sábado, 18 de abril de 2009

Cultivo do Maracujá

Petrus Luiz de Luna Pequeno1


Introdução

O maracujá é uma trepadeira originária da América Tropical, que pode atingir de 5 a 10 m de comprimento, e exige sistemas de condução, que são suportes que se assemelham a "cercas" ou caramanchões.

É um fruto rico em minerais e vitaminas, principalmente A e C. Possui ainda princípios ativos nas folhas que são usados como sedativo e antiespasmódico. Apresenta frutos com peso entre 43 e 250 g. A produtividade média é de 12 a 15 t/ ha, havendo potencial para produção de 30 a 35 t/ha. Seu cultivo é indicado para regiões tropicais e subtropicais.

Clima e Solo

O maracujazeiro adapta-se nas regiões com altitude variando de 100 a 900 m, temperaturas entre 21 e 32º C e precipitação anual entre 800 e 1.750 mm. Deve se evitar o plantio nos períodos em que a floração possa coincidir com a estação chuvosa, por dificultar a polinização em virtude do grão de pólen "estourar" em contato com a umidade. Áreas com alta incidência de ventos, também são desaconselháveis para a cultura. Os tipos de solos ideais são aqueles profundos com textura média e bem drenados, que não sejam pedregosos, com faixa de pH entre 5,5 6,0.

Preparo do Solo

Normalmente, uma aração e uma gradagem são suficientes, dependendo das condições do terreno. Por ocasião da gradagem, se necessário, pode-se efetuar a adição de calcário para correção da acidez, de acordo com a análise de solo.

Preparo de Sementes e de Mudas

As sementes devem ser coletadas dos frutos de plantas matrizes sadias (de melhor desenvolvimento, produtividade e precocidade), previamente selecionadas. São colhidos os maiores frutos maduros, de boa qualidade e com maior quantidade de suco. Selecionados os frutos, as sementes podem secar em seu interior ou serem colhidas e colocadas em um recipiente de louça ou vidro para a fermentação, sem adição de água, por dois a seis dias. A finalidade deste procedimento é separá-las da mucilagem que as envolve. Em seguida são lavadas e colocadas sobre um papel para secagem à sombra.

As sementes devem ser usadas logo após a secagem, pois ao longo do tempo vão

perdendo sua capacidade de germinação. O fruticultor deve retirar e plantar sementes de vários frutos colhidos em diferentes plantas, e não de muitos frutos colhidos de uma mesma ou de poucas plantas. Isso se deve ao fato do maracujazeiro ser uma planta que apresenta auto-incompatibilidade.

A semeadura normalmente é feita em sacos de polietileno de 10 x 25 cm ou 18 x 30 cm, contendo uma mistura de três partes de terra para uma de esterco, sendo a mistura previamente tratada, a fim de se obter mudas sadias.

Em cada saco plástico colocam-se de 4 a 6 sementes, a 1 cm de profundidade, cobrindo-as com leve camada de terra. Quando as mudas estiverem com 3 a 5 cm de altura, efetua-se o seu desbaste deixando apenas a mais vigorosa. O transplante das mudas para o local definitivo deve acontecer quando as plantas tiverem de 15 a 25 cm de altura (ou até 30 cm). Nesta fase se inicia a emissão das gavinhas, filamentos que se enrolam nos suportes e servem para firmar as ramas do maracujazeiro, o que ocorre entre 45 a 70 dias após a semeadura.

Espaçamento

Para culturas mecanizadas o espaçamento entre linhas deverá ser de 4 m e para cultivo manual deverá ser de 2,5 metros. O espaçamento entre plantas na linha deverá ter no mínimo 5 m, sendo mais adequado o espaçamento de 6 m.

Plantio

O plantio deverá ser realizado no início das chuvas. As covas deverão ter aproximadamente 40 cm de largura, 40 cm de comprimento e 40 cm de profundidade, momento em que se aproveita para realizar a adubação orgânica adicionando-se 500 g de esterco de curral curtido por cova. Irrigam-se as plantas após o plantio, repetindo-se a irrigação sempre que necessário. Logo após o plantio no campo, as plantas devem ser tutoradas com varas ou barbantes para a condução até o arame do sistema de condução.

Calagem e Adubação

A calagem deverá ser feita de acordo com a quantidade de calcário recomendada na análise do solo, podendo ser incorporado no preparo do solo ou na cova junto com o esterco. No plantio pode-se aplicar 150 gramas de superfosfato simples e 90 gramas de cloreto de potássio. Trinta dias após o plantio, aplicar em cobertura 80 gramas de sulfato de amônio, repetindo-se duas ou três vezes espaçadas de 30 a 40 dias. No período de frutificação, aplicar 150 gramas de sulfato de amônio e 120 gramas de cloreto de potássio, por cova, repetindo-se as mesmas dosagens 160 dias após.

Sistemas de Condução

A espaldeira vertical com um único fio é um dos sistema mais utilizados. No entanto, pode ter de um a três fios de arame liso. É uma cerca formada por mourões de madeira, espaçados de 4 a 6 m, normalmente 5 m, colocando-se um fio de arame liso nº 12 no ápice dos postes e os demais, se existirem, dispostos a 40 e 80 cm respectivamente abaixo dele. De um modo geral, o sistema de condução por espaldeiras verticais é muito utilizado nos pomares brasileiros.

Recomenda-se que a cerca tenha altura livre de 2,0 m e no máximo 120 m de comprimento, constituída de postes de 10 cm de diâmetro nas extremidades e a cada 40 m utiliza-se postes com diâmetro superior a 20 cm, chamados de esticadores, os quais devem ser enterrados a pelo menos 1 m de profundidade.

Polinização

A polinização poderá ser feita por insetos ou manualmente. Neste caso o produtor deverá retirar pólen de uma flor e colocar em outra flor e jamais na mesma. Todo o

processo deverá ser feito no mesmo dia em virtude das flores permanecerem abertas por um único dia iniciando 12:30 horas e terminando a partir das 18:00 h.

Renovação e Tratos Culturais

A cada 2 anos deverá ser feita a renovação da cultura.

Tratos culturais

O roço é o método melhor empregado deixando-se o material roçado como cobertura do solo e fonte de nutrientes. Deve-se evitar o uso de grade ou enxada rotativa pelo risco de danos ao sistema radicular da planta.

Pragas e doenças

Superbrotamento

Provoca redução do tamanho da planta e brotamento excessivo dos ramos. As folhas ficam bronzeadas e amarelecidas nas margens. Ocorre queda de flores e frutos. As causas podem ser nutricionais, ataque de insetos ou de doenças. O controle deve ser preventivo, pelo uso de mudas sadias eliminação de plantas infectadas no pomar e uma adubação equilibrada.

Murcha-de-Fusário

Provocada por um fungo, acarreta murcha, amarelecimento e morte da planta em qualquer fase de desenvolvimento. Na parte inferior do caule, observa-se escurecimento interno quando se faz um corte.

Controle: É feito preventivamente através do plantio de mudas sadias, evitando-se áreas mal drenadas e com muita matéria orgânica. Evitar também o plantio de maracujá-roxo junto com a cultura e ferimentos nas raízes quando fizer a limpeza manual.

Verrugose e Antracnose

São causadas por fungos e atacam principalmente os frutos no campo e após a colheita. A verrugose caracteriza-se por lesões verrugosas na superfície do fruto, diminuindo o valor comercial do mesmo, apesar de não afetar a semente nem o suco. A antracnose, caracteriza-se por manchas circulares, deprimidas, de coloração marrom-clara a escura. As lesões afetam a polpa do fruto.

Controle: Eliminação de folhas e frutos atacados e pulverização com fungicidas cúpricos (Agrinose, Cupravit ou Cobre Sandoz) na dosagem de 250 a 350g/100 litros de água, ou fungicidas carbamatos (Manzate D) na dosagem de 150 a 200g/100 litros de água, com intervalos de aplicação de 14 a 30 dias em função das condições favoráveis às doenças.

Lagartas

Provocam destruição de folhas, corte das brotações novas e raspagem dos ramos das plantas.

Controle: inseticida à base de Bacillus thuringiensis (Dipel PM) na dosagem de 100g/100L de água, adicionando espalhante adesivo à calda de inseticida. Repetir duas vezes em intervalos semanais.

Percevejos

Provocam a queda dos botões florais e frutos novos e a murcha dos frutos maiores

que enrugam e crescem deformados.

Controle: Produtos como Carbaryl (Sevin 850 PM), podem ser utilizados na dosagem de 20g/20L de água, repetindo-se duas a três vezes, conforme a infestação, em pulverizações espaçadas de dez dias.

Moscas-das-frutas

As larvas destroem a polpa dos frutos, inutilizando-os para o consumo. Os frutos mais desenvolvidos não amadurecem e murcham.

Controle: Através de iscas envenenadas as quais devem ser aplicadas de 15 em 15 dias, apenas de um lado da planta e de forma descontínua. A isca deve ser preparada com 5 kg de melaço ou açúcar, misturados ao inseticida Fenthion (Lebaycid 500) na dosagem de 50ml/100L de água, normalmente em três aplicações espaçadas de oito a dez dias.

Podas

A poda de formação deve ser efetuada após o transplantio, colocando-se ao lado da muda, um tutor ao qual a planta é fixada periodicamente por meio de um amarrilho, ocasião em que são eliminadas todas as brotações laterais, deixando-se apenas uma haste única e contínua até atingir o primeiro fio de arame. Se o sistema de latada for de dois fios, são deixados dois brotos laterais, que são amarrados, horizontalmente, em sentidos opostos. A haste central continua sendo desbrotada, crescendo, até ultrapassar o fio superior, em cerca de 20cm, quando é feito o seu desponte, de modo a obter dois ramos, que serão presos no arame, um para cada lado. Os ramos laterais e os cordões são periodicamente fixados aos arames, até a estaca, quando é feita a poda da extremidade para favorecer o aparecimento das brotações laterais.

Dos cordões saem as brotações laterais, que crescem verticalmente e formam a cortina produtiva. Outra poda realizada é a de limpeza, onde se faz a eliminação de ramos secos e doentes, e dos ramos que alcançam o solo, deixando-os a 20cm da superfície.

Colheita

É feita quando os frutos apresentam coloração verde-amarelada cortando-se o pedúnculo. Outra maneira é a catação diária de frutos caídos ao chão, prática que deve ser evitada visto que pode levar a uma redução da vida de prateleira da fruta, perda de peso e possíveis contaminações.


1. Eng. Agrôn., M.Sc., bolsista CNPq/Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, RO.




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