terça-feira, 9 de junho de 2009

MAO, UMA QUESTÃO DE ESTATÍSTICA


Helenilson Chaves.
Nos anos 60, Mao Tsé-Tung lançou a Revolução Cultural, onde imprimia de maneira pragmática ações que fariam da China continental e atrasada uma nação desenvolvida.
Ele promoveu uma política de ruptura com os valores tradicionais, abriu mão da gloriosa e milenar história chinesa, aboliu livros e outras manifestações artísticas e criou a Guarda Vermelha, formada por jovens idealistas, que seriam os guardiões da Nova Ordem.
A Revolução Cultural contemplava ainda uma mudança drástica no campo, reformulando de forma abrupta os tradicionais manejos agrícolas, sem que os agricultores estivessem preparados para isso.
O resultado real dessa “Nova Ordem” foi levado ao Grande Timoneiro, como Mao gostava de ser chamado. A exposição mostrava gráficos que registravam mais de 30 milhões de mortos, vitimas da fome que assolou os campos e as cidades.
Mao, silencioso, observou os gráficos que traziam as más notícias. Levantou-se, pegou um apagador, e simplesmente suprimiu aqueles dados, que mostravam o flagelo de milhões de pessoas.
Problema resolvido: o grande líder chinês apagou 30 milhões de pessoas da memória chinesa. Nas estatísticas, elas nunca existiram. Foram um traço suprimido pela burocracia maoísta.
Procuro fazer um paralelo entre a tragédia da Revolução Cultural Chinesa com o que vem ocorrendo há décadas na Região Cacaueira.
Em função da crise que se abateu sobre o Sul da Bahia, agravada pela insensibilidade dos nossos governantes, cerca de três milhões de pessoas estão sendo penalizadas.
Será que seremos transformados em simples traço estatístico?
Enquanto o Governo Federal não resolver a questão da lavoura cacaueira em sua essência, reconhecendo inclusive que produtores foram levados a práticas erradas e agravaram ainda mais a terrível situação em que viviam, nossas esperanças estarão dizimadas. Seremos uma espécie de parias dessa nova era da economia brasileira.
Os governos estadual e municipal não têm muito que fazer a não ser oferecer promessas que demoram a se concretizar ou nunca se concretizam.
O esfacelamento do setor rural é incontestável. Empresas outrora ativas e precursoras de oportunidades, esmagadas já não reagem.
Será que já nos acostumamos com a perda do status quo?
É preciso que o Governo Federal avalie com profundidade a dimensão da tragédia que está em curso no Sul da Bahia.
O Brasil tornou-se uma potência capitalista na América Latina.
Empresta dinheiro para a Venezuela, a Bolívia, o Peru e outros países.
Com tamanha disponibilidade, não seria o caso de estender essas benesses à Região Cacaueira, cuja capacidade de investimentos esgotou-se?
As exigências bancárias e o endividamento inviabilizam qualquer ação que possa redundar em atividades desenvolvimentistas. Empresas que aqui se instalam geram empregos, mas seus lucros são remetidos para suas matrizes, ao contrário do que ocorre com os empreendedores locais, com raízes na nossa região.
É chegado o momento de o Governo Federal adotar políticas públicas que nos tirem da condição de traço estatístico e permitam que a nossa região se torne um grande pólo econômico. Vontade de trabalhar e espírito empreendedor não faltam; o que falta é apoio governamental.
O nosso grande salto adiante deverá se dar através do desenvolvimento e, nesse sentido, recorremos agora ao bom exemplo da China, que aprendeu com os erros do passado, optou por um novo modelo econômico e transformou na maior potência emergente do mundo.
Helenilson Chaves é empresário, diretor-presidente do Grupo Chaves e ex-presidente da Associação Comercial de Itabuna.

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"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

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