sábado, 2 de maio de 2009

Polinização artificial em cacaueiro

José Eduardo Mamédio
(Parte do Relatorio de Estágio realizdo na Vale do Juliana Fazendas - Igrapiúna - BA)

A polinização artificial em cacaueiro é realizada em função da baixa produtividade hoje existente causada pela clonagem, na sua maioria, com material genético incompatível. Tem o objetivo de aumentar a quantidade de frutos por planta (de acordo a capacidade de cada planta) aumentando a produtividade da área.
O Programa de Polinização Manual em cacaueiros começou a ser realizado na Vale do Juliana Fazendas (VJF) há aproximadamente oito anos (2001), tendo como objetivo a elevação e/ou antecipação da produtividade dos cacaueiros clonados. Inicialmente foram treinados, por colaboradores da Ceplac, parte dos Parceiros Agrícolas, seus familiares e os Técnicos Agrícolas (Empresários Parceiros), visando formar multiplicadores. No segundo semestre de 2002, após os testes realizados no ano anterior, chegou-se à conclusão de que o programa era viável, podendo assim ser multiplicado em todas as glebas da VJF. Hoje a polinização artificial é feita pelos próprios parceiros e suas famílias, principalmente mulher e filhos com idade acima de 16 anos.

É uma prática que exige boa visão e coordenação motora, pois as flores do cacaueiro são pequenas e bastante sensíveis. A polinização manual é realizada com uma pinça comum, de ponta fina, para retirar o pólen da flor doadora e depositar no estigma da flor receptora; um tubo de isopor para acondicionar as flores doadoras de pólen; e fita leitosa para marcação da plantas e quantidade de flores polinizadas. As flores doadoras de pólen são coletadas no mesmo dia da prática e a polinização sempre é feita nas horas mais frescas do dia, de preferência pela manhã.



Naturalmente a polinização das flores do cacaueiro é feita por pequenas moscas da família Díptera, gênero Forcipomya. Esses insetos/mosquinhas, por serem larvas semi-aquáticcas, se reproduzem na natureza em locais do tipo bromeliáceas, pseudo-caules de bananeira, detritos orgânicos e cobertura morta. Sendo assim, evitar a destruição destes locais e redução da aplicação de agrotóxicos é de suma importância para uma maior produtividade das plantas. Outro inseto que também colabora com a polinização é uma pequena formiga denominada caçarema (Azteca chartifex), que expele uma substância que atrai os insetos polinizadores.

O modelo seguido na empresa estabelece a realização da polinização artificial de no máximo 40 flores por planta, utilizando pólen de cacaueiros autocompatíveis em especial da variedade Catongo (flor branca), no período de 7 meses no ano (março, abril, maio, junho, outubro, novembro e dezembro), época com maior número de flores viáveis. Um homem poliniza em média 350 flores por dia, com índice de pegamento de 50% (avaliado de 7 a 15 dias após a realização da prática) e índice de sobrevivência de 70%. Em média, cada 900 flores polinizadas resultam em 1 @ (arroba*) de cacau seco colhida.
*1@ de cacau equivale a 15 kg de amêndoas secas
Breve Revisão Bibliográfica
Apesar do cacaueiro apresentar flores hermafroditas e homógamas, sua polinização se limita quase exclusivamente ao concurso de algumas espécies de micromoscas Forcipomyia, embora insetos tais como tripes, formigas e afídeos possam promover polinização acidental (Chapman; Soria, 1983) citado por Dias, 2001.
A polinização artificial no cacaueiro tem sido estudada na região cacaueira da Bahia, principalmente, para verificar o grau de compatibilidade entre plantas que apresentam tolerância à doenças (Pinto,1998). Em se tratando de polinização, Dias (2001) destaca que o número de pólen por flor é cerca de 14 mil e, recomenda uma leve fricção no estigma com até três anteras. Na produção comercial de frutos é uma técnica controversa para uso rotineiro, pois depende do preço do produto, do operador, do clone e das condições ambientais. O índice de pegamento na polinização artificial em geral é inferior a 20% (Sodré et al., 2003).
Sodré et al. (2003) concluíram em seu trabalho que semelhanças estruturais do estilete, ovário e estigma, identificadas através de técnicas em microscopia eletrônica, sugerem que os grãos de pólen podem germinar nesses pontos e não apenas no estigma da flor do cacaueiro, aumentando desta forma a eficácia no pegamento ao se fazer a polinização artificial também nestes pontos.

Referências Bibliográficas
DIAS. L. A. S. Melhoramento Genético do Cacaueiro. FUNAPE, UFG, Viçosa, MG, 2001, 578 p.
PINTO, L.R.M & PIRES, J.L. Seleção de Plantas de Cacau Resistentes à Vassoura-de-bruxa. Ilhéus. CEPLAC/CEPEC.1998. Boletim Técnico nº 181.
SODRÉ, G. A. et al. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) para estudo de características morfológicas da flor do cacaueiro. Agrotrópica, v. 15, nº 3, 2003, Ilhéus, BA, Brasil, CEPLAC/CEPEC.

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