sexta-feira, 1 de maio de 2009

CIGARRINHA DAS PASTAGENS

As cigarrinhas são uma das principais pragas das pastagens. Causam grande prejuízo à pecuária nacional, reduzem a capacidade de suporte e degradam pastagens formadas pelas mais diversas gramíneas em vários pontos do território nacional. Estima-se que elas ocorrem em cerca de 10 milhões de hectares de gramíneas, provocando prejuízo de até 90%, dependendo das espécies, do tipo de gramínea, das condições climáticas e do manejo do pasto. A diferenciação das espécies é feita na fase adulta. a Deois flavopicta apresenta duas listras transversais amarelas em cada asa e o corpo avermelhado (Figura 1).

Deois flavopicta

A espécie Zulia entreriana possui uma maior variabilidade no padrão alar, que vai desde uma coloração escura com uma listra transversal em cada asa até a formação triangular de três faixas amarelas em cada asa.
FASES DE DESENVOLVIMENTO
As cigarrinhas, durante o desenvolvimento, passam por três diferentes fases: ovo, ninfa e adulto. Na fase de ovo, quando as condições de umidade e temperatura são baixas, entram em diapausa (quiescência), podendo permanecer nesse estágio até 200 dias.
Na fase jovem, (ninfas) não possuem asas, são de coloração branco-amareladas e permanecem fixas na base das plantas, próximo ao solo, sugando a seiva e produzindo espuma branca típica(Figura 2), que envolve todo o seu corpo até a emergência dos adultos.
Espuma em que são encontradas ninfas das cigarrinhas
Na fase adulta, três ou quatro dias após a emergência, a fêmea começa a desovar, sendo que na 1ª postura coloca cerca de 30 a 50 ovos. O ciclo de ovo a ovo varia com as diferentes espécies, mas, em geral, dura ao redor de 60 dias (Tabela 1).

TABELA 1 - Ciclo biológico de Zulia entreriana(Berg.)Deois flavopicta(Stal) e Deois schach(Fabr.)(Alves, 1986).


O número de gerações (2 a 4) depende da duração desse ciclo de vida e da duração do período chuvoso. Para o Estado de São Paulo, o pico populacional ocorre entre fevereiro e março, sendo que os ovos colocados a partir de abril entram em quiescência por falta de umidade adequada do solo. Portanto, essa flutuação é dependente do balanço hídrico da região.
DANOS ÀS PASTAGENS
As cigarrinhas causam danos em diversas gramíneas utilizadas em pastagens, sendo as mais importantes pertencentes aos gêneros Brachiaria, Panicum e Cenchrus. As ninfas, persistem por mais tempo em contato com as plantas e são as principais depauperadoras das gramíneas na fase inicial, sugando a seiva continuamente, desde a eclosão dos ovos até a fase adulta. Devido ao hábito de sugar a seiva continuamente, as ninfas depauperam rapidamente a planta causando seu desequilíbrio hídrico e obrigando-a a absorver um volume maior de água do solo. Os adultos também sugam a seiva das plantas e ao mesmo tempo injetam uma substância tóxica que causa o bloqueio do floema e xilema. Sob pastejo e atacadas pelas cigarrinhas, as plantas, após um certo período começam a amarelar, o que resulta na "queima" de toda a pastagem e na diminuição de sua capacidade de suporte. Calcula-se que 25 cigarrinhas adultas por metro quadrado, em 10 dias, reduzem em 30% a produção do pasto atacado. Em média admite-se prejuízo de 15% na produção de massa verde. Acredita-se que o controle deve ser iniciado após a constatação de uma população média entre 20 e 25 ninfas grandes por metro , para se evitar grandes danos econômicos.
MANEJO DAS PASTAGENS
Az medidas seguintes tem como objetivo minimizar o ataque, ou diminuir a incidência das cigarrinhas nas pastagens.
NA INSTALAÇÃO DA PASTAGEM: - preferir a diversificação de espécies forrageiras, mantendo-se pelo menos 30% de espécies resistentes e 70% de espécies suscetíveis (Tabela 2); - para solos mais férteis recomendam-se, como resistentes, os capins Jaraguá, Colonião, Setária, Estrela, Brizantão; - para solos pobres, os capins Gordura e Andropogon; consorciação de gramíneas e leguminosas.
PASTAGENS ESTABELECIDAS: - dividir em piquetes, adotando-se pastejo alto, com rotação e rodízios adequados, observando-se as recomendações de altura do capim; - manutenção de áreas de refúgio para predadores (matas e capoeiras) ao longo das grotas e manutenção de faixas de vegetação nativa e/ou espécies de plantas que forneçam alimentos e abrigos a pássaros insetívoros (anu, bem-te-vi, andorinha, galinha-de-angola) e também outros grupos de predadores, como aranha e insetos.
TABELA 2 - Nível de resistência à cigarrinhas das pastagens, das gramíneas disponíveis comercialmente (adaptado de Cosenza, 1981).


CONTROLE BIOLÓGICO
Para o controle das cigarrinhas, devem-se evitar: a) queima das pastagens; b) pastejo excessivo ou superpastejo; c) utilização de inseticidas; d) aplicação do fungo Metharhizium em áreas que receberam fungicidas ou herbicidas (NAVES, 1980). De-marcar as áreas de maior infestação na época do pico populacional (fevereiro), quando haverá maior concentração de ovos no solo. A partir de novembro (1ª geração da praga), devem-se realizar amostragens, com rede entomológica nos fogos anteriormente demarcados e, quando se constatar a presença dos primeiros adultos, fazer aplicação com inseticida. O controle biológico ou microbiano é realizado com aplicações do fungo Metharhizium anisopliae (produto Metarril), executadas com o aparecimento da segunda e terceira gerações de ninfas, que constituem a fase mais suscetível do ciclo biológico do inseto, utilizando-se de preferência, pulverizadores terrestres (200 a 300 litros de água /hectare). Este controle torna-se mais eficaz se for executado em pastagens com 25 a 4 0 cm de altura, com objetivo de evitar a ação indesejável da radiação ultra violeta sobre o fungo. Condição de elevada umidade, seguida de veranicos, e temperatura na faixa de 25° a 27°C são também indispensáveis para obtenção de bons resultados no controle. Vários fatores influenciam a ação do fungo, entre os quais as condições microclimá- ticas da região, raça do fungo, quantidade do produto e manejo da pastagem. É necessário considerar esses aspectos a fim de obter êxito no tratamento biológico. De acordo com ALVES (1998), o fungo Batkoa ocorre naturalmente sobre as cigarrinhas das pastagens, podendo ser disseminado com o uso de cadáveres das cigarrinhas. Trata-se de fungo muito eficiente.
Eng.ª Agr.ª Heloísa Sabino PratesSAA/CDA - Campinas - SP

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