domingo, 31 de maio de 2009

PACTO PARA RECUPERAR MATA ATLÂNTICA

Por Redação da Envolverde
Organizações ambientalistas, universidades, empresas e governos assinaram no dia 07/04) em São Paulo, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, que tem o objetivo de incentivar o uso econômico de áreas degradadas da floresta para tentar recuperar 15 milhões de hectares de sua vegetação até 2050. Hoje, restam apenas 7,26% da mata no país (de 1,36 milhão de quilômetros quadrados no total). Outros 13%, seriam fragmentos em diferentes estágios de conservação, que necessitam de ações de proteção. Com a restauração pretendida, essa parcela saltaria para aproximadamente 30%. A Mata Atlântica abriga 60% das espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Atualmente, vivem nela 122 milhões de pessoas.
“Nosso pensamento é todo baseado no econômico. Só assim nós vamos engajar milhares de produtores. Nós estamos trabalhando na lógica de serviços ambientais, água e carbono. Hoje está claro que existe um grande potencial de alavancar recursos de empresas que têm interesse de negócio na água, por exemplo”, defendeu o coordenador-geral do Conselho de Coordenação do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Miguel Calmon. Uma das intenções dos signatários do pacto é incentivar os proprietários de áreas degradadas da Mata Atlântica, e sem potencial econômico, a executar projetos de recuperação da vegetação que poderiam trazer retorno econômico.
Proprietários rurais, por exemplo, poderiam se beneficiar com a adequação legal de suas terras e eventuais ganhos financeiros por sequestro de carbono e outros serviços ambientais. Áreas de pastagens com baixa produtividade poderiam ser transformadas em florestas manejadas com alto rendimento econômico.
“Foi a economia que destruiu e será a economia que fará restaurar. Os grandes protagonistas desse pacto são os proprietários rurais. 90% das propriedades da Mata Atlântica pertencem aos proprietários rurais. A gente precisa convencê-los a fazer a restauração. Atingir milhares e milhares de proprietários de forma efetiva para engajá-los na restauração é o desafio que nós temos do pacto”, ressaltou Calmon.
Durante dois anos, especialistas de algumas das principais organizações que atuam no bioma da Mata Atlântica fizeram um mapeamento que identificou a localização dos mais de 15 milhões de hectares de áreas degradadas potenciais para recuperação. A meta, no entanto, esbarra em fatores econômico-financeiros. Em valores atuais, a restauração de toda essa área custaria US$ 1 mil por hectare, totalizando US$ 15 bilhões.
“Nós temos que criar a economia florestal da Mata Atlântica. Vamos ter de alavancar, mobilizar e captar recursos. Você tendo uma iniciativa que mostre resultado, com certeza você atrai o dinheiro. E não é dinheiro de doações, é investimento”, disse Calmon.
O pacto foi assinado por organizações não-governamentais como SOS Mata Atlântica, Care Brasil, Associação Mico Leão Dourado, TNH (The Nature Conservacy), WWF-Brasil; pelo governo federal, tendo como representante o Ministério do Meio Ambiente; pelos governos estaduais do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo; pela academia, com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e por empresas como a mineradora Vale.
* Com informações da Agência Brasil e BBC Brasil
(Agência Envolverde)
Para ter acesso ao Documento na íntegra, acesse:

sexta-feira, 29 de maio de 2009

REGULAMENTAÇÃO DOS ORGÂNICOS

Publicadas instruções normativas para regulamentação dos orgânicos
Brasília (29.5.2009) - Três instruções normativas que tratam da regulamentação dos orgânicos foram publicadas, nesta sexta-feira (29), no Diário Oficial da União (DOU). A IN n° 17 estabelece as normas referentes ao regulamento técnico para o extrativismo sustentável orgânico, que consiste em permitir que produtos do extrativismo e do agroextrativismo sejam certificados como orgânicos.

A Instrução Normativa n°18 aprova o regulamento técnico para o processamento, armazenamento e transporte de produtos orgânicos. Assim, é obrigatório o uso de boas práticas de manuseio e processamento, com o objetivo de contribuir com a integridade física dos produtos e manter os registros atualizados das unidades de produção sobre a manutenção da qualidade desses alimentos.

De acordo com o coordenador de Agroecologia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Rogério Dias, boa parte dos alimentos orgânicos ainda são comercializados in natura e a aprovação das normas para processamento vão possibilitar mais investimentos nessa área.

Por meio da Instrução Normativa nº 19, é possível saber as regras dos mecanismos de controle e informação da qualidade dos produtos orgânicos. Vale ressaltar que esta IN implementa o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sisorg), o que confere maior credibilidade e facilita a identificação do produto no mercado.

Com a publicação dessas três instruções normativas encerra-se a primeira etapa do processo de regulamentação dos produtos orgânicos. O próximo passo será a assinatura das normas técnicas para têxteis, cosméticos e aquicultura. (Da Redação)

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ACERCA DA NOTA TÉCNICA DA CEPLAC

"NEM TANTO AO MAR, NEM TANTO À TERRA"
No momento, após divulgação da Nota Técnica da CEPLAC, mesmo com as divergências existentes sobre o que foi apresentado, não podemos deixar de testemunhar avanços, com a mudança de postura existente. Não adianta apenas tentar denegrir, sem acrescentar fatos ao que foi feito. Jogar pedras é fácil, no entanto corrigir a parte errada é o que a todos interessa, principalmente depois de demarcar uma época de imobilismo, caracterizada por um vazio de atitudes e promessas não cumpridas. Também não gostei do corpo da NT – por demais extenso e sem usar o poder de síntese, se tornou enfadonho, ao obrigar varias vezes retroagir, para entender o pensamento muitas vezes repetitivo, antagônico e incoerente. Possuidora de um suspense excessivamente incomodo, a versão da “água com açúcar” que se comentava a boca pequena seria servida, chegou, vindo com formato que conta boa parte da história, porém omite pedaço considerável relativo à culpabilidade. Houve pecado ao não assumir e vacilo de recomendações técnicas, porém incisiva nas recomendações finais, pois coaduna com os princípios básicos que devem nortear a construção de uma NOVA CACAUICULTURA – sugerindo efetuar uma cesta com os atuais débitos, com redutores horizontais para todos, jogando tudo para frente, financiando o INVESTIMENTO preciso para se começar do começo, e fornecer o TEMPO necessário a se atingir a plenitude produtiva, com vencimentos progressivos, para possibilitar a todos pagarem, com receitas - dentro da CAPACIDADE de PAGAMENTO individual -que possibilitem margens para quitação do passivo. Isso sem esquecer o custeio, anualmente necessário para promoção da produção, como é feito habitualmente para todas as culturas. GARANTIA - poderá ser PROGRESSIVA, com o crescimento, desenvolvimento e valorização das plantações, ano após ano. Ninguém de sã consciência poderá dizer que a NT preenche as medidas com tudo que se desejava – inclusive as audiências públicas efetuadas, com a reunião de encerramento – onde se pontuaram ações, levemente citadas e não aprofundadas como prometido. Exemplo maior é a auto-incompatibilidade verificada nos descendentes do SCAVINA, quando até as declarações do Dr. Basil Bartley, não imaginava, surgiriam em F2 e F3 AUTOCOMPATÍVEIS (segunda e terceiras gerações), que hoje é consenso serem utilizados com resultados positivos. Ao contrário dos materiais botânicos determinados, que são excelentes produtores de flores, sem frutificar o necessário para pagar o seu investimento e quiçá o seu custo operacional. Existem exemplos de fazendas bem cuidadas, com aplicação de tecnologias além do recomendado e com investimentos custeados com RECURSOS PRÓPRIOS, que deixaram os seus proprietários verdadeiramente “depauperados”, “a ver navios”, ou outro nome que se dê, para quem ficou prejuízo, perdeu tempo e jogou dinheiro fora. O “mea culpa” não apareceu do modo enfático esperado, quando a carapuça foi colocada nas secas – quando pereceram muitas roças e ficaram prejudicados os índices de produção e produtividade; preços baixos – quando as cotações bateram no fundo do poço, com oitocentos e poucos dólares por tonelada; falta de crédito - com o Brasil no FMI, e consequente final dos ACC (Adiantamento de Contrato de Cambio, que irrigavam o sistema com recursos constantes), somada a suspensão do credito para custeio, TUDO promoveu a descapitalização acentuada e a carência de recursos para se tocar às roças, quando finalmente a VB, que depois de INTRODUZIDA, deixou um rastro de devastação, penúria e nível verdadeiramente falimentar para os cacauicultores, principalmente os que dependem única e exclusivamente da produção de suas roças, sem possuir empregos ou receitas de outras atividades para garantir a sobrevivência, inclusive alguns poucos bem aquinhoados - que possuem capital excedente no fim do mês, para efetuarem os investimentos necessários à transformação dos cacauais, nos moldes que demonstram a viabilidade da cultura. Se a CEPLAC PECOU NO TEXTO da descrição da NOTA TÉCNICA, considero que AVANÇOU nas RECOMENDAÇÕES, o que certamente servirá de balizamento para definir qualquer atitude governamental na condução de uma POLÍTICA REALISTA para a cacauicultura baiana. De há muito NADA esperava de gente que gritou em praça pública, que os produtores de cacau queriam dar CALOTE no que deviam, enquanto sempre acreditei serem pessoas laboriosas, bem intencionadas e que aguardam -por mais de vinte anos, as autoridades acordarem para fornecer as condições necessárias a todos alcançarem uma produção digna, conquistada com o suor do seu rosto. Sem desejar ferir suscetibilidades, até prova em contrário – é o que penso.
GERALDO DANTAS
Itabuna, 28.04.2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009

PROJETO INTEGRADO DÁ FRUTOS E SE CONSOLIDA NO BAIXO SUL DA BAHIA


Cenários: Iniciativa da Michelin que mistura borracha, cacau, banana e pesquisas ganha corpo
Chico Santos, de Igrapiúna (BA)
Uma solução inusitada para um problema econômico está rendendo um bom retorno para a dona do problema, a multinacional francesa Michelin, e para a região do Baixo Sul da Bahia, especialmente para os pequenos municípios de Igrapiúna e Ituberá.
Em 2004, a empresa loteou entre 12 de seus empregados uma fazenda de seringais decadente e infestada pelo fungo Microcyclus ulei, causador do mal das folhas. De lá para cá, os resultados são animadores. A produção aumentou, o pessoal empregado saltou de 600 para mil e um arranjo agroflorestal mais rentável foi desenvolvido, combinando cacaueiros e bananeiras com seringueiras mais resistentes ao fungo desenvolvidas pelo centro de pesquisas da multinacional na região.
A história, como lembra Paulo Roberto Bomfim, gerente da Plantações Michelin da Bahia, teve início em 1981, quando a Michelin, que começava a fabricar seus pneus no Brasil, comprou da americana Firestone uma fazenda de 9 mil hectares e uma fábrica de beneficiamento de borracha natural nos municípios de Camamu, do qual foi desmembrada a atual Igrapiúna, e Ituberá.
Na época era fundamental ter seringais próprios no país. A legislação estabelecia uma reserva de mercado de 40% para a borracha natural brasileira e o preço era fixado pela CONAB, acima da cotação internacional. As seringueiras, plantadas nas décadas de 50 e 60, estavam atacadas pelo mal das folhas, uma praga presente em todas as regiões úmidas - onde ela é normalmente mais produtiva - da América do Sul. O fungo faz as árvores mais antigas perderem até 50% de sua produtividade, enquanto as mais novas ficam mirradas e chegam até a morrer.
Com a abertura econômica da década de 90, acabou a reserva de mercado e o tabelamento de preços. A borracha brasileira despencou, chegando a US$ 500 por tonelada (no ano passado, pico inverso, o preço internacional estava em US$ 3,2 mil por tonelada). A fazenda perdeu interesse estratégico para a Michelin, que ficou sem saber o que fazer com ela.
O diagnóstico foi de que a venda pura e simples traria pelo menos três outros problemas: a perda de dez anos de pesquisas em busca de variedades da seringueira resistente ao fungo, a perda de 1,5 mil hectares de Mata Atlântica virgem, com possibilidade de, com reflorestamento, chegar a 3 mil, e o desemprego para quase 600 pessoas, uma vez que a fábrica de borracha ocupa menos de 50 empregados.
Surgiu, então, a ideia de um projeto integrado, ambiental, científico e econômico. A monocultura de seringueira, com seu problema de perda brusca de renda toda vez que o preço internacional da borracha natural cai, foi descartada. O modelo de plantação foi redesenhado. Em vez de 500 seringueiras por hectare, 400 seringueiras, 900 cacaueiros e 900 bananeiras, sendo a bananeira incluída mais como geradora de sombra para o cacaueiro jovem, enquanto as seringueiras, que levam sete anos para crescer e produzir látex, não formam copas.
Mas como plantar não era o foco do grupo francês, surgiu a ideia de dividir parte da propriedade (5 mil hectares) em 12 fazendas de médio porte, com cerca de 400 hectares cada, e vender a pessoas integradas ao projetos, empregados da própria empresa. Os lotes foram financiados em oito anos pela própria Michelin, no valor total de aproximadamente US$ 5 milhões. Dos 12 compradores, sete permaneceram trabalhando na Michelin, mas com um dia por semana dedicado à fazenda. Nascia o projeto Ouro Verde.
"Eu participei da divisão da área sem saber que seria um dos proprietários", afirma Bomfim. Dos 4 mil hectares restantes, 3 mil ficaram para reserva de Mata Atlântica e mil foram destinados ao plantio de árvores para a continuidade do programa de pesquisa para melhoria genética da seringueira. O gerente de pesquisa, Carlos Mattos, é outro que se tornou fazendeiro, dono de 487 hectares (o maior lote), sendo 160 de seringal adulto em produção e 75 plantados já no novo sistema.
De acordo com Mattos, as pesquisas já resultaram em três variedades resistentes e produtivas, em 300 variedades novas em fase de pesquisa e em 30 mil plantas resultantes de 700 mil polinizações de clones resistentes com outros de alta produtividade.
O objetivo é desenvolver variedades que dispensem a clonagem, trabalho delicado e que encarece a plantação (cada clone custa, com subsídio, da R$ 2,00 a R$ 2,30 para o produtor). De quebra, tornar o Brasil, origem da Hevea brasiliensis, principal espécie de seringueira, autossuficiente em borracha natural. O país, que produziu 110 mil toneladas em 2008, importa 70% da borracha que consome.
Outra preocupação dos cientistas que estudam a seringueira no Brasil e no mundo é evitar que o fungo Microcyclus ulei chegue à Ásia, continente que produz mais de 90% da borracha natural consumida no mundo e onde cerca de 30 milhões de famílias dependem do produto para sobreviver.
"Seria um desastre", diz Mattos, para quem só um milagre impediu até agora a migração do fungo do qual já se conhecem 55 mutações. Com cuidado, via França, onde as pesquisas na Bahia contam desde o início com a parceria do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisas Agronômicas (Cirad), variedades resistentes estão sendo passadas para estudos nos países produtores da Ásia e da África, em busca de uma preparação prévia para algo considerado inevitável.
Os 12 novos fazendeiros nascidos da divisão da Fazenda Michelin produziram no ano passado 2,6 mil toneladas, ante 2,35 mil em 2004. A meta conservadora da cooperativa que eles formaram é chegar a 3,5 mil toneladas em 2023, quando o grupo também pretende estar produzindo 1,05 mil toneladas de cacau. Esta produção era para ter começado em 2010, mas o início foi no ano passado, com 24 toneladas. Em 2009, deve alcançar 75 toneladas.
A Michelin compra toda a borracha para alimentar sua fábrica, cuja produção saltou de 8 mil toneladas em 2004 para 12 mil em 2008, aproveitando a alta dos preços. A meta da empresa é produzir 18 mil toneladas em 2015, embora este ano, devido à queda de demanda e preços, a produção deva cair para 11 mil. No auge da crise iniciada em setembro do ano passado, o preço da borracha natural desabou de US$ 3,2 mil para 1,2 mil a tonelada; agora está em suave elevação, mas ainda abaixo de US$ 2 mil.
Segundo outro fazendeiro, José Ângelo Cairo, que deixou a Michelin para se dedicar totalmente ao negócio - é o presidente da cooperativa -, o bom preço do cacau está compensando, em parte (a produção ainda é pequena), as perdas com a borracha. A produção vem sendo toda comprada pela Nestlé. A cooperativa investiu R$ 260 mil em um equipamento de secagem de cacau, buscando um produto de qualidade diferenciada, e planeja, no futuro, agregar valor ao produto, passando, ela mesma, a produzir chocolate.
Em 2008, a cooperativa faturou US$ 4 milhões. Com a crise, Cairo disse que não deve chegar à metade este ano. Segundo ele, os produtores obtiveram antecipação de setembro para março do financiamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para plantio e manutenção e estão queimando parte da gordura acumulada com os preços excepcionalmente bons do período pré-crise.
O jornalista viajou a convite da Michelin.


Veículo: VALOR ECONÔMICO -SP
Editoria: AGRONEGÓCIOS
Data: 25/05/2009

Breve histórico da agricultura brasileira e a importância da conservação do solo – com ênfase à região cacaueira da Bahia

As terras que constituem o Brasil foram ocupadas de maneira predatória desde a sua incorporação, como era comum na época em que os portugueses aportaram. Os primeiros europeus fixaram-se por estas terras para retirar sua riqueza e obter ganhos rápidos. Depois, incorporaram técnicas indígenas no cultivo de alimentos, como a queimada, e plantaram o que estavam acostumados a comer em Portugal. Nesse processo de ocupação registrou-se uma intensa devastação das condições naturais.
Na época do descobrimento, a mata atlântica cobria cerca de 1 milhão e cem mil quilômetros quadrados do território nacional. Hoje, não existe mais de 8% do seu território original, resultado dramático de uma ocupação de efeitos devastadores. No sul da Bahia, aconteceu o mesmo, sendo essa região um consistente exemplo de má utilização do ecossistema florestal, com reflexos danosos, tanto ecológicos, quanto sociais e econômicos.
Os europeus implantaram um modelo baseado na grande propriedade monocultora que permanece atualmente, e os hábitos de exploração da terra para obter ganhos rápidos, deles herdados, forneceram os moldes para o tipo de agricultura que se adota atualmente.
De maneira muito simples, o sociólogo Donald Pierson, em seu último livro (Teoria e Pesquisa em Sociologia) exemplifica essa questão de herdar costumes citando as crianças, que usam seu equipamento vocal ainda desorganizado ao emitirem sons sem sentido específico. Que língua se desenvolverá a partir desses atos vocais casuais? Evidentemente, a língua, ou línguas faladas a sua volta. Numerosos outros hábitos comuns ao grupo a que lhe pertence lhe serão sugeridos como, por exemplo, as práticas associadas à alimentação, e seja qual for a resposta às necessidades biológicas, a criança aprende a organizar seus hábitos de acordo com os costumes do grupo em que nasceu. Daí pode-se entender o porquê da perpetuação do modelo tradicional de agricultura no Brasil.
Porém, de acordo com as necessidades, muitos hábitos se modificam ao longo do tempo, por isso, a preocupação com as questões ambientais está cada vez mais gerando discussões no meio agropecuário, que por falta de práticas conservacionistas e pelo manejo inadequado do solo permitiu o aparecimento de áreas degradadas, seja devido a atividades agrícolas ou pecuárias

Se pudéssemos fazer a criança compreender o significado do solo enquanto seus conceitos de vida estão sendo formados, a conservação tornar-se-ia parte do seu modo natural de pensar, talvez um hábito para o resto da vida. No meu modo de pensar, isto significa conseguir que o conceito do solo, como recurso básico do homem, penetre no sangue da juventude e aí permaneça como uma parte de seu corpo e espírito na maturidade. Se tivéssemos maior numero de homens que fossem conservacionistas por natureza, a Terra seria um lugar melhor para viver. O modo mais adequado para atingir esse estado ideal de espírito é compreender, desde a infância, o que realmente significa o nosso melhor amigo: o solo produtivo”.
Dr. Hugh Bennet

Todos, incluindo quem vive nas cidades, precisam saber que o solo – “compartimento” ambiental essencial para a produção de alimentos e matérias-primas para a humanidade – é fundamental para a existência da vida! Por isso a sua conservação se faz importante no presente e será ainda mais crítica no futuro, na medida em que aumentam as pressões populacionais – pressões essas que forçam o uso de glebas para produção de alimentos que o bom senso aconselha, deveriam ser mantidas como florestas.
As melhores formas de minimizar esse processo contínuo de degradação de áreas são a difusão de conhecimentos sobre práticas conservacionistas e o planejamento do uso do solo com base em relações entre informações científicas e da cultura local. Infelizmente, na maioria das publicações técnicas sobre a cacauicultura não consta um item dedicado a conservação do solo. Será que os agricultores da região cacaueira da Bahia não precisam adotar técnicas conservacionistas?
É certo que essa região possui a maior parte das terras cultivadas em sistemas agroflorestais (SAF), o que é uma excelente estratégia para evitar a erosão, no entanto, isso não significa que o cacauicultor possa ficar despreocupado. Em áreas declivosas, como é o caso da região, a cobertura do solo proporcionada pelo SAF não é suficiente para evitar a erosão, e desse modo deve-se introduzir alguma prática de conservação para aumentar a resistência do solo, pois o cultivo de um solo erodido quase sempre é sinônimo de insucesso e os danos causados não atingem apenas ao agricultor, mas sim a toda nação.
Enfim, a manutenção de uma agricultura permanente depende de muitas ações que começam com a divulgação das técnicas geradas pela pesquisa. Num sentido mais amplo, é preciso enxergar a agricultura de um modo diferente do tradicional respeitando os sistemas naturais e buscando compreender os processos que lhe são inerentes.

“Eu uso a agricultura-arte, juntamente com a ciência”


O cacauicultor Edvaldo Sampaio, engenheiro agrônomo e ex-funcionário da Ceplac, concedeu entrevista à repórter Cristina Santos Pita, da Sucursal A TARDE, em Santo Antônio de Jesus, sobre como se tornou um incansável em buscar soluções para livrar as fazendas que possui, na região de Gandu, da catástrofe da vassoura-de-bruxa.Com práticas simples e econômicas, conseguiu enganar o fungo responsável pela proliferação da doença que há dez anos dizimou milhares de lavouras no Estado. Hoje seus cacaueiros são carregados de frutos sem sinais da vassoura-de-bruxa em quatro fazendas num total de 320 hectares de cacau. Foi convidado pelo ministério da Agricultura a fazer parte do PAC do Cacau, a fim de provar a viabilidade econômica da cultura. Agora, se prepara para lançar o livro “Realizações de um cacauicultor”, baseado nas experiências bem sucedidas onde incorporou seus trabalhos de 20 anos no cacau safreiro, e, mais pela intuição, criou um conjunto de técnicas eficaz contra o fungo.As técnicas já estão sendo adotadas por inúmeros cacauicultores. Ainda sem data e local definidos de lançamento, o livro, com uma linguagem simples, pretende atingir quem trabalha nas fazendas de cacau. O livro, organizado pela artista plástica Isabel Delmondes, de 184 páginas, seria lançado dia 5 de junho, Dia Internacional do Cacau.
A TARDE: Qual a sua intenção ao escrever o livro “Realizações de um cacauicultor”?
Edvaldo Sampaio: Há a agricultura científica e a agricultura arte. A científica é aquela que conduz a lavoura aos meios científicos. O meu objetivo é a agricultura arte. Transformar os meios em uma agricultura ao alcance de todos. Mudei o perfil da agricultura do cacau. Baseado nisso, minhas práticas são simples, econômicas e de grande proveito para a região, por isso quero difundi-las.
AT - A quem será útil a leitura desse livro?
ES – Para o cacauicultor que mora fora e tem administradores. Ele terá uma cartilha com um linguajar simples, tipo jeca-tatu.
AT O senhor acha importante investir em pesquisas?
ES – Sim. Mas a pesquisa tem 40 anos investindo e até hoje não temos resultados práticos. De pesquisa hoje no cacau sobre a vassoura-de-bruxa tem o que aprendi há 40 anos. Quando a vassoura me danificou pela primeira vez, eu modifiquei tudo. O que fiz foi uma inversão de datas. É prática comum na região até hoje se fazer a poda nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril. Eu apenas inverti e comecei a fazer a poda em setembro, outubro, novembro, e no início de dezembro eu termino. Aí entra a pesquisa do Dr. Gonçalo Amarante Guimarães Pereira (professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp/SP). Porque se eu fizer nos meses tradicionais, a planta renova ao tecido meristemático, que é o tecido novo que o fungo gosta.
AT – Então, o senhor uniu a sua experiência e intuição com a pesquisa científica?
ES – Com a pesquisa, e pela intuição achei que devia fazer antes. Quando eu começo a poda em setembro e termino em dezembro, já terminei minha prática de poda. Mas, segundo os pesquisadores, a vassoura ataca meus pões de cacau. Mas, quando chega nas folhas, as encontra maduras e o ciclo de vida do fungo é de quatro horas, como ele não consegue penetrar porque as folhas estão maduras, ele morre.
AT – E com as folhas novas, o efeito é contrário?
ES – Se estiverem todas vivas e novas, todas seriam atacadas. Se porventura tiver algum ramo verde eu usei o nitrogênio, tendo como fonte a uréia. No nitrogênio, nas plantas novas, no espaço meristemático, está o nitrogênio. O fungo lança as raízes, mas quando penetra um pouco, encontra o nitrogênio e morre. A minha prática não tem segredo para ninguém. Foi apenas a intuição aliada a prática e a ciência.
AT Que avanços o senhor obteve nesses últimos anos?
ES – Tive avanços econômicos e dei grande subsídio para a ciência. Quando a vassoura me atacou pela primeira vez, o Dr. Gonçalo Guimarães chegou na minha fazenda, sentiu o que estava fazendo e voltou depois com Júlio Cascado (Pro-reitor da Uesc). Eles estavam no Projeto Genoma para descobrir tudo o que descobri. Esse projeto era patrocinado pelo governo e ia levar dez anos. Correu a fazenda toda e me deu grande satisfação quando disse: “O Projeto Genoma terminou agora com seis meses de uso porque o Edvaldo, pela intuição, avançou tanto que o que queríamos descobrir ele já fez. O que temos agora é estudar e comprovar cientificamente se o que ele fez está certo ou errado”. Comprovaram: tudo que fiz está certo.
AT O senhor foi criticado por suas experiências?
ES – Sempre digo: quem é bom, faz e dá resultados. Para a pessoa dizer que tal prática deu resultado, é preciso que ele mostre. Quem quiser me contestar, primeiro tem de apresentar seus feitos. Tenho nove anos que não sei o que é queda de produção. Tudo isso é bom quando se comprova coma prática. Vimos através do jornal A TARDE que milhares de cacauicultores devem ao Banco do Brasil e que não têm condições de pagar. Jamais irão pagar ao banco, não por má vontade, mas porque não têm capital. Eles lutam pela sobrevivência. Não têm condições de investir nada.
AT O senhor se considera um cacauicultor independente?
ES – Sim, e gozo a independência de hoje porque não fiz práticas erradas. Os órgãos oficiais, principalmente o Banco do Brasil, foram os responsáveis pela dívida de hoje. Sem ter os conhecimentos científicos necessários, eles nos induziam às práticas erradas. Para você ter acesso ao dinheiro de uma supervisão, é preciso que você faça isso. Como o cacauicultor não tinha autonomia, ele realizou erroneamente todas as práticas. Naquela época, tive a independência de colocar um fiscal do banco para fora.
AT – O que o senhor acha do Plano Executivo para Aceleração do Desenvolvimento e Diversificação do Agronegócio na Região Cacaueira do Estado da Bahia, o PAC do Cacau?
ES – Para mim é uma grande satisfação. Fui convidado pelo ministério da Agricultura para fazer parte do PAC do Cacau para provar a viabilidade da cultura. Se eu dissesse que o cacau era inviável, haveria o PAC nacional, mas não haveria o cacau. Comprovei que a cultura é econômica, o cacau está incluído no PAC e tem a única assinatura de um agricultor, que é a minha. O PAC está demorando muito e à medida que demora a região vai se afundando. A região sul é propícia a cultura do cacau, mas precisa de capital novo para investir e seguir os métodos que já deram certo.
AT – O senhor participa da lista do cacau, uma lista de discussão via internet. O senhor acha que a lista tem beneficiado os produtores?
ES – Tem beneficiado muito porque é uma lista atualizada. Tudo o que tem saído no mundo sobre cacau temos conhecimento através da lista, que louva aqueles que pesquisam e critica aqueles que ficam com pesquisas velhas e caducas que não dão resultado nenhum. Ganhei um bom conceito na lista.
AT – Em que situação estão as lavouras vizinhas às suas propriedades?
ES – As notícias que tenho da lista do cacau e dos visitantes, até dos cacauicultores, é que a região está fraca de temporã. Para minha surpresa, vou colher um grande temporão. No início de maio, foram entregues 296 sacas de cacau temporão. Visitei minhas fazendas e tem cacau ‘prá burro’. A região está crítica. Não tem nada. Eu uso a agricultura arte, que é difícil na agricultura porque sempre antecipo aquilo que pode acontecer. Isso devido há 40 anos de vivência e vivendo exclusivamente do cacau. Sempre fui um produtor de média de 120 arrobas por hectare. Fazendas minhas eu dobrava e triplicava de produção. Introduzi os métodos do cacau safreiro na clonagem e essa foi minha salvação. É o que os cientistas chamam de agricultura arte. Não fiquei só na clonagem.
A TARDE ON LINE dia 25/05/2009 às 08:40 Cristina Santos Pita Sucursal Santa Antônio de Jesus.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Dia de Campo em Ituberá capacita extensionistas da CEPLAC e EBDA

Promover atualização tecnológica e capacitar extensionistas dos Escritórios Locais da CEPLAC e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) envolvidos na distribuição de mudas de seringueira dos programas Mata Verde e PAC do Cacau e na assistência técnica a produtores familiares do Baixo Sul do estado. Estes foram os principais objetivos do Dia de Campo que a CEPLAC, Superintendência de Agricultura Familiar da Secretaria Estadual de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (SUAF/Seagri), EBDA, Instituto Biofábrica de Cacau e Territórios da Cidadania realizaram quinta-feira, 14, nas Plantações Michelin da Bahia, em Ituberá.
Os extensionistas dos municípios de Camamú, Gandú, Ibirapitanga, Igrapiúna, Ituberá, Nova Ibiá, Piraí do Norte, Teolândia, Valença e Wenceslau Guimarães receberam orientações sobre técnicas de implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF), espaçamento e cultivos intercalados de seringueira, cacau, dendê e frutíferas do pesquisador da CEPLAC José Raimundo Bonadie Marques. Segundo ele, os programas destinados à agricultura familiar pelo Governo da Bahia e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) visam promover a diversificação agregando valor à pequena propriedade rural.
Em principio será distribuído um milhão de mudas de seringueira das variedades SIAL 1005 e FDR 5788. “A idéia é fazer chegar aos agricultores familiares de três regiões rurais baianas clones de grande capacidade de produção e resistentes à doenças selecionados pela CEPLAC e pela Michelin. É um projeto ambicioso com o qual esperamos atender aspectos econômicos, melhorando as condições e elevando a renda da propriedade, e social, já que pelos critérios do programa vai se universalizar o acesso à tecnologia e fazer com que as famílias tenham condições de integral aproveitamento da atividade, com o cultivo da seringueira que é tradicional e tem expressiva importância econômica no Baixo Sul”, afirmou o Chefe do Núcleo Regional da CEPLAC, em Valença, Joailton Manoel de Jesus. MELHORAMENTOO coordenador do Programa Mata Verde da SUAF/Seagri, Rogério das Virgens, informou que, embora se inicie com dois clones, o programa prevê o repasse de mudas de mais cinco clones indicados pela CEPLAC, em interação com a Michelin e Instituto Biofábrica de Cacau. “É preciso ter consciência de que se pretende o melhoramento genético nas propriedades familiares, além da simples produção do látex. Por isso é que em paralelo à distribuição e plantio das mudas de seringueira vamos disseminar novas tecnologias usando os extensionistas da EBDA e da CEPLAC”, declarou.
O agrônomo Ivo Cairo Cabral Junior, Gerente de Operações Agrícolas da Plantações Michelin Bahia, afirma que a distribuição de mudas de seringueira é iniciativa interessante do Governo da Bahia, já que a demanda pelo cultivo é grande e agora os agricultores familiares estão tendo acesso a material genético de qualidade, o que somente acontecia aos médios e grandes agricultores. “A gente vê com bons olhos por conhecer a heveicultura no mundo. Realmente é cultura volta ao pequeno agricultor que dela poderá muito se beneficiar”, disse.
Para Barachísio Lisboa Casale, a seringueira é um tipo de cultivo que encontrou condições de solo, clima e luminosidade apropriados no Baixo Sul da Bahia. “Aqui todo pequeno ou médio produtor cultiva a seringueira e há escassez de sementes e mudas. Portanto, atividades como esta e programas como este são bem vindos e este é, historicamente, um dos programas que mais recursos aplica nesta atividade, certamente trará grandes resultados”, acrescentou. DEMANDAHá uma demanda mundial por látex para produção de borracha, apesar dos reflexos da crise gerada pelos americanos na economia, que afetou principalmente a indústria automobilística e deprimiu os preços internacionais da borracha. “A crise é realmente muito séria, mas não vai durar até que a seringueira, agora plantada, comece a produzir em sete anos. Portanto, é hora de se pensar no futuro e, sinceramente, esperamos que quando vier a produção os efeitos da crise tenham se dissipado e os agricultores familiares tenham rentabilidade com o cultivo”, comentou o agrônomo Ivo Cairo Junior.
O gerente da Michelin lembra que a borracha substitui os combustíveis fósseis, como o petróleo, há aumento da demanda, particularmente no Brasil, que consome 300 mil toneladas anuais e produz apenas 100 mil toneladas. “É uma commodity com mercado garantido nos próximos anos” reafirmou. A parceria entre o Governo da Bahia, Seagri/Suaf e EBDA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, CEPLAC, Instituto Biofabrica de Cacau e Territórios da Cidadania também promoveu dias de campo na Estação Experimental Djalma Bahia, da CEPLAC/Embrapa, em Una, em abril, e na Fazenda Porto Seguro, em Uruçuca, neste mês, para cerca de 100 pessoas, entre agricultores familiares e técnicos das instituições envolvidas.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLAC - sexta-feira, 15/5/2009

CEPLAC VISITA FAZENDA QUE USA CAL NO CONTROLE DE DOENÇA DO CACAU

Uma equipe multidisciplinar formada por extensionistas e pesquisadores da CEPLAC apresentou relatório ao superintendente Antonio Zózimo de Matos Costa sugerindo o aprofundamento de estudos para melhor avaliação sobre uso da cal na lavoura cacaueira. O documento foi produzido depois de uma visita técnica realizada, no final do mês de abril, à Fazenda Recreio, situada a 22 quilômetros da sede do município de Buerarema.
O objetivo da visita foi observar resultados obtidos com uso da cal hidratada nos cacaueiros da propriedade. Os técnicos da CEPLAC relatam que a fazenda tem estande de cacaueiros das variedades comum, SIC (Seleção do Instituto de Cacau da Bahia), SIAL (Seleção do Instituto Agronômico do Leste) e mistura de híbridos. Os fiscais agropecuários do Centro de Extensão (CENEX) e do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) receberam informações do meeiro Cecílio José dos Santos.
Segundo relatos de Cecílio dos Santos, após sua chegada no imóvel foram feitas roçagens manuais, aplicação de herbicidas, poda, desbrota, remoção de vassouras-de-bruxa e outros tratos culturais recomendados pela CEPLAC. Com base na sua experiência, adquirida na cultura de cana-de-açúcar em Alagoas, foi então aplicada cal hidratada, nos meses de fevereiro e setembro de 2008 e fevereiro de 2009, na quantidade de três quilos por tarefa ou 7,5 kg/ha.
Nas três aplicações utilizou-se polvilhadeira costal motorizada. Na primeira vez foi adicionado à cal o inseticida Malation em pó a dois por cento. O meeiro Cecílio dos Santos relatou aos técnicos que a aplicação da cal hidratada, na sua visão, contribuiu para o controle da vassoura-de-bruxa, na eliminação de limo das plantas e aumento da produção.
Pela sua informação, a propriedade que colhia mil arrobas em 65 tarefas, o equivalente a 35 arrobas/hectares, a partir da ocorrência da vassoura, decaiu a 264 arrobas ou nove arrobas por hectare. Mas no primeiro ano, com apenas duas aplicações da cal, foram colhidas 700 arrobas de cacau ou 25 arrobas por hectare. Neste ano, a produção deve retornar às mil arrobas colhidas no passado.
No documento à Superintendência da CEPLAC na Bahia, a equipe técnica informa que o conjunto de práticas agrícolas na área não permite isolar os efeitos da aplicação da cal hidratada. “Sabe-se que existe correlação positiva entre tratos culturais e o aumento da produtividade de cacaueiros”, afirma. Mas há uma ressalva: “Apesar da impossibilidade de isolamento do efeito da cal, percebe-se a redução de limo nos cacaueiros, o que, aparentemente, libera almofadas florais, possibilitando maior floração e, conseqüentemente, frutificação”, anota.
Além de outras considerações, o documento dos técnicos do CEPEC e do CENEX esclarece que os dados de análise de solo revelam alta fertilidade e que “no que se relaciona a uma possível ação do corretivo sobre a vassoura-de-bruxa, trabalhos estão sendo conduzidos pela CEPLAC em condições de Casa de Vegetação e no campo, com o objetivo de se avaliar a ação da aplicação da cal sobre esporulação do fungo Moniliophthora perniciosa (produção de basidocarpos)”.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA CEPLACsexta-feira, 15/5/2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O fruto mágico Cacau

sábado, 9 de maio de 2009

Forragicultura: Sistemas agroflorestais e a conservação do solo

Os sistemas agroflorestais têm sido preconizados como sustentáveis, ou seja, capazes de produzir para o presente momento, mantendo os fatores ambientais, econômicos e sociais, em condições de serem utilizados pelas gerações futuras. Estes sistemas também têm sido divulgados como uma solução alternativa para a recuperação de áreas degradadas, envolvendo não só a reconstituição das características do solo, como também a recuperação da terra, também denominado sítio, o qual envolve todos os fatores responsáveis pela produção em harmonia com o ecossistema: o solo, a água, o ar, o microclima, a paisagem, a flora e a fauna.
Este tipo de uso do solo é uma forma de plantio na qual se combinam espécies arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de forma simultânea ou em seqüência temporal e que interagem econômica e ecologicamente. E um dos aspectos positivos é a sustentabilidade desses sistemas com a presença de árvores, que têm a capacidade de capturar nutrientes de camadas mais profundas do solo, reciclando com uma maior eficiência e uma cobertura maior da terra.
Os sistemas agroflorestais têm sido divulgados como uma alternativa para o melhoramento da produtividade de sítios pobres ou degradados.Os sistemas agroflorestais (SAF’s) podem tornar produtivas áreas degradadas, melhorando sua função social e ecológica. A liteira produzida pelos componentes agroflorestais é um forte agente promotor desta recuperação. Os sistemas agroflorestais como alternativas de uso da terra promovem o aumento no nível de carbono orgânico no solo, quando comparados a florestas primárias.Os sistemas agroflorestais acumulam carbono ao longo do tempo, que podem recuperar quantidades perdidas durante a derruba e queima de florestas primárias, podendo funcionar como banco de estoque de carbono, recuperando entre 54% e 82% do carbono contido na floresta, num período de 15 anos. As vantagens para o uso deste tipo de sistema de cultivo em relação aos convencionais, tanto econômicas, como ambientais, são várias, entre as quais a combinação de produtos de mercado e de subsistência que permite limitar os riscos assumidos pelos agricultores familiares, sejam eles riscos climáticos ou riscos de mercado; a diversidade de espécies permite a obtenção de um número maior de produtos e/ou serviços a partir de uma mesma unidade de área, tanto para a subsistência da família quanto para o mercado; a área com sistema agroflorestal pode ser usada permanentemente, minimizando a necessidade de derruba e queima de novas áreas e aumentando as chances de fixação do homem no campo; e a alternativa para aproveitamento de áreas já alteradas ou degradadas. Também diminui a demanda de fertilizantes em razão da eficiente ciclagem e da adubação orgânica, melhora as propriedades físicas e biológicas do solo e permite a preservação da biodiversidade.Área degradada é sinônimo de terra improdutiva, envolvendo alterações negativas no clima, hidrologia, paisagem, flora e fauna. É, portanto, um conceito mais amplo do que a degradação da fertilidade do solo, a qual reduz a capacidade de suporte do crescimento de plantas em bases sustentáveis, sob dadas condições de clima e outras relevantes propriedades da terraDentre as inúmeras implicações entre os SAF e o controle da erosão dos solos destacam-se os efeitos dos SAFs na manutenção da fertilidade do solo deveriam ser considerados conjuntamente com os efeitos diretos no controle da erosão, os SAFs apresentam potencial para controle da erosão por meio da cobertura fornecida pelas copas e serapilheira, em adição ao papel das árvores como barreiras para o escorrimento superficial de água; em regiões de clima seco, o controle da erosão deveria ser avaliado em conjunto com o papel das árvores no manejo da água; sistemas silvipastoris deveriam ser incluídos quando se avalia o potencial de sistemas para o controle da erosão.A matéria orgânica do solo fornecida pelos sistemas agroflorestais é de fundamental importância para a recuperação das áreas degradadas, as quais podem ser assim resumidas tendo como importâncias principais boas condições físicas do solo, incluindo a capacidade de retenção de água; provem um balanceado do suprimento de nutrientes, protegendo-os contra a lixiviação até serem liberados pela mineralização; permite o melhor uso de fertilizantes por meio do melhoramento da capacidade de troca catiônica. Até o momento, as pesquisas têm demonstrado que a produção de biomassa que retorna ao solo, em sistemas agroflorestais é equiparada àquela produzida sob vegetação natural, quando se considera a mesma zona climática.
Os sistemas agroflorestais são preconizados como alternativas á monocultura agrícola, por serem capazes de manter a fertilidade dos solos e a sustentabilidade. Em estudos realizados no cerrado, foi concluído que pode ocorrer melhoria da fertilidade do solo nesses sistemas, principalmente devido a maior produção de fitomassa.Sabemos que o fósforo é fundamental para a atividade metabólica de qualquer ser vivo e estará disponível se assim se fizer necessário. Há muito fósforo estocado em grande parte dos solos tropicais, embora em muitos deles a análise de laboratório acuse somente traços de fósforo disponível. Fósforo não é problema, basta que criemos condições para que seja disponibilizado. A maior fonte de fósforo, viável para uma agricultura realmente sustentável, é a matéria orgânica, e torna-se disponível quando dinamizamos o sistema e criamos condições propícias para a vida do solo.Com a avaliação da biota do solo em modelos agroflorestais já foram constatados que os sistemas contribuem para a recuperação dos solos degradados de pastagem de forma mais rápida e eficiente do que a regeneração natural, observando-se também uma relação positiva entre densidade, porosidade total e umidade do solo, sugerindo que o papel da macrofauna do solo como um forte componente dos sistemas agroflorestais.A produção de serrapilheira em sistema agroflorestal consorciando castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) e cupuaçu (Theobroma grandiflorum) representou uma fonte de ingresso de nutrientes para a produção de frutos de cupuaçu e a produção de biomassa aérea da castanha-do-Brasil não foi afetada pela consorciação, em estudo feito em solo de baixa fertilidade no estado de Rondônia.Considerando-se as características do SAFs pode-se concluir que esses são os sistemas mais apropriados ás condições ambientais dos trópicos úmidos de solos quimicamente pobres.No entanto, sistemas agroflorestais não são uma panacéia para a solução de todos os problemas. Faz-se necessário estar sempre atento ao mercado, e produzir somente o que tiver maior possibilidade de comercialização. Os sistemas precisam ser compostos por espécies com as quais os produtores tenham alguma intimidade.Autores: Marilia Locatelli, engenheira florestal, pesquisadora da Embrapa Rondônia, Porto Velho (RO), Rafael de Souza Macedo, estagiário, Abadio Hermes Vieira, engenheiro florestal, pesquisador da Embrapa Rondônia, Porto Velho (RO)Marilia Locatelli, Rafael de Souza Macedo e Abadio Hermes VieiraFonte: Embrapa Rondônia Os sistemas agroflorestais têm sido preconizados como sustentáveis, ou seja, capazes de produzir para o presente momento, mantendo os fatores ambientais, econômicos e sociais, em condições de serem utilizados pelas gerações futuras. Estes sistemas também têm sido divulgados como uma solução alternativa para a recuperação de áreas degradadas, envolvendo não só a reconstituição das características do solo, como também a recuperação da terra, também denominado sítio, o qual envolve todos os fatores responsáveis pela produção em harmonia com o ecossistema: o solo, a água, o ar, o microclima, a paisagem, a flora e a fauna.Este tipo de uso do solo é uma forma de plantio na qual se combinam espécies arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de forma simultânea ou em seqüência temporal e que interagem econômica e ecologicamente. E um dos aspectos positivos é a sustentabilidade desses sistemas com a presença de árvores, que têm a capacidade de capturar nutrientes de camadas mais profundas do solo, reciclando com uma maior eficiência e uma cobertura maior da terra.Os sistemas agroflorestais têm sido divulgados como uma alternativa para o melhoramento da produtividade de sítios pobres ou degradados.Os sistemas agroflorestais (SAF’s) podem tornar produtivas áreas degradadas, melhorando sua função social e ecológica. A liteira produzida pelos componentes agroflorestais é um forte agente promotor desta recuperação. Os sistemas agroflorestais como alternativas de uso da terra promovem o aumento no nível de carbono orgânico no solo, quando comparados a florestas primárias.Os sistemas agroflorestais acumulam carbono ao longo do tempo, que podem recuperar quantidades perdidas durante a derruba e queima de florestas primárias, podendo funcionar como banco de estoque de carbono, recuperando entre 54% e 82% do carbono contido na floresta, num período de 15 anos. As vantagens para o uso deste tipo de sistema de cultivo em relação aos convencionais, tanto econômicas, como ambientais, são várias, entre as quais a combinação de produtos de mercado e de subsistência que permite limitar os riscos assumidos pelos agricultores familiares, sejam eles riscos climáticos ou riscos de mercado; a diversidade de espécies permite a obtenção de um número maior de produtos e/ou serviços a partir de uma mesma unidade de área, tanto para a subsistência da família quanto para o mercado; a área com sistema agroflorestal pode ser usada permanentemente, minimizando a necessidade de derruba e queima de novas áreas e aumentando as chances de fixação do homem no campo; e a alternativa para aproveitamento de áreas já alteradas ou degradadas. Também diminui a demanda de fertilizantes em razão da eficiente ciclagem e da adubação orgânica, melhora as propriedades físicas e biológicas do solo e permite a preservação da biodiversidade.Área degradada é sinônimo de terra improdutiva, envolvendo alterações negativas no clima, hidrologia, paisagem, flora e fauna. É, portanto, um conceito mais amplo do que a degradação da fertilidade do solo, a qual reduz a capacidade de suporte do crescimento de plantas em bases sustentáveis, sob dadas condições de clima e outras relevantes propriedades da terraDentre as inúmeras implicações entre os SAF e o controle da erosão dos solos destacam-se os efeitos dos SAFs na manutenção da fertilidade do solo deveriam ser considerados conjuntamente com os efeitos diretos no controle da erosão, os SAFs apresentam potencial para controle da erosão por meio da cobertura fornecida pelas copas e serapilheira, em adição ao papel das árvores como barreiras para o escorrimento superficial de água; em regiões de clima seco, o controle da erosão deveria ser avaliado em conjunto com o papel das árvores no manejo da água; sistemas silvipastoris deveriam ser incluídos quando se avalia o potencial de sistemas para o controle da erosão.A matéria orgânica do solo fornecida pelos sistemas agroflorestais é de fundamental importância para a recuperação das áreas degradadas, as quais podem ser assim resumidas tendo como importâncias principais boas condições físicas do solo, incluindo a capacidade de retenção de água; provem um balanceado do suprimento de nutrientes, protegendo-os contra a lixiviação até serem liberados pela mineralização; permite o melhor uso de fertilizantes por meio do melhoramento da capacidade de troca catiônica. Até o momento, as pesquisas têm demonstrado que a produção de biomassa que retorna ao solo, em sistemas agroflorestais é equiparada àquela produzida sob vegetação natural, quando se considera a mesma zona climática.Os sistemas agroflorestais são preconizados como alternativas á monocultura agrícola, por serem capazes de manter a fertilidade dos solos e a sustentabilidade. Em estudos realizados no cerrado, foi concluído que pode ocorrer melhoria da fertilidade do solo nesses sistemas, principalmente devido a maior produção de fitomassa.Sabemos que o fósforo é fundamental para a atividade metabólica de qualquer ser vivo e estará disponível se assim se fizer necessário. Há muito fósforo estocado em grande parte dos solos tropicais, embora em muitos deles a análise de laboratório acuse somente traços de fósforo disponível. Fósforo não é problema, basta que criemos condições para que seja disponibilizado. A maior fonte de fósforo, viável para uma agricultura realmente sustentável, é a matéria orgânica, e torna-se disponível quando dinamizamos o sistema e criamos condições propícias para a vida do solo.Com a avaliação da biota do solo em modelos agroflorestais já foram constatados que os sistemas contribuem para a recuperação dos solos degradados de pastagem de forma mais rápida e eficiente do que a regeneração natural, observando-se também uma relação positiva entre densidade, porosidade total e umidade do solo, sugerindo que o papel da macrofauna do solo como um forte componente dos sistemas agroflorestais.A produção de serrapilheira em sistema agroflorestal consorciando castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) e cupuaçu (Theobroma grandiflorum) representou uma fonte de ingresso de nutrientes para a produção de frutos de cupuaçu e a produção de biomassa aérea da castanha-do-Brasil não foi afetada pela consorciação, em estudo feito em solo de baixa fertilidade no estado de Rondônia.Considerando-se as características do SAFs pode-se concluir que esses são os sistemas mais apropriados ás condições ambientais dos trópicos úmidos de solos quimicamente pobres.
No entanto, sistemas agroflorestais não são uma panacéia para a solução de todos os problemas. Faz-se necessário estar sempre atento ao mercado, e produzir somente o que tiver maior possibilidade de comercialização. Os sistemas precisam ser compostos por espécies com as quais os produtores tenham alguma intimidade.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Fazenda da Cal (Sr. Cecílio)

Fazenda Recreio - São José da Vitória - BA
Visita realizada em 06/05/2009 - Cacauicultores de diversas localidades

sábado, 2 de maio de 2009

Polinização artificial em cacaueiro

José Eduardo Mamédio
(Parte do Relatorio de Estágio realizdo na Vale do Juliana Fazendas - Igrapiúna - BA)

A polinização artificial em cacaueiro é realizada em função da baixa produtividade hoje existente causada pela clonagem, na sua maioria, com material genético incompatível. Tem o objetivo de aumentar a quantidade de frutos por planta (de acordo a capacidade de cada planta) aumentando a produtividade da área.
O Programa de Polinização Manual em cacaueiros começou a ser realizado na Vale do Juliana Fazendas (VJF) há aproximadamente oito anos (2001), tendo como objetivo a elevação e/ou antecipação da produtividade dos cacaueiros clonados. Inicialmente foram treinados, por colaboradores da Ceplac, parte dos Parceiros Agrícolas, seus familiares e os Técnicos Agrícolas (Empresários Parceiros), visando formar multiplicadores. No segundo semestre de 2002, após os testes realizados no ano anterior, chegou-se à conclusão de que o programa era viável, podendo assim ser multiplicado em todas as glebas da VJF. Hoje a polinização artificial é feita pelos próprios parceiros e suas famílias, principalmente mulher e filhos com idade acima de 16 anos.

É uma prática que exige boa visão e coordenação motora, pois as flores do cacaueiro são pequenas e bastante sensíveis. A polinização manual é realizada com uma pinça comum, de ponta fina, para retirar o pólen da flor doadora e depositar no estigma da flor receptora; um tubo de isopor para acondicionar as flores doadoras de pólen; e fita leitosa para marcação da plantas e quantidade de flores polinizadas. As flores doadoras de pólen são coletadas no mesmo dia da prática e a polinização sempre é feita nas horas mais frescas do dia, de preferência pela manhã.



Naturalmente a polinização das flores do cacaueiro é feita por pequenas moscas da família Díptera, gênero Forcipomya. Esses insetos/mosquinhas, por serem larvas semi-aquáticcas, se reproduzem na natureza em locais do tipo bromeliáceas, pseudo-caules de bananeira, detritos orgânicos e cobertura morta. Sendo assim, evitar a destruição destes locais e redução da aplicação de agrotóxicos é de suma importância para uma maior produtividade das plantas. Outro inseto que também colabora com a polinização é uma pequena formiga denominada caçarema (Azteca chartifex), que expele uma substância que atrai os insetos polinizadores.

O modelo seguido na empresa estabelece a realização da polinização artificial de no máximo 40 flores por planta, utilizando pólen de cacaueiros autocompatíveis em especial da variedade Catongo (flor branca), no período de 7 meses no ano (março, abril, maio, junho, outubro, novembro e dezembro), época com maior número de flores viáveis. Um homem poliniza em média 350 flores por dia, com índice de pegamento de 50% (avaliado de 7 a 15 dias após a realização da prática) e índice de sobrevivência de 70%. Em média, cada 900 flores polinizadas resultam em 1 @ (arroba*) de cacau seco colhida.
*1@ de cacau equivale a 15 kg de amêndoas secas
Breve Revisão Bibliográfica
Apesar do cacaueiro apresentar flores hermafroditas e homógamas, sua polinização se limita quase exclusivamente ao concurso de algumas espécies de micromoscas Forcipomyia, embora insetos tais como tripes, formigas e afídeos possam promover polinização acidental (Chapman; Soria, 1983) citado por Dias, 2001.
A polinização artificial no cacaueiro tem sido estudada na região cacaueira da Bahia, principalmente, para verificar o grau de compatibilidade entre plantas que apresentam tolerância à doenças (Pinto,1998). Em se tratando de polinização, Dias (2001) destaca que o número de pólen por flor é cerca de 14 mil e, recomenda uma leve fricção no estigma com até três anteras. Na produção comercial de frutos é uma técnica controversa para uso rotineiro, pois depende do preço do produto, do operador, do clone e das condições ambientais. O índice de pegamento na polinização artificial em geral é inferior a 20% (Sodré et al., 2003).
Sodré et al. (2003) concluíram em seu trabalho que semelhanças estruturais do estilete, ovário e estigma, identificadas através de técnicas em microscopia eletrônica, sugerem que os grãos de pólen podem germinar nesses pontos e não apenas no estigma da flor do cacaueiro, aumentando desta forma a eficácia no pegamento ao se fazer a polinização artificial também nestes pontos.

Referências Bibliográficas
DIAS. L. A. S. Melhoramento Genético do Cacaueiro. FUNAPE, UFG, Viçosa, MG, 2001, 578 p.
PINTO, L.R.M & PIRES, J.L. Seleção de Plantas de Cacau Resistentes à Vassoura-de-bruxa. Ilhéus. CEPLAC/CEPEC.1998. Boletim Técnico nº 181.
SODRÉ, G. A. et al. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) para estudo de características morfológicas da flor do cacaueiro. Agrotrópica, v. 15, nº 3, 2003, Ilhéus, BA, Brasil, CEPLAC/CEPEC.

Barragem de Pedra - Jequié - BA


sexta-feira, 1 de maio de 2009

CIGARRINHA DAS PASTAGENS

As cigarrinhas são uma das principais pragas das pastagens. Causam grande prejuízo à pecuária nacional, reduzem a capacidade de suporte e degradam pastagens formadas pelas mais diversas gramíneas em vários pontos do território nacional. Estima-se que elas ocorrem em cerca de 10 milhões de hectares de gramíneas, provocando prejuízo de até 90%, dependendo das espécies, do tipo de gramínea, das condições climáticas e do manejo do pasto. A diferenciação das espécies é feita na fase adulta. a Deois flavopicta apresenta duas listras transversais amarelas em cada asa e o corpo avermelhado (Figura 1).

Deois flavopicta

A espécie Zulia entreriana possui uma maior variabilidade no padrão alar, que vai desde uma coloração escura com uma listra transversal em cada asa até a formação triangular de três faixas amarelas em cada asa.
FASES DE DESENVOLVIMENTO
As cigarrinhas, durante o desenvolvimento, passam por três diferentes fases: ovo, ninfa e adulto. Na fase de ovo, quando as condições de umidade e temperatura são baixas, entram em diapausa (quiescência), podendo permanecer nesse estágio até 200 dias.
Na fase jovem, (ninfas) não possuem asas, são de coloração branco-amareladas e permanecem fixas na base das plantas, próximo ao solo, sugando a seiva e produzindo espuma branca típica(Figura 2), que envolve todo o seu corpo até a emergência dos adultos.
Espuma em que são encontradas ninfas das cigarrinhas
Na fase adulta, três ou quatro dias após a emergência, a fêmea começa a desovar, sendo que na 1ª postura coloca cerca de 30 a 50 ovos. O ciclo de ovo a ovo varia com as diferentes espécies, mas, em geral, dura ao redor de 60 dias (Tabela 1).

TABELA 1 - Ciclo biológico de Zulia entreriana(Berg.)Deois flavopicta(Stal) e Deois schach(Fabr.)(Alves, 1986).


O número de gerações (2 a 4) depende da duração desse ciclo de vida e da duração do período chuvoso. Para o Estado de São Paulo, o pico populacional ocorre entre fevereiro e março, sendo que os ovos colocados a partir de abril entram em quiescência por falta de umidade adequada do solo. Portanto, essa flutuação é dependente do balanço hídrico da região.
DANOS ÀS PASTAGENS
As cigarrinhas causam danos em diversas gramíneas utilizadas em pastagens, sendo as mais importantes pertencentes aos gêneros Brachiaria, Panicum e Cenchrus. As ninfas, persistem por mais tempo em contato com as plantas e são as principais depauperadoras das gramíneas na fase inicial, sugando a seiva continuamente, desde a eclosão dos ovos até a fase adulta. Devido ao hábito de sugar a seiva continuamente, as ninfas depauperam rapidamente a planta causando seu desequilíbrio hídrico e obrigando-a a absorver um volume maior de água do solo. Os adultos também sugam a seiva das plantas e ao mesmo tempo injetam uma substância tóxica que causa o bloqueio do floema e xilema. Sob pastejo e atacadas pelas cigarrinhas, as plantas, após um certo período começam a amarelar, o que resulta na "queima" de toda a pastagem e na diminuição de sua capacidade de suporte. Calcula-se que 25 cigarrinhas adultas por metro quadrado, em 10 dias, reduzem em 30% a produção do pasto atacado. Em média admite-se prejuízo de 15% na produção de massa verde. Acredita-se que o controle deve ser iniciado após a constatação de uma população média entre 20 e 25 ninfas grandes por metro , para se evitar grandes danos econômicos.
MANEJO DAS PASTAGENS
Az medidas seguintes tem como objetivo minimizar o ataque, ou diminuir a incidência das cigarrinhas nas pastagens.
NA INSTALAÇÃO DA PASTAGEM: - preferir a diversificação de espécies forrageiras, mantendo-se pelo menos 30% de espécies resistentes e 70% de espécies suscetíveis (Tabela 2); - para solos mais férteis recomendam-se, como resistentes, os capins Jaraguá, Colonião, Setária, Estrela, Brizantão; - para solos pobres, os capins Gordura e Andropogon; consorciação de gramíneas e leguminosas.
PASTAGENS ESTABELECIDAS: - dividir em piquetes, adotando-se pastejo alto, com rotação e rodízios adequados, observando-se as recomendações de altura do capim; - manutenção de áreas de refúgio para predadores (matas e capoeiras) ao longo das grotas e manutenção de faixas de vegetação nativa e/ou espécies de plantas que forneçam alimentos e abrigos a pássaros insetívoros (anu, bem-te-vi, andorinha, galinha-de-angola) e também outros grupos de predadores, como aranha e insetos.
TABELA 2 - Nível de resistência à cigarrinhas das pastagens, das gramíneas disponíveis comercialmente (adaptado de Cosenza, 1981).


CONTROLE BIOLÓGICO
Para o controle das cigarrinhas, devem-se evitar: a) queima das pastagens; b) pastejo excessivo ou superpastejo; c) utilização de inseticidas; d) aplicação do fungo Metharhizium em áreas que receberam fungicidas ou herbicidas (NAVES, 1980). De-marcar as áreas de maior infestação na época do pico populacional (fevereiro), quando haverá maior concentração de ovos no solo. A partir de novembro (1ª geração da praga), devem-se realizar amostragens, com rede entomológica nos fogos anteriormente demarcados e, quando se constatar a presença dos primeiros adultos, fazer aplicação com inseticida. O controle biológico ou microbiano é realizado com aplicações do fungo Metharhizium anisopliae (produto Metarril), executadas com o aparecimento da segunda e terceira gerações de ninfas, que constituem a fase mais suscetível do ciclo biológico do inseto, utilizando-se de preferência, pulverizadores terrestres (200 a 300 litros de água /hectare). Este controle torna-se mais eficaz se for executado em pastagens com 25 a 4 0 cm de altura, com objetivo de evitar a ação indesejável da radiação ultra violeta sobre o fungo. Condição de elevada umidade, seguida de veranicos, e temperatura na faixa de 25° a 27°C são também indispensáveis para obtenção de bons resultados no controle. Vários fatores influenciam a ação do fungo, entre os quais as condições microclimá- ticas da região, raça do fungo, quantidade do produto e manejo da pastagem. É necessário considerar esses aspectos a fim de obter êxito no tratamento biológico. De acordo com ALVES (1998), o fungo Batkoa ocorre naturalmente sobre as cigarrinhas das pastagens, podendo ser disseminado com o uso de cadáveres das cigarrinhas. Trata-se de fungo muito eficiente.
Eng.ª Agr.ª Heloísa Sabino PratesSAA/CDA - Campinas - SP

Mercado Antes

Mercado Hoje

Polinizãção artificial em cacaueiro



Prática utilizada por algumas fazendas da região cacaueira da Bahia, para promover o aumento da produção e produtividade. Utilizada também para diminuir o problema da inter e autoincompatibilidade de alguns clones recomendados pela Ceplac.

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