Só quem visita Ilhéus, sul da Bahia, consegue comer chocolate sentindo o cheiro de Gabriela e vendo, ao vivo, o cenário do famoso romance de Jorge Amado. Fui um desses privilegiados. Na verdade, Ilhéus é uma cidade muito familiar para mim.
Fui testemunha dos bons tempos da lavoura, quando a região concentrava a maior produção mundial de cacau. Vi também a decadência provocada pela vassoura de bruxa (a doença que mata a planta e o fruto, impôs a milhares de produtores, os dissabores da falência, o desemprego de mais de 300 mil trabalhadores). Hoje, a região amarga o quinto lugar no ranking mundial.
Durante a gravação da reportagem, tive a satisfação de testemunhar o empenho de muitos fazendeiros para enfrentar as dificuldades e alcançar o padrão de qualidade exigido pelas indústrias de chocolates finos. E com um detalhe muito importante: produção de boas amêndoas, preservando as técnicas tradicionais de colheita e secagem, protegendo os fragmentos que ainda restam da Mata Atlântica.
E numa das fazendas pude matar a saudade de um gostinho único, que só cacau é capaz de proporcionar: saborear a polpa da fruta, logo depois de colhida, chupando os caroços, as amêndoas e bebendo o mel. É uma sensação tão prazerosa que dá a impressão de estar comendo chocolate fresquinho, ao pé da planta de onde ele sai.
Mas quem quiser saber como é bom, tem de vir ao sul da Bahia provar.
Um abraço,
Ter, 23/12/08
Zé Raimundo
Fonte: http://especiais.bomdiabrasil.globo.com/bomdiabrasilespecial/tag/bahia/
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