quarta-feira, 14 de outubro de 2009

VIRANDO A PÁGINA

CREIO QUE podemos deixar para trás o diário da crise e voltar as atenções para uma nova agenda de desenvolvimento que se abre à nossa frente.
Há uma conjunção de fatores, internos e externos, oferecendo ao Brasil a oportunidade de recuperar o desenvolvimento e manter um ritmo de crescimento de 6% ou 7% do PIB ao ano nas próximas duas décadas.
Ao contrário da maioria dos países, estamos chegando ao final do ano sem queda no PIB e já entramos em 2010 crescendo a uma taxa anual de 4,5%.
O que vai determinar o ritmo de desenvolvimento econômico (não apenas o brasileiro) será a capacidade dos países de entender a mudança da agenda industrial, uma nova revolução em andamento, que passa pelo campo da energia. O avanço das tecnologias para substituir combustível de origem fóssil pelas fontes renováveis é cada vez mais rápido nos Estados Unidos e em países europeus como a Alemanha e os escandinavos.
O crescimento vai depender da inovação, da utilização das tecnologias que vão produzir cada vez mais energia limpa e renovável. Algumas vantagens brasileiras são evidentes, desde que garantimos a autonomia nos dois campos vitais da energia e da alimentação. Na energia, com a tecnologia de ponta que desenvolvemos (e estamos aperfeiçoando) na produção do etanol.
E pelo fato de que temos um percentual elevado de oferta de energia limpa das hidrelétricas, que será ampliado graças à construção das novas usinas, inclusive nos rios amazônicos. Estes fatores nos permitirão organizar a exploração das reservas de petróleo do pré-sal de modo a garantir a autonomia energética pelos próximos 25 ou 30 anos. Seguramente, poderemos utilizá-las na indústria química, que nos ajudará a substituir materiais importados, e na oferta de insumos para o aumento da produtividade no setor agropecuário.
O Brasil precisará direcionar seus investimentos em tecnologia para não perder o passo das mudanças profundas no processo da produção industrial que dominará o primeiro quarto deste século 21.
E não pode abandonar a urgência dos projetos do PAC no campo do transporte: o crescimento da produtividade do nosso setor agrícola depende da reconstrução da malha viária, de sua expansão para atender as novas fronteiras e de investimentos nos portos, especialmente. A manutenção dessas prioridades (infraestrutura dos transportes e hidreletricidade) e nos investimentos em tecnologia para a produção da energia alternativa (biomassa, eólica e solar) é fundamental para atingir rapidamente os objetivos de um crescimento anual superior a 5%, sustentável.

contatodelfimnetto@uol.com.br
ANTONIO DELFIM NETTO
escreve às quartas-feiras nesta coluna.
Fonte: Folha de São Paulo, 14/10/2009

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"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

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