesb e um dos renomados especialistas nacionais na área de doenças das abelhas; ao diretor do Cepec, Adonias Castro Filho; ao superintendente da Ceplac na Bahia, Antonio Zózimo de Matos Costa, pela contribuição de cada um ao desenvolvimento da apicultura brasileira. Também usaram da palavra o coordenador regional do Sebrae Mata Atlantica Renato Lisboa e o vice-presidente da Federação Baiana de Mel (Febamel), Jorge Brito.

Mais informações: http://www.ceplac.gov.br/Apicultura/5º_Seminario/index.htm
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLAC
quarta-feira, 2/9/2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

IBICARAÍ TERÁ UMA FÁBRICA DE CHOCOLATE




Para promover o fortalecimento da agricultura familiar, diminuir a dependência da monocultura e dinamizar a economia regional, o governo da Bahia assina hoje, às 11h, na Câmara de Vereadores de Ibicaraí, um convênio para construção de uma fábrica de chocolate no município.

O empreendimento servirá de referência para implantação de mais quatro unidades industriais nos municípios de Coaraci, Buerarema, Itajuípe e Uruçuca e pretende impulsionar a economia do Sul baiano. O investimento em cada unidade será de R$ 2,3 milhões e o primeiro projeto deve estar pronto em seis meses.

Os recursos são provenientes do governo estadual, prefeituras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e cooperativados e beneficiarão 300 famílias da zona cacaueira.

A iniciativa da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), cujo braço operativo é a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), conta com o apoio da Secretaria da Agricultura (Seagri), da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

RESÍDUO PRODUTIVO


Estudo da Escola Superior de Agricultura, ligada à USP, comprova a eficácia do uso de esgoto tratado na irrigação de plantações. Técnica ainda não tem legislação consolidada no país
Gisela Cabral

A reutilização de esgoto doméstico na agricultura já é realidade em lugares como Israel e Austrália. Enquanto isso, no Brasil, a técnica vem sendo testada no meio acadêmico, pois seu uso comercial exige legislação específica ainda não consolidada no país. Os resultados das últimas pesquisas na área, porém, têm surpreendido os especialistas. Um desses estudos, desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), constatou o aumento em torno de 50% na produtividade de uma cultura experimental de cana-de-açúcar, próximo ao município de Lins (SP). Além disso, a partir da irrigação monitorada, foi possível economizar água, fornecer nutrientes essenciais para a plantação e reduzir impactos ambientais provocados pela deposição de efluentes de esgotos nas águas dos rios.
O pesquisador responsável pelo estudo, Rafael Leal, explica que o líquido resultante das estações de tratamento urbanas, a chamada água residuária, contém elementos que são importantes para a planta como, por exemplo, o nitrogênio. Ele contribui para a formação das proteínas, que são a base de crescimento dos vegetais. "Alguns desses nutrientes, quando lançados nos cursos d'água, podem ocasionar uma proliferação excessiva de algas. Essas plantas podem consumir muito oxigênio, reduzindo a quantidade suficiente para a sobrevivência dos peixes. Já na agricultura, o efeito é benéfico", compara o engenheiro agrônomo. Leal esclarece ainda que, ao contrário do esgoto industrial, o doméstico tem reduzida contaminação por metais pesados, o que possibilita seu uso em plantações.
No estudo em Lins, a reutilização de efluentes reduziu também os custos da produção da cultura experimental de cana da Esalq. Porém, de acordo com o agrônomo, essa redução varia de 30% a 50%, e vai depender do tipo de cultura na qual o método for aplicado.
Praticamente 100% do esgoto do município paulista é tratado por um sistema biológico. Porém, antes do destino final, a água residuária passa por um filtro de areia localizado num patamar mais baixo, que tem o objetivo de conter o excesso de materiais orgânicos. "O intuito é evitar o entupimento do sistema de irrigação com excesso de algas mortas, por exemplo", afirma. Um sistema de bombeamento também foi implementado para conduzir o líquido até a plantação. Para auxiliar no monitoramento da cultura de cana, os pesquisadores ainda contaram com o auxílio de equipamentos como tensiômetros, que servem para avaliar a necessidade de irrigação da área.
Regras
Experimentos baseados em irrigação de culturas com água residuária vêm sendo desenvolvidos pela Esalq desde 2000. Além da cana-de-açúcar, plantações de milho e girassol já foram testadas. Neste momento, a expectativa gira em torno da aprovação de uma legislação específica que libere o uso comercial do método. De acordo com Célia Regina Montes, professora da Esalq e membro do Grupo Técnico de Reuso de Água não Potável, em 2005 foi aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), do governo federal, a resolução nº 54, que estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática.
Conforme a pesquisadora, cada uma das modalidades (cinco, no total), entre elas a agrícola e a florestal, precisa de regras próprias. "Desde 2006, colaboramos com o grupo de trabalho da Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia (CTC), ligada ao CNRH, para a elaboração da resolução específica para utilização agrícola e florestal. A minuta já está preparada e atualmente tramita nos órgãos competentes, em Brasília, para avaliação", explica. O professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Adriel da Fonseca, também reconhece a importância de uma legislação própria. "A técnica é liberada para uso em diversos países. A pesquisa no Brasil, porém, está tão avançada que recentemente recebi um convite de Israel para expor alguns trabalhos", diz.
Fonseca, que acompanha de perto os resultados dos testes feitos em Lins, propôs a irrigação de capim com água residuária e afirma ter conseguido resultados superiores ao da técnica convencional. "A produção chegou a ter uma melhora de 30%. A economia é de até 80% em relação à adubação nitrogenada. Isso significa cerca de US$ 400 por hectare, dependendo de fatores como tipo do solo e planos de manejo", afirma.
Fonte: Correio Braziliense-DF, 02/09/2009

INSUCESSO DO PAC DO CACAU VAI A DEBATE NO SENADO



A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) aprovou nesta manhã (01) requerimento do senador César Borges (PR-BA) propondo audiência pública para debater o “PAC do Cacau” e dos resultados do programa, que não resolveu, até agora, a permanente crise da lavoura na Bahia. Após a iniciativa do senador baiano, foi aprovada uma segunda audiência para debater a situação do cacau em outros estados, como o Espírito Santo e o Pará, a pedido dos senadores Gerson Camata (PMDB-ES) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
César Borges justificou sua iniciativa afirmando que a cultura do cacau na Bahia está em permanente crise, com insucesso de todos os programas criados para alavancar o setor. Segundo o senador, verificou-se ao longo dos anos o empobrecimento completo da região cacaueira de seu estado, que abrange mais de 90 municípios e já levou ao desemprego de mais de 250 mil pessoas. Além disso, informou o senador, os produtores estão endividados.
Deverão ser convidados para a primeira audiência o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o diretor da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Jay Wallace da Silva e Mota, e o superintendente do órgão na Bahia e Espírito Santo, Antônio Zózimo de Matos Costa, além de representante dos produtores de cacau da Bahia. De acordo com César Borges, nos próximos dias ele pretende consultar as entidades do setor para que indiquem o nome que vai participar da audiência pública trazendo a visão dos produtores.

Final - 01.09.2009

AGRICULTURA X IDEOLOGIA

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A moderna agropecuária brasileira é um caso inegável de sucesso.
Apesar disso, há quem diga que nosso modelo está errado
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AS IDEIAS nascem com a finalidade de interpretar a nossa existência e guiar os nossos comportamentos. Com muita frequência na história humana, as condições de nossa existência mudam, mas ideias antigas, mesmo tendo perdido sua relação com o mundo real e se tornado imprestáveis para interpretá-lo e compreendê-lo, conseguem uma sobrevida na mente de algumas pessoas ou grupos sociais. Esse pensamento surge a propósito de alguns discursos políticos que, mesmo confinados a territórios ideológicos restritos, podem eventualmente produzir alguma confusão, apesar de serem irremediavelmente anacrônicos.
A moderna agropecuária brasileira é um caso inegável de sucesso. Parece impossível contestar seriamente esse fato se nos valermos exclusivamente dos dados da realidade.
Enquanto a economia brasileira nos últimos 40 anos experimentou muitos altos e baixos, passando longos períodos de baixo crescimento, a produção rural do Brasil cresceu forte e regularmente durante todo esse tempo.
Na realidade, a produção rural brasileira comportou-se dentro de nossa economia como um mundo à parte. Esse crescimento nos permitiu atender a praticamente toda a demanda interna de alimentos, mesmo com o aumento da população e da renda, e ainda gerar importantes excedentes para exportação, sem o que nossas contas externas teriam sofrido uma dramática inversão, com fortes deficits na balança comercial e as inevitáveis crises cambiais.
A produção agropecuária do Brasil obteve esse desempenho adotando as modernas formas de organização capitalista de produção, empregando as mais novas técnicas e fatores de produção e integrando-se aos mercados e ao processo de globalização.
Apesar disso, há quem continue proclamando que nosso modelo está errado e precisa ser totalmente reformado. Recentemente, por exemplo, o ministro do Desenvolvimento Agrário declarou, referindo-se aos produtores rurais: "(...) esses senhores feudais não podem dispor da terra como quiserem, sem levar em conta a questão da produção de alimentos".
Diante dessas palavras, alguém poderia imaginar que a agricultura brasileira não produz o suficiente para atender a demanda da população, quando a verdade é exatamente o contrário.
O Brasil produz muito mais alimentos do que consome. A prova disso é que os preços agrícolas têm caído sistematicamente em termos reais e ainda produzimos elevados excedentes para exportação. Somos de fato um dos maiores exportadores de alimento do mundo. Será que somos isso, senhores feudais? Essas críticas, na verdade, são fruto de um pensamento puramente ideológico, numa discussão em que o que vale não são os argumentos, mas as identidades políticas.
Essas críticas partem dos que não se conformam com a marcha do mundo, dos que não podem admitir que a agricultura seja principalmente uma atividade produtiva, sensível às leis da economia, orientada para o mercado, o lucro e o crescimento.
Por essa ideologia, com fortes traços de fundamentalismo e nostalgia de um mundo que nunca houve, a unidade natural na agricultura só pode ser a fazenda familiar, que produz segundo métodos tradicionais, sem tecnologia nem insumos modernos, numa escala reduzida que torne desnecessária a contratação de trabalho assalariado.
Seriam formas pré-capitalistas de produção, que trariam de volta as virtudes e as belezas de um passado feliz que o progresso e os mercados estão destruindo. Quem experimentou esse caminho viu-se em sérias dificuldades. A revolução agrária socialista de Mao Tsé-tung matou de fome e privação dezenas de milhões de pessoas, enquanto durou.
Em Cuba, onde estão fielmente cumpridas essas condições idílicas por que lutam certos movimentos agrários, sem propriedade privada da terra, sem insumos modernos, sem fertilizantes e defensivos agrícolas, sem agronegócio e sem capitalismo, 80% do consumo doméstico de alimentos é atendido com importações, e os alimentos mais nobres são racionados ou vendidos no mercado negro.
Será algo assim que devemos querer para nós ou trata-se de algo mais grave -a compulsão para o abismo, que já arrastou tanta gente e tantas nações para os caminhos da insensatez e do desastre?
O mundo e as coisas são como são, e não como os imaginamos em nossa cabeça. Só a economia de mercado pode proporcionar a cada um e a todos a segurança da propriedade e da riqueza adquirida legitimamente e um horizonte de progresso pessoal. As pessoas têm o direito de não ser pobres, inclusive no campo.

KÁTIA ABREU, 47, psicóloga, é senadora pelo DEM-TO e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Fonte: Folha de São Paulo-SP, 29/08/2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

GOVERNO PROPÕE "TROCAR" DÍVIDA POR FLORESTA


Dívida rural poderá ser paga com florestas O governo estuda incentivar o abatimento de dívidas agrícolas e o uso de áreas degradadas para convencer o produtor rural a investir na ampliação de florestas, o Programa Nacional de Floresta Plantada, em debate, prevê dois modelos para a quitação de dívidas rurais: por meio da emissão de títulos lastreados em florestas plantadas ou da venda futura de créditos de carbono. "Precisamos de terra para plantar, usar áreas degradadas e trocar dívidas pelo plantio de florestas", diz o ministro interino de Assuntos Estratégicos, Daniel Vargas.
Mauro Zanatta, de Brasília
O governo aposta em incentivos ao abatimento de dívidas agrícolas e no uso de áreas degradadas para convencer o produtor rural a investir na ampliação de áreas cultivadas com florestas no país. A proposta da Secretaria de Assuntos Estratégicos também cria alternativas para questões de mudanças climáticas, como pagamento por serviços ambientais, e de produção de energia a partir de fontes renováveis. O Programa Nacional de Floresta Plantada, em debate no governo, prevê dois modelos para a quitação da dívida rural dos produtores por meio da emissão de títulos lastreados em florestas plantadas ou da venda futura de créditos de carbono.
Pela proposta, os débitos rurais, estimados entre R$ 36 bilhões e R$ 130 bilhões, seriam equacionados com a constituição de sociedades de propósito específicos (SPEs) controladas por fundos compostos por produtores, indústrias de papel e celulose e outros investidores. Outra opção seria formalizar parcerias de longo prazo entre produtores e indústrias para a securitização de recebíveis das dívidas de produtores em mercado secundários. "Precisamos de terra para plantar, usar áreas degradadas e trocar dívidas pelo plantio de florestas", diz o ministro interino de Assuntos Estratégicos, Daniel Vargas.
Os "sinais do mercado", segundo ele, são de forte demanda no longo prazo. Vargas afirma haver concordância de produtores e ambientalistas em relação à troca de dívidas. "É um projeto "ganha-ganha" e está muito avançado no governo". Os benefícios ambientais seriam relevantes. As reservas naturais do país em florestas plantadas, avalia, poderiam crescer dos atuais 5,3 milhões para 27 milhões de hectares em 2050. E a fixação de gases causadores do efeito estufa superaria 6 milhões de toneladas de CO2 até lá. A expansão dessas florestas em áreas degradadas poderia ocupar 13 milhões de hectares adicionais até 2050.
Os estudos da SAE mostram que o mercado internacional de madeira e derivados passaria dos atuais US$ 230 bilhões para algo entre US$ 560 bilhões e US$ 840 bilhões até 2020. "É um colosso de recursos para aproveitar. Hoje, temos apenas uma fatia de 3,2% disso. Só para manter nossa participação, teríamos que dobrar a produção no futuro", diz Vargas. A receita bruta da indústria, segundo projeções, saltaria de R$ 30,6 bilhões, em 2009, para R$ 168,5 bilhões até 2050. A arrecadação direta de tributos poderia aumentar sete vezes, para R$ 60 bilhões, e a geração de empregos passaria de 710 mil para 1,6 milhão de vagas diretas.
A equipe da SAE tem mantido conversas reservadas com BM&F-Bovespa, Banco do Brasil, Ministério da Fazenda, Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e empresas de base florestal e siderúrgicas para acertar os detalhes dos modelos do novo programa. O governo aposta em um mercado "sólido, crescente e comprador" no longo prazo.
Parte dos ambientalistas vê como positiva a iniciativa do governo. "Finalmente, começamos a cruzar a política de crédito agrícola com as políticas ambientais. Resta ver se haverá o vínculo mais importante, que é a regularização", diz Ana Cristina Barros, representante da The Nature Conservancy (TNC) no Brasil. Embora não tenha detalhes da proposta nem tenha sido consultada, a dirigente da ONG argumenta ser importante a criação de estímulos à regularização das propriedades, como o cadastro rural e o reflorestamento de áreas de Reserva Legal (RL) e de Preservação Permanente (APP).
O abatimento de dívidas em troca do cumprimento do Código Florestal, porém, é polêmico. Na avaliação de parte da sociedade civil, trata-se de "recompensar" aqueles que não cumpriram a lei. A TNC rejeita essa posição. "Estamos falando, na verdade, de algo adicional, de uma remuneração por serviços ambientais prestados", diz Ana Cristina, referindo-se à regulação do clima e à manutenção da água, entre outros pontos, garantidos pela floresta de pé. "Não vejo problema em pagar para a regularização. O governo não pagou para recolher armas ilegais? Por que não pode pagar para as florestas?"
A proposta do governo soa bem aos ouvidos de especialistas. A produção da indústria de base florestal cresceu 6% ao ano nos últimos 15 anos e precisa elevar a base produtiva para atender à crescente demanda. O preço da madeira registrou valorização de 250% desde 2000. Os estímulos ao produtor são atraentes.
"É um investimento sem vínculo com ativos financeiros, elimina problemas de armazenagem e dá ganhos de apreciação da terra", resume o consultor Marco Tuoto, da paranaense STCP Engenharia de Projetos. Mas há desvantagens. "O período de maturação é longo, resulta em baixa liquidez e imobilização de ativos, como a terra". O modelo serviria melhor, diz, para produtores das regiões Sul e Sudeste do país, além do sul do Nordeste. O eucalipto demora sete anos para maturar. O pinus leva entre 18 e 20 anos e a teca, de 20 a 25 anos. Incentivos como adiantamentos de recursos para plantio e certificação e monitoramento da produção seriam importantes para estimular a entrada de produtores rurais no negócio.
(Colaborou Bettina Barros, de São Paulo)
Fonte: Valor Econômico-SP, 01/09/2009

MARINA CRITICA LULA PO MP QUE REGULARIZA TERRAS NA AMAZÔNIA


Ex-ministra do Meio Ambiente aponta "retrocesso" do governo na área ambiental após sua saída do ministério
Silvia Amorim

Um dia depois de oficializar sua filiação ao PV, a senadora Marina Silva deu sinais ontem sobre o tom do discurso que poderá adotar numa eventual campanha presidencial, atingindo em cheio o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ex-ministra do Meio Ambiente, Marina criticou o governo na área ambiental após seu desligamento do ministério. "Alguns retrocessos aconteceram depois dessa saída. A medida provisória que transferiu 67 milhões de hectares de terras na Amazônia para particulares quando precisávamos de apenas 7 milhões para atender 80% dos posseiros, foi algo muito preocupante e, no meu entendimento, um retrocesso", afirmou a senadora, em entrevista ao Programa do Jô, na Rede Globo, que seria exibido ontem à noite.
A senadora referiu-se à Medida Provisória 458, aprovada neste ano, para regulamentar a situação fundiária na Amazônia Legal. Na época, ainda filiada ao PT, ela foi contra o texto. Ontem, Marina voltou a carga contra a medida e afirmou que a decisão do governo poderá levar a um aumento do desmatamento na Amazônia. "O desmatamento corre sério risco de crescer", avaliou.
Mais adiante a senadora citou outro caso em que considera ter ocorrido um prejuízo ao trabalho que vinha sendo conduzido por ela à frente do ministério. "Algumas outras pedras, como a proteção do patrimônio espeleológico do Brasil, que são as nossas cavernas, isso já retrocedeu", destacou.
Apesar do discurso afiado contra o governo, de um aumento de sua exposição à mídia nos últimos dias e do clima de lançamento de sua candidatura anteontem no evento de filiação ao PV, Marina repetiu que não está nada decidido sobre uma candidatura à Presidência da República. "Candidatura é algo a ser discutido em 2010", disse.
Indagada após a entrevista pelos repórteres se apoiaria o PT num eventual segundo turno, depois de toda a sua trajetória no partido, Marina desconversou. "Por que você está eliminando meu partido no primeiro turno? Não tem sentido sua pergunta", afirmou.
REALIZAÇÕES
Durante o programa, a senadora destacou ações tomadas em sua gestão no governo Lula. "O que eu fiz durante os cinco anos em que fiquei no governo foi um esforço muito grande de que essa questão fosse considerada pelo conjunto do governo. Alguns ministérios foram parceiros. Outros foram resistentes", disse, referindo-se à política do crescimento sustentável, uma das suas bandeiras. "É preciso uma nova proposta. A questão da sustentabilidade não existe em país algum. Nenhum partido assumiu isso como algo estratégico. O que se está propondo é que isso passe a ser assim."
Na artilharia contra o governo Lula, a senadora poupou o atual ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. "Obviamente que o ministro Minc é um ambientalista e está fazendo também seu esforço interno."
A parte final da entrevista com Jô foi dedicada à história de vida da senadora. Analfabeta até os 16 anos, ela contou como aprendeu a ler e escrever e as dificuldades que teve. "A professora me chamou de ?abestada? e todo mundo riu. Eu fiquei muito envergonhada e pensei que nunca mais entraria numa sala de aula. Mas eu fui e no final do ano, dos 46 alunos, passaram 3, entre eles estava eu." A senadora falou também do trabalho na adolescência nos seringais no Acre e do seu desejo de ser freira antes de iniciar na militância política. No fim da entrevista, Jô fez votos de que a ministra tenha muita saúde para enfrentar a próxima eleição, sem mencionar o cargo. "Deus te ouça", agradeceu.
Fonte: O Estado de S.Paulo-SP, 01/09/2009

UMA OFENSIVA CONTRA OS AGROTÓXICOS

Anvisa e deputados paulistas avaliam retirar do mercado substâncias proibidas em outros países
Luciana Abade
BRASÍLIA A luta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tirar do mercado brasileiro 14 princípios ativos presentes em mais de 200 agrotóxicos pode ganhar um novo aliado: a Assembléia Legislativa de São Paulo. O deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) protocolou ontem um projeto de lei que determina a retirada desses 14 produtos em todo o estado de São Paulo a partir de 1º de janeiro. A maioria dos princípios ativos - abamectina, acefato, carbofurano, cihexatina, edossulfam, forato, fosmete, glifosato, lactofem, metamidofós, paraquate, parationa metílica, tiram e triclorfom já é proibida nos Estados Unidos, Japão, Canadá e alguns países da Comunidade Européia.
Levantamento recente feito pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Anvisa constatou a presença de acefato, endossulfam e metamidófos em amostras recolhidas de abacaxi, alface, arroz, batata, cebola, cenoura, laranja, mamão, morango, pimentão, repolho, tomate e uva.
Pioneiro - Vamos dialogar com o governador José Serra para assim como foi com a lei antifumo e com a proibição do amianto na construção civil, o estado de São Paulo seja pioneiro nessa luta - afirmou o deputado.
- Não podemos usar produtos que favoreçam o agronegócio em detrimento da saúde. Temos no estado 18 institutos de pesquisa e três universidades de ponta. Podemos desenvolver produtos que favoreçam a produção sem prejudicar a saúde da população.
A proposição obriga as unidades de saúde das redes pública e privada a notificar todos os casos de doenças e óbitos ocasionados pela exposição a qualquer tipo de agrotóxico sob o argumento de que as ocorrências são subnotificadas. No Brasil, a segunda causa de intoxicação, depois de medicamentos, é por agrotóxicos.
Quem infringir as novas regras está sujeito às penalidades previstas no Código Sanitário do estado que vão desde advertência ao cancelamento de licença de funcionamento da empresa e até invenção. As multas podem chegar a R$ 150 mil.
- O uso desses produtos é responsável por uma forte incidência de câncer. Precisamos proteger a população que está desprotegida e desinformada - ressaltou o autor da proposta. - E o estado de São Paulo deve ser responsável por 40% dos US$ 7 bilhões que o mercado de agrotóxico movimentou no país no ano passado.
No Brasil, o registro de um agrotóxico é eterno. A reavaliação toxológica ocorre quando novos estudos apontam o perigo que esses produtos podem trazer à saúde. A reavaliação dessas 14 substâncias estava prevista na Agenda Regulatória da Anvisa desde 2007, mas uma série de ações judiciais impetradas pela indústria do agrotóxico em 2008 impediram o processo. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag), por exemplo, entrou na Justiça para conseguir a suspensão da reavaliação de nove ingredientes ativos.
Com o apoio do Conselho Nacional de Saúde e da AdvogaciaGeral da União, a Anvisa conseguiu recentemente reverter as decisões judiciais para reavaliar as substâncias, mas ao contrário do previsto, não foi possível finalizá-las até junho. Até o momento, apenas a cihexatina será retirada do mercado brasileiro. O produto deve estar banido até novembro de 2011.
Ferramenta Por meio de nota, o setor de agroquímicos, representado pelas entidades Andef, Andav, Sindag, Abifina e Aenda, admitiu que o instituto da reavaliação é condição essencial para que a sociedade possa se beneficiar, com segurança toxicológica, ambiental e agronômica, do uso dessa tecnologia como ferramenta para a produção agrícola brasileira. Mas que no Brasil esse processo tem sido realizado com "imperfeições que implicam a perda de qualidade". Entre as mais evidentes, o setor cita que a Anvisa, ao relacionar as 14 substâncias a serem reavaliadas, não atendeu a nenhum dos requisitos previstos no Decreto 4074 que trata da reavaliação de produtos. E que os documentos que embasaram as reavaliações deveriam ficar à disposição dos interessados, o que não ocorre.
O uso desses produtos é responsável por uma forte incidência de câncer.
Precisamos proteger a população Simão Pedro deputado estadual (PT-SP)
Fonte: Jornal do Brasil, 01/09/2009

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Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

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