domingo, 12 de julho de 2009

A VEZ DOS SUSTENTÁVEIS


Políticas social e ambiental já fazem parte da pauta de gestão das empresas
Bruno Santamaria
Haverá espaço, no futuro do sistema capitalista, para empresas que não atendem às demandas ambientais e não se preocupam com o bem-estar da comunidade? A resposta é não, segundo empresários ouvidos pelo Jornal de Brasília. Para eles, dificilmente uma companhia conseguirá sobreviver, no cenário globalizado, se desprezar ações de consciência ambiental e virar as costas para o progresso cultural e social.
No Brasil, as empresas estão cada vez mais atentas ao conceito de sustentabilidade. Criado em 1987 por representantes de Estado das Nações Unidas, e da sociedade civil, o termo, antes restrito a práticas de preservação ao meio ambiente, ganhou contornos mais amplos e chega com força ao País. Hoje, para uma companhia ser considerada sustentável, ela precisa preencher os seguintes requisitos: ser ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente aceita.
No DF, algumas companhias já incorporaram ao seu planejamento práticas para melhorar a qualidade de vida da população. "Não vejo futuro para empresas que ignorem essas ações. Quem quiser permanecer bem colocado no mercado precisa ter bem claro o conceito de sustentabilidade em suas metas", garante o diretor da Paulo Octávio Investimentos Imobiliários, Marcelo Carvalho.
SALTO DE QUALIDADE
Ele afirma que já observou um salto qualitativo na empresa assim que foram adotadas as primeiras iniciativas visando o bem-estar das pessoas. "Nosso lema é tornar a empresa sempre mais atual e atrativa. Nossa postura é de vanguarda e nosso retorno tem sido bastante positivo", relata. Uma das medidas capitaneadas pela companhia é o programa de alfabetização para funcionário.
"Percebi que após iniciarmos os cursos de alfabetização e outros treinamentos, nossos funcionários passaram a desenvolver uma técnica mais eficiente de trabalho", conta Marcelo Carvalho. Segundo ele, a preocupação ecológica também não foi esquecida. "Nossos projetos de moradia procuram adotar uma paisagem ambiental correta, com reciclagem de água de limpeza e decoração com plantas do cerrado. Queremos tornar a vida nesses locais mais harmoniosa", explica.
A empresa de telefonia Claro segue o mesmo caminho. A gerente de Responsabilidade Corporativa da companhia, Carime Kanbour, afirma que a médio e longo prazos, será difícil uma empresa obter uma gorda fatia do mercado sem olhar para o lado ambiental e social. "Além disso, a sustentabilidade promove outros benefícios. Leva a empresa a fazer uma revisão constante das ações internas, aperfeiçoando nosso trabalho", avalia Carime.
CONSCIENTIZAÇÃO
O trabalho de conscientização ambiental é feito por meio do programa ClaroReclcla que promove a reciclagem de aparelhos de celulares e baterias. "Por meio desse projeto, nossos clientes e funcionários depositam em nossas lojas o lixo eletrônico. Depois disso, esse material é recolhido por uma recicladora sem qualquer custo para a Claro. Todos ganham", observa Carime.
A gerente de Responsabilidade Corporativa da Claro conta que um instituto foi criado pela empresa para promover ações na área de educação. "Estamos desenvolvendo games, em parceria com a Universidade da Bahia, sobre temas como a Revolução Francesa!", afirma ela.
Carime sublinha que a postura da empresa está ancorada na crença de que as atividades trazem benefícios para todos. "Acreditamos que, dessa forma, poderemos trazer ferramentas mais modernas que despertem o interesse dos estudantes", acrescenta.
SAIBA +
Quatro empresas brasileiras estão no topo do ranking de sustentabilidade das 50 maiores da América Latina .
As quatro que se destacaram são Cia. Paulista de Força e Luz, Petrobras, Embraer e TAM. É a terceira vez que as brasileiras participam da classificação.
Floresta em xeque
O Brasil ocupa um lugar de relevo na agenda verde por abrigar, em suas dimensões continentais, 60% da Amazônia, além do Pantanal. No entanto, a preservação da maior floresta equatorial do mundo vem dividindo, cada vez mais, a opinião de especialistas. Alguns acadêmicos avaliam que manter a floresta em pé, além de gerar altos custos, não é a maneira econômica e socialmente mais viável de se lidar com ela.
Um dos defensores dessa ideia é o cientista brasileiro Robert Dall"Agnol. Ex-próreitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA), propõe soluções para a região que aliem conservação da mata ao desenvolvimento econômico e sustentável.
"A Amazônia não pode continuar isolada ou ser preservada de forma irracional como vem sendo feito historicamente. Precisamos de alternativas que gerem atividades econômicas e garantam melhor condição de vida às 20 milhões de pessoas que habitam essa região. É hora de refletirmos sobre o velho romantismo da preservação", argumenta.
Membro da Academia Brasileira de Ciências, o ex-próreitor avalia que estudos e pesquisas são o pontapé inicial para a elaboração de medidas que assegurem a independência e auto-sustentabilidade da região. "Defendo uma revolução científica e tecnológica que forneça soluções viáveis para a floresta".
Uma das maneiras, segundo Dall"Agnol, de proporcionar o autodesenvolvimento da região é a exploração ordenada de atividades relacionadas à mineração. "Precisamos dividir a Amazônia em microrregiões, fazer um zoneamento equilibrado para que a área seja explorada".
O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) comunga da mesma linha de pensamento do cientista da Universidade Federal do Pará. Um dos primeiros políticos do País a erguer a bandeira da ecologia, diz que conservação deve vir junto com desenvolvimento econômico. (BSM)
Pólo para bioindústria
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) afirma que o primeiro passo no sentido de aliar ecologia e economia já foi dado pelo governo brasileiro, que estaria estudando proposta para tornar a floresta um pólo de bioindústria.
"O governo estuda uma proposta para viabilizar a bioindústria ligada à produção de cosméticos e fitoterápicos", disse.
Na avaliação do deputado, o Brasil ocupa hoje papel relevante na formulação de energias alternativas no cenário internacional. "Somos pioneiros no lançamento de biocombustíveis como o etanol, sendo internacionalmente respeitados por isso".
Como forma de pressionar as empresas a reduzir a emissão de gases tóxicos, o parlamentar defende que o governo adote a mesma decisão do norte-americano de criar uma taxa para indústrias poluentes. Segundo Gabeira, todas as empresas que excederem o limite de emissão de gás carbônico serão multadas.(BSM)
JORNAL DE BRASÍLIA (DF)
12/07/09

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"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

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