segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A REFORMA AGRÁRIA

Dimpino Carvalho*

O país tem uma legislação clara e bem definida com referência à propriedade privada, ponto alto dos sistemas econômicos capitalistas como o do Brasil. Negar ou desconhecer a necessidade urgente de uma reforma agrária no País, não deve passar pelo pensamento de ninguém. Mas, entre a necessidade de se fazer a reforma agrária ideal, fundamentada em princípios científicos, de forma correta, objetiva e transparente e a realidade concreta do dia a dia em que vivemos, há um espaço bastante grande que passa obrigatoriamente pela vontade política, pela clareza da identificação ideológica dessa reforma e, principalmente, para alcançar o fim a que ela se destina.

O caminho que vem sendo percorrido pelas partes, sem terra e governo, não vai chegar a um ponto comum que possa satisfazer as reais necessidades dos envolvidos (sem terra, propriedade privada e governo). A instabilidade e insegurança vivida hoje no campo, vêm tomando forma e dimensão que vislumbram um quadro bastante desgastante para uma sociedade tradicionalmente formada e identificada com a convivência harmoniosa e pacífica entra as pessoas.

Mudar o rumo desse movimento reformista que o povo brasileiro assiste estarrecido é dever supremo do chefe do governo, a não ser que o seu comando tenha interesse oculto na condução do problema como ele se apresenta. Na Câmara tem um grupo de deputados identificados com os problemas que envolvem e agonizam a agricultura. A eles cabe analisar o perigo que rodeia a sociedade como um todo e a responsabilidade de sensibilizar os envolvidos, sem terra e governo, para encontrar os mecanismos da ordem.

Os deputados que retiraram suas assinaturas para a instalação da CPI, campo próprio para a discussão civilizada e democrática de problemas dessa magnitude, deram uma demonstração de insensatez não própria de políticos comprometidos com as causas públicas. São, dessa forma, inconvenientes na função.

O que presenciamos, nesse momento, é a confirmação de que os produtores rurais do Sul da Bahia têm necessidade de representações legítimas retiradas do âmago da categoria. Os deputados de aluguel, se alugam. Já, os legítimos representantes das causa com as quais se comprometeram e foram eleitos, dificilmente fogem a responsabilidade, principalmente, nos momentos decisivos.

Entre os líderes dos produtores de cacau há muitos homens de valor que precisam compreender que a atividade política, quando exercida com dignidade, enobrece o cidadão. Se o mundo político está cheio de políticos ausentes aos princípios fundamentais da ética e da moral, é justamente por falta de valores nos partidos políticos, que clamam e lutam para preencher seus quadros com cidadãos sérios e comprometidos com os problemas econômicos e sociais e não os encontram. A ausência de valores nos partidos políticos deixa espaço à disposição daqueles que recuam quando os seus representados carecem de suas representações.

O instante político brasileiro precisa ser analisado, refletido e o comando mais alto encarar com seriedade o rumo que ele está tomando. O populismo, a irresponsabilidade, o imobilismo, o não vi, não sei, não é a atitude mais coerente para o momento.
Enfrentar com determinação o anarquismo e dar sentido científico à supostamente pretendida reforma agrária e ocupar o espaço próprio na condução do problema, diante do conflito que pode se avizinhar, é dever supremo e inalienável do chefe do Estado.

*é agricultor- Membro da Lista do Cacau e sócio da APC

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Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

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