sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A HORA DA SEGUNDA REVOLUÇÃO VERDE


Marc Reichardt

A abundância de alimentos nas grandes cidades faz um importante contraste com a segurança alimentar da população mundial. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), é necessário um aumento de 70% na produção agrícola para que se consiga alimentar os bilhões de habitantes previstos para 2050. Os preços de arroz, trigo e milho do passado recente já causaram uma crise de abastecimento. Hoje os preços voltaram a baixar, mas continuam acima da média. É mais do que necessário debater e colocar em prática ações para minimizar impactos totalmente previsíveis.
Estatísticas indicam que, em breve, o mundo terá quase um bilhão de pessoas passando fome e se forem mantidas as atuais técnicas de cultivo o problema será muito maior. Sabe-se que em 1950 havia 0,52 hectare de terra cultivada para cada habitante e esse número está em queda. Hoje está em torno de 0,25 ha/pessoa e deverá chegar em 0,16 per capta em 2050.Vem caindo vertiginosamente a proporção de terra agriculturável por pessoa. Apenas 40% da terra per capita disponível para plantar alimentos em 1950 estarão disponíveis para o mesmo fim em 2050.
Desde 2005 vem ocorrendo uma alta dos preços dos grãos, com a crescente demanda por alimentos. Sem contar os problemas de falta de água e de terras, das crescentes inundações e secas, além dos problemas energéticos, insumo essencial para o trabalho das máquinas agrícolas e tratamento de grãos. Para se aumentar a produção de alimentos também é necessário aumentar a geração de energia, muitas vezes conseguida com a própria produção de culturas como a cana-de-açúcar. Como agravante, há o aumento populacional e mudança nos hábitos alimentares - em especial na China - onde o aumento do consumo de proteína animal reflete automaticamente no aumento da quantidade necessária de ração para alimentar os animais. Nas décadas de 60 e 70, houve uma grande melhoria na produtividade agrícola, principalmente nos países menos desenvolvidos. Este desenvolvimento ficou conhecido como "a revolução verde". Durante este período, iniciou-se o uso de sementes melhoradas, particularmente as híbridas, insumos industriais, como fertilizantes e defensivos, da mecanização e diminuição do custo de manejo, assim como o uso extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação, na colheita e no gerenciamento da produção. Foi importante para aquele momento.
Mas o desenvolvimento econômico e humano acontece em saltos exponenciais. A crise agrícola e alimentar que se avizinha deve obviamente ser cuidada pelas políticas governamentais e ações mundiais da ONU. Mas as políticas globais devem ser direcionadas para o fortalecimento do abastecimento de forma sustentável. E mais do que nunca devem contar com a importante e inestimável colaboração das companhias voltadas para pesquisa e desenvolvimento de novas soluções para o aumento de produtividade dos cultivos.
Ao se manter o uso das tecnologias agrícolas convencionais, pode-se esperar um aumento de apenas 2% ao ano na produção de alimentos. E sabe-se que as áreas de cultivos não tratadas perdem 50% de produtividade com ataques de insetos, fungos e plantas daninhas. É preciso aumentar muito a produtividade para alimentar a população dos próximos 40 anos, com produtos de alta qualidade a preços compatíveis. E os preços dos alimentos só serão menores com o aumento da produção.
Por isso, é urgente uma "segunda revolução verde"! O desejado aumento de 70% na produção de alimentos só será alcançado com o uso de todas as tecnologias disponíveis. É preciso incentivar a rotação de culturas, a irrigação consciente, o uso de novos e inovadores defensivos agrícolas, sementes com maior potencial de rendimento, além da fundamental implantação da biotecnologia agrícola.
De acordo com o Grupo Consultivo em Pesquisa Agrícola Internacional, o uso da biotecnologia vegetal permitirá um aumento do potencial produtivo em 25%. Não podemos alcançar a segurança alimentar sem o uso da engenharia genética. Ela permitirá uma segunda revolução verde.
É urgente uma "segunda revolução verde" para aumentar a produtividade da agricultura.
Marc Reichardt-executivo

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