sexta-feira, 29 de maio de 2009

ACERCA DA NOTA TÉCNICA DA CEPLAC

"NEM TANTO AO MAR, NEM TANTO À TERRA"
No momento, após divulgação da Nota Técnica da CEPLAC, mesmo com as divergências existentes sobre o que foi apresentado, não podemos deixar de testemunhar avanços, com a mudança de postura existente. Não adianta apenas tentar denegrir, sem acrescentar fatos ao que foi feito. Jogar pedras é fácil, no entanto corrigir a parte errada é o que a todos interessa, principalmente depois de demarcar uma época de imobilismo, caracterizada por um vazio de atitudes e promessas não cumpridas. Também não gostei do corpo da NT – por demais extenso e sem usar o poder de síntese, se tornou enfadonho, ao obrigar varias vezes retroagir, para entender o pensamento muitas vezes repetitivo, antagônico e incoerente. Possuidora de um suspense excessivamente incomodo, a versão da “água com açúcar” que se comentava a boca pequena seria servida, chegou, vindo com formato que conta boa parte da história, porém omite pedaço considerável relativo à culpabilidade. Houve pecado ao não assumir e vacilo de recomendações técnicas, porém incisiva nas recomendações finais, pois coaduna com os princípios básicos que devem nortear a construção de uma NOVA CACAUICULTURA – sugerindo efetuar uma cesta com os atuais débitos, com redutores horizontais para todos, jogando tudo para frente, financiando o INVESTIMENTO preciso para se começar do começo, e fornecer o TEMPO necessário a se atingir a plenitude produtiva, com vencimentos progressivos, para possibilitar a todos pagarem, com receitas - dentro da CAPACIDADE de PAGAMENTO individual -que possibilitem margens para quitação do passivo. Isso sem esquecer o custeio, anualmente necessário para promoção da produção, como é feito habitualmente para todas as culturas. GARANTIA - poderá ser PROGRESSIVA, com o crescimento, desenvolvimento e valorização das plantações, ano após ano. Ninguém de sã consciência poderá dizer que a NT preenche as medidas com tudo que se desejava – inclusive as audiências públicas efetuadas, com a reunião de encerramento – onde se pontuaram ações, levemente citadas e não aprofundadas como prometido. Exemplo maior é a auto-incompatibilidade verificada nos descendentes do SCAVINA, quando até as declarações do Dr. Basil Bartley, não imaginava, surgiriam em F2 e F3 AUTOCOMPATÍVEIS (segunda e terceiras gerações), que hoje é consenso serem utilizados com resultados positivos. Ao contrário dos materiais botânicos determinados, que são excelentes produtores de flores, sem frutificar o necessário para pagar o seu investimento e quiçá o seu custo operacional. Existem exemplos de fazendas bem cuidadas, com aplicação de tecnologias além do recomendado e com investimentos custeados com RECURSOS PRÓPRIOS, que deixaram os seus proprietários verdadeiramente “depauperados”, “a ver navios”, ou outro nome que se dê, para quem ficou prejuízo, perdeu tempo e jogou dinheiro fora. O “mea culpa” não apareceu do modo enfático esperado, quando a carapuça foi colocada nas secas – quando pereceram muitas roças e ficaram prejudicados os índices de produção e produtividade; preços baixos – quando as cotações bateram no fundo do poço, com oitocentos e poucos dólares por tonelada; falta de crédito - com o Brasil no FMI, e consequente final dos ACC (Adiantamento de Contrato de Cambio, que irrigavam o sistema com recursos constantes), somada a suspensão do credito para custeio, TUDO promoveu a descapitalização acentuada e a carência de recursos para se tocar às roças, quando finalmente a VB, que depois de INTRODUZIDA, deixou um rastro de devastação, penúria e nível verdadeiramente falimentar para os cacauicultores, principalmente os que dependem única e exclusivamente da produção de suas roças, sem possuir empregos ou receitas de outras atividades para garantir a sobrevivência, inclusive alguns poucos bem aquinhoados - que possuem capital excedente no fim do mês, para efetuarem os investimentos necessários à transformação dos cacauais, nos moldes que demonstram a viabilidade da cultura. Se a CEPLAC PECOU NO TEXTO da descrição da NOTA TÉCNICA, considero que AVANÇOU nas RECOMENDAÇÕES, o que certamente servirá de balizamento para definir qualquer atitude governamental na condução de uma POLÍTICA REALISTA para a cacauicultura baiana. De há muito NADA esperava de gente que gritou em praça pública, que os produtores de cacau queriam dar CALOTE no que deviam, enquanto sempre acreditei serem pessoas laboriosas, bem intencionadas e que aguardam -por mais de vinte anos, as autoridades acordarem para fornecer as condições necessárias a todos alcançarem uma produção digna, conquistada com o suor do seu rosto. Sem desejar ferir suscetibilidades, até prova em contrário – é o que penso.
GERALDO DANTAS
Itabuna, 28.04.2009

4 comentários:

  1. Concordo em tudo com o autor do excelente texto.A Ceplac errou feio em não assumir os erros de suas nefastas recomendações!
    J.C.A.

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  2. Na Nota Técnica da Ceplac há uma afirmação de que a CEPLAC construiu sistemas de controle integrado da enfermidade garantindo níveis satisfatórios de produtividades, gostaríamos de saber qual o nível satisfatório de produtividade conseguido?

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  3. Eu, como muitos, tomamos financiamento em mais de uma etapa minhas terras foram hipotecadas aos Bancos. Pagaamos preço alto do pioneirismo,de ser cobaia!E agora tenho que substituir os clones da Ceplac por outros dos produtores AC Estou individado,e com o meu patrimônio praticamente perdido. As parcas receitas que ainda tenho não pagam o que devem. Nem tampouco as receitas são capazes de manter as lavouras.O que é qeu faço?!
    Gerson Cabral Faz. Conjunto Santa Bárbara

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  4. È vdd...nos queremos uma Nota Técnica que seje verdadeira! a que veio a público traz as tintas da iniquidade corporativista, de um orgão que ja foi nosso orgulho!
    Pedro Mendoça - Faz. Santa Helena

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