domingo, 12 de julho de 2009

BIODIVERSIDADE IGNORADA


Potencial econômico dos biomas do País é totalmente desconhecido
O Brasil se orgulha de ter a maior biodiversidade do planeta. Somadas as riquezas biológicas da Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga, o País abriga mais espécies de plantas, animais, fungos e bactérias do que qualquer outro. Ótimo. Mas e daí? Para que serve essa biodiversidade? Quanto dessa riqueza biológica é convertida em riqueza econômica e desenvolvimento para o País - além de render belas fotografias?
"Muito pouco" até agora, segundo especialistas que participarão da 61a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realiza em Manaus. As estatísticas mostram que o tão alardeado e cobiçado potencial econômico da biodiversidade brasileira está longe de ser capitalizado a contento.
O Estado que serve de anfitrião para o evento ilustra bem isso: com um território gigantesco e 98% da cobertura vegetal original preservada, o Amazonas tem mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados de floresta tropical intacta, habitada por uma riqueza incalculável de espécies. Mas qual é a importância dessa biodiversidade na economia do Estado?
"Não tenho um número exato para te passar, mas é próximo de zero", diz o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, Odenildo Sena. O Estado com a maior área de floresta tropical do mundo sobrevive da produção de motocicletas e aparelhos eletrônicos na Zona Franca de Manaus.
O encontro, que acontece até sexta-feira, aborda o tema Amazônia: Ciência e Cultura. Trata-se de um mega evento que reúne cerca de 18 mil participantes, entre pesquisadores, docentes, estudantes, autoridades e gestores do sistema de ciência, tecnologia e inovação.
EXPORTAÇÕES
A importância da biodiversidade na pauta de exportações brasileiras também é pequena e fragmentada. Muitos dos principais produtos do agronegócio não têm raízes na biodiversidade nacional. Soja, café, cana-de-açúcar, laranja, gado zebuíno - todas espécies exóticas, trazidas de outros continentes e adaptadas pelo esforço de cientistas e produtores.
Entre os produtos "nativos" do Brasil, o que mais pesa na balança comercial é a madeira, com efeito colateral gravíssimo, que é a destruição da floresta. Quebrar esse paradigma - encontrar maneiras de transformar riqueza biológica em riqueza econômica sem acabar com a biodiversidade no processo - é um dos maiores desafios da ciência na Amazônia. "Não queremos manter um santuário ecológico; temos 25 milhões de pessoas na região que precisam sobreviver", argumenta Sena. "Precisamos tirar proveito dessa biodiversidade e, para isso, precisamos pesquisá-la, gerar conhecimento sobre ela".
Exploração do conhecido
Além de investir na descoberta de novos produtos - que podem ser desde uma molécula até uma fibra, uma essência, uma bactéria, um peixe ou uma árvore inteira -, é preciso focar esforços nas espécies já conhecidas. É o que defende o pesquisador Alfredo Homma, economista da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém.
"Biodiversidade não é só madeira, não é só a cura do câncer. Também é borracha, açaí, castanha, palmito, cacau", diz.
Os mercados da Amazônia estão abarrotados de produtos oriundos da natureza - frutas, fibras, óleos, ervas, peixes e uma infinidade de sabores e odores típicos da cultura regional. Mas são poucos os que atingem escala industrial. Mesmo exemplos de sucesso internacional, como o açaí e a castanha-do-pará, permanecem associados a sistemas extra-tivistas de baixos rendimento e valor agregado.
SAIBA +
A 61- Reunião Anual da SBPC, que começa hoje, conta com cerca de 160 atividades, entre conferências, simpósios, mesas-redondas, grupos de trabalho, encontros e sessões especiais. Serão realizados 47 minicursos e cinco sessões de pôsteres, com apresentação de mais de 2 mil trabalhos científicos. E todos vão tratar de temas relativos à Amazônia.
A cerimônia de abertura será às 19h, nas escadarias do Teatro Amazonas - principal patrimônio cultural arquitetônico do Amazonas. Estarão presentes à solenidade os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e da Educação, Fernando Haddad.
Jornal de Brasília (DF)
12/07/09

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