sábado, 25 de abril de 2009

A Demanda da Santa CAL (cont.)

O Dr. PhD Gonçalo Amarante Pesquisador da Unicamp, chefe do Projeto Genoma do Cacau, em visita recente, teceu algumas conjecturas acerca do fenômeno:
1. O vento da motobomba levou ao aumento da polinização;

2. Efeito anti-séptico no caule. Como sabemos, as plantas de cacau têm grande quantidade de limo no seu caule e quanto mais fraca a planta, maior a quantidade desse material. A cal pode ter um efeito de diminuir esse limo facilitando o surgimento de flores nas almofadas florais. Isso poderia ser uma razão para o aumento da frutificação;

3. Controle local de pH. A cal tem um efeito imediato de alcalinização, neutralizando localmente a acidez. Muitos fungos gostam de ambiente ácido e verificamos preliminarmente, nos primeiros trabalhos realizados com a vassoura de bruxa, que o pH do ramo infectado é diferente do pH do ramo saudável. No ramo infectado verificamos também a produção de óxidos, superóxidos e outras fontes de radicais livres, que seguramente poderiam ser anulados ou reduzidos pela presença da hidroxila. Portanto, se a alteração de pH realmente fizer parte do mecanismo da formação da vassoura de bruxa - a qual tem como efeito negativo drenar nutrientes das plantas - é possível que uma hidroxilação local possa afetar esse balanço prejudicando a ação da doença (não apenas do fungo em particular, mas das conseqüências da interação desse com a planta; muito do que ocorre na doença não é efeito direto do fungo, mas indireto da ação da planta na tentativa de combater o fungo);

4. Aumento da disponibilidade de nitrogênio. A presença de nitrogênio em maiores quantidades parece ser essencial para a mitigação da doença, possivelmente por dessincronizar o fungo e a planta. Um dos problemas na absorção de nitrogênio pela planta e do seu aumento na circulação é a acidez. Por essa razão uma das técnicas fundamentais empregada por Edvaldo Sampaio, é a correção de solo, com aplicação de calcário e gesso. Essa aplicação é essencial para maximizar o efeito da uréia, que é uma forma de nitrogênio. O calcário age por vários ano e é aplicado em enormes volumes, de toneladas por ha. Assim sendo, pensar que a cal, aplicado na proporção de 8 kg por ha, poderia ter uma ação direta no solo é pouco provável. Entretanto, é possível que a cal, devido a já estar na forma de base, possa sim tem uma ação rápida, beneficiando o processo de captação e remobilização de nitrogênio em uma forma de pulso. Ou seja, com efeito rápido, mas transitório. E esse efeito pode estar ocorrendo exatamente nos momentos de "decisão" da planta em fazer frutos. O nome é esse mesmo. Existem processos fisiológicos que concorrem dentro de uma planta e, a depender da sinalização resultante dessa interação, a planta pode chegar a decisão de que está na hora de frutificar.

5. Frutos evitam a vassoura. Conforme dito, há uma competição entre frutificação e formação de vassoura. Há portanto a possibilidade que a aplicação de cal, por motivos que ainda não conhecemos, leve a uma mobilização para a produção de frutos, reduzindo assim a quantidade de nutrientes disponível para a formação de vassouras. Esse portanto me parece o cerne da questão. Existem mecanismos que levam a mobilização correta dos nutrientes para o fruto e a cal pode estar atuando ai, assim como as técnicas de Edvaldo Sampaio, permitem isso, sincronizando a fotossíntese com a produção de frutos, e portanto dessincronizando para a produção de vassouras.

6. Existem algumas outras possíveis explicações, essas um pouco mais complicadas, que deixarei para depois.

CONCLUSÃO: VALE A PENA TENTAR!!!
São muitas interrogações, questionamentos, e devemos repensar, reinterpretar, avivar o debate salutar para poder avançar, vislumbrar novos caminhos, juntar práticas e experiências às novas alternativas e esperar os preciosos resultados do Dr. Gonçalo, Ceplac e dos produtores que estão testando a novel prática.
Eu arriscaria aqui ainda a fazer um teste. Entendo que fazer remoção de vassoura equivale a “enxugar gelo”: tira-se 10 e aparecem 50. Remove-se 49 e esquece uma. Essa que fica é suficiente para infectar novas 100 e por ai vai. Mas agora, com a possibilidade da cal, sugerimos aos colegas que façam um teste procedendo a remoção de vassoura em algumas plantas bastante atacadas. Por exemplo, em 10 plantas, afastadas umas das outras. Em cinco dessas plantas apliquem a cal após a remoção e nas outras 5 não apliquem. Eu arriscaria prever que com a aplicação da cal, após a remoção, o ressurgimento de vassouras nessas plantas deverá ser diminuído. Isso é apenas um sentimento, que vale a pena testar.
Para os mais céticos deixo a recomendação do Apóstolo S.Paulo....“Examinai tudo. Retende o bem” (I Tessalonicenses 5:21)
A Demanda (procura) da Santa Cal reavivou o texto antigo ressaltando o seu valor para nós hoje; o romance de cavalaria é um tipo idealizado que fornece um discurso para todas as situações e fatos possíveis da vida. Veja início desta postagem
Atentamente
Antônio Walter de Oliveira Rocha Júnior
Engº. Agrônomo

Um comentário:

  1. SENHORES,
    Popularmente diz-se que 'QUEM NÃO ARRISCA NÃO PETISCA'.
    O SR. CECÍLIO acreditou, arriscou e temos muito o que agradecer ao mesmo.
    Acredito que após praticamente 20 anos da chegada da 'vassoura de bruxa' esse é o primeiro método palpável, possível de ser utilizado pelo produtores rurais (pequenos,médios) que efetivamente viveram e/ou ainda conseguem viver do cultivo do cacau. Método esse que até o momento tem tido sucesso absoluto. Quem ainda não foi, faça um esforço e visite a fazenda onde o SR. CECÍLIO, iniciou as aplicações do CAL HIDRATADO e poderá constar, in loco, essa nova realidade que está a surgir diante de nós todos, espero que de forma irreversível.
    Sucesso a todos nós.
    VIVA DEUS!!!

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"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

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