quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sistema Mandala de produção agrícola

Sistema Mandala
A Mandala - palavra de origem indiana - é um desenho composto por figuras geométricas concêntricas. Do ponto, de vista religioso, é uma representação do ser humano e do universo e seu desenho pode ser empregado em outras funções. .Assim, o processo mandala é composto de círculos desenhados concentricamente. A partir do círculo central têm-se nove círculos, que
representam os planetas (Fig. 1).












Fig. 1: Plantação organizada em sistema mandala.

O Mandala ou Projeto Holístico de Produção e Sustentabilidade Ambiental Mandala. (baseado na filosofia indiana) é um sistema de irrigação comunitária baseado em canteiros ao redor de uma fonte de água. O projeto teve origem no Sebrae da Paraíba e hoje é implementado por uma série de entidades no sertão nordestino.
Foi desenvolvido pelo Dr. Willy Pessoa Rodrigues. Pode ser construído numa área bem pequena e com poucos recursos, conseguindo garantir comida e renda para o agricultor.
Numa horta, os canteiros são circulares e os aspersores são feitos com hastes de cotonetes. Nela não há uso de veneno, ou seja, agrotóxicos, e o adubo é obtido do esterco de patos, gansos - que vivem no primeiro círculo do cultivo - e peixes - que vivem em um tanque, bem no meio do cultivo.
No centro, representando o sol, fica um reservatório de água. Ao redor dele, nove círculos. Trilha-se um processo modular onde, com baixo custo, você começa a produzir o primeiro círculo. Somente quando ele estiver produzindo, você passa para o terceiro, para o quarto e assim por diante até chegar ao último.
No centro permanece a água e uma bomba pequena a bombeia para as seis linhas. Essas seis linhas fazem a distribuição dos ciclos. A água pode vir de rios, açudes, poços, e até de carros-pipa.
Além de irrigar os canteiros, o tanque pode servir para a criação de peixes e aves aquáticas. O sistema pode chegar a ocupar apenas 2 mil metros quadrados.
O primeiro círculo é destinado à criação animal. Pode ser estabelecido uma espécie de curral. O número de animais, depende da disponibilidade e recurso de cada um.
Quanto ao controle de pragas, galinhas podem ficar soltas no meio dos canteiros. Elas ciscam e se
alimentam de insetos que atacam as plantas.
Em resumo, no centro, situam-se o reservatório de água, no primeiro círculo, as criações, nos círculos restantes, horta, pomar, e cultivo de grãos. Além de sistemas de produção, pode-se desenvolver também uma série de equipamentos alternativos, que têm custo pequeno, mas facilitam muito a vida do agricultor. A bomba d’água pode ser feita a partir de uma bicicleta. Pedalando, o agricultor movimenta aros e roldanas, que levam a água até o sistema de irrigação. A bicicleta funciona em qualquer lugar, dispensando energia elétrica, óleo diesel, ou gasolina. Ela chega a irrigar uma área de 500 a mil metros quadrados.
O aspensor de cotonete também sai barato. Ele leva uma haste e um pedaço de arame. Basta esquentar a ponta do cotonete, apertar com alicate e preencher com arame. Ele serve de guia na hora de cortar a lateral do cotonete. Depois deve-se entortar a ponta, retirar o arame, e instalar o aspensor na mangueira de irrigação.
O sistema distribui água uniformemente para plantações diferentes A irrigação é em forma de círculos concêntricos e com várias culturas integradas, possuindo um custo inferior à irrigação tradicional. É voltada para os pequenos proprietários ou associações rurais.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bicho-preguiça nasce em sistema de cativeiro na BA


O nascimento de um filhote de bicho-preguiça em Ilhéus (BA) aumenta a esperança de sucesso na reprodução do mamífero em sistema de semicativeiro. Os animais vivem em uma reserva de Mata Atlântica que faz parte de um projeto de preservação da espécie, desenvolvido pela Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira (Cplac).

Com quatro dias de vida, Pérola, como o filhote foi chamado, não fica distante da mãe nem por um minuto. Depois de 11 meses de gestação, a fêmea do bicho-preguiça carrega o filhote no ventre por outros nove meses. Durante este tempo, ela o protege e prepara para a sobrevivência na mata.

Atualmente, 35 bichos-preguiça recebem cuidados na Ceplac. Muitos deles chegam à comissão com ferimentos. Em 2004, dois filhotes nasceram na reserva de Ilhéus, mas não sobreviveram.

O bicho-preguiça é nativo da Mata Atlântica e na reprodução, dá apenas uma cria por vez.
(Fonte: G1)

sábado, 25 de abril de 2009

Cursos de Agrofloresta

Cursos de Agrofloresta com Ernst Götsch na Fazenda São Luiz
Curso Básico e Curso Avançado

Curso Básico Agrofloresta de 01 a 03/05/09

Para iniciantes

Tópicos do Curso:
Princípios de Sistemas Agroflorestais dirigidos pela sucessão natural;
Recuperação de áreas degradadas criando agroecossistemas parecidos aos ecossistemas naturais na forma, funcionamento e dinâmica;
Plantio diversificado;
Cultivo consorciado das anuais e bianuais como criadores de florestas complexas compostas por espécies frutíferas e florestais;
Planejamento da agrofloresta a curto, médio e longo prazo;
Análise de espécies de plantas presentes como indicadoras;
Análise do estágio de sucessão das espécies;
Plantio direto com sementes e estacas.
Planejamento e plantio de hortas agroflorestais.
Chegada dia 30/04 a partir das 17;00hs ou no próprio dia 01/05 - Início dia 01/05 às 8;30h e término dia 03/05 às 17;00hs

Curso Avançado Manejo Agro Florestal de 07 a 10/05/09
Dirigido para pessoas que já conheçam e pratiquem agrofloresta, que tenham como objetivo aprofundar seus conhecimentos e trocar experiencias com outros produtores e/ou extensioniostas agroflorestais.
Tópicos do Curso:
1. Diagnóstico e avaliação de agroflorestas em diferentes estágios
2. Práticas de manejo com capina seletiva, poda e picagem da biomassa
3. Estratificação das plantas na evolução do sistema
4. Sucessão
5. Observação e entendimento das funções das plantas e dos seres vivos na sucessão
6. Planejamento e funções de consórcios e entidades agroflorestais
7. Trocas de experiências dos participantes
8. Apresentação de experiências dos participantes interessados em compartilhar
Chegada: dia 06/05 a partir das 17:00 ou no próprio dia 07/05Início: dia 07/05 ás 8:30Término: dia 10/05 ás 15:00

O curso básico será prático e teórico e terá a duração de 3 dias. Faremos o diagnóstico e o plantio de Agroflorestas, em especial hortas agroflorestais em função da estação do ano.
O curso avançado será prático e teórico, com troca de experiências dos participantes. Terá a duração de 4 dias. Faremos o diagnóstico e o manejo em áreas agroflorestais antigas.
Ernst Götsch é um agricultor pesquisador suíço, radicado no Brasil há mais de 20 anos. Iniciou áreas experimentais de Sistemas Agroflorestais em sua fazenda, na zona cacaueira da Bahia, no pujante Município de Piraí do Norte, numa terra considerada totalmente improdutiva e transformou essa área numa das terras mais produtivas de toda a Mata Atlântica. Conseguiu reflorestar mais de 300 ha de áreas degradadas em florestas altamente produtivas, sem utilizar adubos químicos ou agrotóxicos, levando ao ressurgimento de 17 nascentes. Sua visão pioneira da evolução e função das espécies, bem como os princípios de seus sistemas, é aplicável em qualquer ecossistema e constitui uma referência internacional no desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais - uma nova visão de agricultura que reconcilia o ser humano com o meio ambiente. É uma referência no assunto e ministra cursos e consultorias no Brasil e no exterior formando muitos profissionais.
A Fazenda São Luiz desenvolve sistemas agroflorestais desde 1997, já contando com aproximadamente 10 hectares de agroflorestas em diferentes idades. Na Fazenda é desenvolvido o Projeto Arte na Terra de educação ambiental que trabalha com grupos usando como material pedagógico a agrofloresta, o patrimônio histórico da fazenda, a vida rural de produção agropecuária e o ambiente natural que conta com cachoeiras, trilhas em matas ciliares e no cerrado. A Fazenda é também a sede da Ong Mutirão agroflorestal cuja missão é a difusão da agrofloresta, e já organizou diversos mutirões agroflorestais para plantios e manejos. Este é o quinto curso de agrofloresta com o Ernst Gotsch promovido na fazenda.
VAGAS LIMITADAS!
Local: Fazenda São Luiz - localizada entre os municípios de São Joaquim da Barra e Morro Agudo, região nordeste do Estado de São Paulo, a 80 km de Ribeirão Preto. www.fazendasaoluiz.com *As indicações de acesso serão enviadas junto com a confirmação da inscrição.
Investimento: Curso Básico - 3 dias: R$ 420,00 por pessoa
Curso Avançado - 4 dias: R$ 480,00 por pessoa- Inclui todas as refeições, em fogão á lenha e com cardápio agroflorestal, e estadia nos alojamentos da fazenda (um feminino e um masculino com capacidade para 20 pessoas em cada). - O pagamento pode ser facilitado em até 3 vezes.- A estadia pode ser numa casa sede da fazenda vizinha ao local do curso por R$ 35,00/diária (limite de 12 pessoas).
Deve-se fazer reserva para esta opção.
Inscrições:As inscrições devem ser realizadas por e-mail e com o depósito de R$ 150,00 em conta corrente com comprovante de pagamento scaneado. O restante deverá ser pago no curso. O pagamento da inscrição garante a vaga no curso.
E-mail: http://br.mc1104.mail.yahoo.com/mc/compose?to=denise@fazendasaoluiz.com (por favor indique o interesse pelo curso básico ou avançado)Tel.: (16) 3859-8006 com Denise e Rodrigo Promoção: Fazenda São Luiz e Mutirão Agroflorestal

Dados para Depósito:Banco ITAÚRodrigo Junqueira B. de CamposAG. 0426C/C: 23004-1CPF: 746779268-91
IMPORTANTE
Traga o seu facão, chapéu, alegria e muita disposição!
Ajude-nos a divulgar este curso!

A Demanda da Santa CAL (cont.)

O Dr. PhD Gonçalo Amarante Pesquisador da Unicamp, chefe do Projeto Genoma do Cacau, em visita recente, teceu algumas conjecturas acerca do fenômeno:
1. O vento da motobomba levou ao aumento da polinização;

2. Efeito anti-séptico no caule. Como sabemos, as plantas de cacau têm grande quantidade de limo no seu caule e quanto mais fraca a planta, maior a quantidade desse material. A cal pode ter um efeito de diminuir esse limo facilitando o surgimento de flores nas almofadas florais. Isso poderia ser uma razão para o aumento da frutificação;

3. Controle local de pH. A cal tem um efeito imediato de alcalinização, neutralizando localmente a acidez. Muitos fungos gostam de ambiente ácido e verificamos preliminarmente, nos primeiros trabalhos realizados com a vassoura de bruxa, que o pH do ramo infectado é diferente do pH do ramo saudável. No ramo infectado verificamos também a produção de óxidos, superóxidos e outras fontes de radicais livres, que seguramente poderiam ser anulados ou reduzidos pela presença da hidroxila. Portanto, se a alteração de pH realmente fizer parte do mecanismo da formação da vassoura de bruxa - a qual tem como efeito negativo drenar nutrientes das plantas - é possível que uma hidroxilação local possa afetar esse balanço prejudicando a ação da doença (não apenas do fungo em particular, mas das conseqüências da interação desse com a planta; muito do que ocorre na doença não é efeito direto do fungo, mas indireto da ação da planta na tentativa de combater o fungo);

4. Aumento da disponibilidade de nitrogênio. A presença de nitrogênio em maiores quantidades parece ser essencial para a mitigação da doença, possivelmente por dessincronizar o fungo e a planta. Um dos problemas na absorção de nitrogênio pela planta e do seu aumento na circulação é a acidez. Por essa razão uma das técnicas fundamentais empregada por Edvaldo Sampaio, é a correção de solo, com aplicação de calcário e gesso. Essa aplicação é essencial para maximizar o efeito da uréia, que é uma forma de nitrogênio. O calcário age por vários ano e é aplicado em enormes volumes, de toneladas por ha. Assim sendo, pensar que a cal, aplicado na proporção de 8 kg por ha, poderia ter uma ação direta no solo é pouco provável. Entretanto, é possível que a cal, devido a já estar na forma de base, possa sim tem uma ação rápida, beneficiando o processo de captação e remobilização de nitrogênio em uma forma de pulso. Ou seja, com efeito rápido, mas transitório. E esse efeito pode estar ocorrendo exatamente nos momentos de "decisão" da planta em fazer frutos. O nome é esse mesmo. Existem processos fisiológicos que concorrem dentro de uma planta e, a depender da sinalização resultante dessa interação, a planta pode chegar a decisão de que está na hora de frutificar.

5. Frutos evitam a vassoura. Conforme dito, há uma competição entre frutificação e formação de vassoura. Há portanto a possibilidade que a aplicação de cal, por motivos que ainda não conhecemos, leve a uma mobilização para a produção de frutos, reduzindo assim a quantidade de nutrientes disponível para a formação de vassouras. Esse portanto me parece o cerne da questão. Existem mecanismos que levam a mobilização correta dos nutrientes para o fruto e a cal pode estar atuando ai, assim como as técnicas de Edvaldo Sampaio, permitem isso, sincronizando a fotossíntese com a produção de frutos, e portanto dessincronizando para a produção de vassouras.

6. Existem algumas outras possíveis explicações, essas um pouco mais complicadas, que deixarei para depois.

CONCLUSÃO: VALE A PENA TENTAR!!!
São muitas interrogações, questionamentos, e devemos repensar, reinterpretar, avivar o debate salutar para poder avançar, vislumbrar novos caminhos, juntar práticas e experiências às novas alternativas e esperar os preciosos resultados do Dr. Gonçalo, Ceplac e dos produtores que estão testando a novel prática.
Eu arriscaria aqui ainda a fazer um teste. Entendo que fazer remoção de vassoura equivale a “enxugar gelo”: tira-se 10 e aparecem 50. Remove-se 49 e esquece uma. Essa que fica é suficiente para infectar novas 100 e por ai vai. Mas agora, com a possibilidade da cal, sugerimos aos colegas que façam um teste procedendo a remoção de vassoura em algumas plantas bastante atacadas. Por exemplo, em 10 plantas, afastadas umas das outras. Em cinco dessas plantas apliquem a cal após a remoção e nas outras 5 não apliquem. Eu arriscaria prever que com a aplicação da cal, após a remoção, o ressurgimento de vassouras nessas plantas deverá ser diminuído. Isso é apenas um sentimento, que vale a pena testar.
Para os mais céticos deixo a recomendação do Apóstolo S.Paulo....“Examinai tudo. Retende o bem” (I Tessalonicenses 5:21)
A Demanda (procura) da Santa Cal reavivou o texto antigo ressaltando o seu valor para nós hoje; o romance de cavalaria é um tipo idealizado que fornece um discurso para todas as situações e fatos possíveis da vida. Veja início desta postagem
Atentamente
Antônio Walter de Oliveira Rocha Júnior
Engº. Agrônomo

A Demanda da Santa CAL

Trazendo a nossa memória a vetusta história, e fazendo uma paráfrase da nossa visita à Fazenda da Cal, com “A Demanda do Santo Graal” que é a mais famosa novela de cavalaria a integrar o ciclo arturiano, conjunto de textos em verso ou em prosa que se ocupam da personagem do rei Arthur, seus cavaleiros e a Távola Redonda. Merlin, Lancelote, Tristão e outras figuras lendárias integram a fantástica narrativa da busca pelo Cálice Sagrado isto é, o vaso onde fora recolhido o sangue de Cristo na cruz e que, segundo a lenda, Jesus teria usado na última ceia com seus discípulos, símbolo da comunhão derradeira e definitiva entre Deus e os homens. Desde então, o cálice passou a significar também um lance doloroso e, com 'A Demanda do Santo Graal', seus significados ampliam-se de tal maneira que tudo aquilo que nos fascina, transforma e alimenta por um momento breve – deixando um gostinho de 'quero mais' – pode ser comparado ao Graal.

E foi exatamente isso que permeou nosso sentimento quando realizamos aquela visita a Fazenda da Cal do Parceiro Sr. “Santo” Cecílio, na última 3ª feira (14/04) com mais de 30 “cavaleiros produtores”, assentados em 7 veículos, rompendo com fé e destreza uma íngreme, estreita e escorregadia estrada.

A localização da fazenda é logo depois de S.José da Vitoria, (2 Km), via BR-101, entrando á direita sentido Sul, em ramal de terra e pedras por cerca de 3-4 km.

O Sr Cecílio é um pernambucano, extremamente simpático, com amplo e sincero sorriso estampado no alto dos seus 73 anos de idade e um vigor invejável, é um verdadeiro entusiasta do cacau, realmente um produtor rural que faz jus a sua luta e a essa expressão.

O que pudemos observar na lavoura foi algo bastante peculiar a nossa atual realidade. Plantas depauperadas, estado vegetativo precário, ataques de pragas (Monalonion), e podridão (Phytophthora) mas extremamente carregadas. Nesse ponto ocorre realmente um FENÔMENO, que foge aos padrões atuais da nossa região: ”Flores desde os troncos até os galhos... cocos de cacau amarelos, cor de ouro... não há nada mais bonito no mundo que uma roça de cacau quando os cocos estão de vez, amarelos, iluminando a sombra das árvores”. (AMADO, Jorge in São Jorge dos Ilhéus, p 78). Isso, em início do mês de abril, nos impressiona, salta aos olhos tamanha pujança! Nos deixa embasbacados, realmente estupefatos, pasmos ao ver tanto cacau!!! Em qualquer ponto da roça, totalmente homogênea, esse quadro se repete. Predomina os cultivares de cacau comum, (parazinho), mas há também muitos híbridos e clones.

O Sr. Cecílio é meeiro há dois anos, e o único trato cultural que foi dado na roça, foi a roçagem e a desbrota muitas vezes á machado. Existem áreas bem sombreadas e outras mais arejadas. O relevo da fazenda é ondulado, a forte ondulado, com colinas de topo arredondado, vertentes côncavas de dezenas de metros e vales em “V” aberto, com pequena erosão laminar e solos com aparência a bruno acinzentado muito escuro, franco arenoso; estrutura fraca a moderada, muito pequena a pequena granular, com presença de grãos lavados de areia; friável, plástico e pegajoso; terra boa, fértil, e sem necessidade de calagem. No entanto, o uso de um solo fértil nem sempre implica em alta produtividade, pois esta é resultante da interação de vários fatores, inerentes á planta, ao clima, ao solo e às condições de manejo. Identificam-se 54 fatores que, em conjunto, determinam a produtividade. A produção poderá ser limitada em solos férteis com impedimentos físicos, que provocam restrições ao transporte dos nutrientes e ao desenvolvimento do sistema radicular. No entanto, um solo produtivo deve apresentar fertilidade elevada, ou ter sido, previamente, corrigido, o que não ocorreu nos solos do Sr. Cecílio, pelo menos a mais de 10 anos, sem um grama sequer de fertilizante. Ele mostrou-me a recente Análise de Solo, onde prescinde a necessidade de calagem.

Ele nos relatou que no primeiro ano (2007) colheu pouco mais de 200@, no 2º ano (2008) mais de 600@ e certamente só no atual temporão colherá mais de 600@! Seguramente, a confirmar-se a eficácia do método, e se não houver outros fatores contrários, ultrapassará as mil @ neste ano (2009). Ele faz duas aplicações anuais de Cal (CaO) hidratado, por ocasião dos lançamentos de março e setembro. Pudemos observar vassouras em ramos em estágio verde e seco, sem agressividade aparente e apenas uma esporulando. Alguns frutos atacados pela VB, mas quase nenhum “morango”. Muito pouco, principalmente em comparação com a vizinhança, onde os pés estão sem carga e com forte ataque do fungo (Moniliopthora perniciosa).

O que presenciamos foi resultado do trabalho, esforço insistente e totalmente empírico de um singelo operário do cacau. Ele disse: “uma luz divina me iluminou”!

Convém salientar que a fazenda apresenta um quadro de precariedade, e que segundo o Sr, Cecílio, estava condenada ao abandono e a desinformação e que ele mesmo estava quase desistindo do cacau quando recebeu a iluminação de Deus, fazendo-o recordar-se das práticas antisépticas utilizadas na lavoura da cana-de-açúcar em Pernambuco. A aplicação da Cal vai assegurar a produção e níveis de produtividade compensadoras, haja visto seu baixo custo (R$0,60 o kg). Custos operacionais com gasolina, óleo 2 Tempos, mão-de-obra, manutenção dos motores e EPI(Equipamento de Proteção Individual). Um operário aplica por dia, tranqüilamente, 15 a 20 ha e com a ajuda do vento, melhor ainda. Cremos que o principal mérito da nova técnica, reside no fato de que está acessível ao produtor e constitui-se num salto qualitativo que certamente representará um esforço de qualificação da lavoura e quiçá, a derrota da insidiosa VB que nos assedia tenazmente. Outro fator extremamente relevante é que não é agrotóxico, não há preocupação com resíduos para o homem e a natureza. O Sr. Cecílio não apenas inovou em termos de práticas agrícolas, mas também no que significa em termos de racionalidade técnica, econômica e ecológica, imprimida à lavoura atendendo à crescente exigência por produtos mais naturais. Confesso que havia certo ceticismo de minha parte quanto à quantidade aparentemente ínfima da Cal,(8 kg/ha), mas ao presenciar a aplicação, pude ver seu efeito alastrador imediato. Outro fato que levantou dúvidas entre os visitantes foi a eficácia e função da Cal, na cultura do cacau, e pude contribuir com os inquiridores explicando que tal produto é amplamente utilizado como base da Calda Bordalesa, que é um tradicional fungicida agrícola, resultado da mistura simples de sulfato de cobre, cal hidratada ou cal virgem e água.Tem eficiência comprovada sobre numerosas doenças fúngicas da videira, caquizeiro, citros e de outros cultivos. Possui também ação contra bactérias e determinadas pragas. Eu próprio já apliquei bastante na lavoura do cacau, como fungicida, contra a Podridão Parda (Phytophthora) além de ser aplicada como anti-séptico contra o Mal-de-facão (Ceratocystis cacaofunesta).

A aplicação do Sr. Cecílio é extremamente simples: A motobomba é preenchida com cal hidratado - Hidróxido de Cálcio usado para a construção - e pulverizada sobre toda a roça em uma proporção de aproximadamente 3 kg por tarefa, ou 8 kg por ha. Como não há nenhum adesivo, a maior parte dessa cal é lavada com bastante rapidez, embora tenha sido possível verificar em vários frutos que os mesmos estavam cobertos com essa "poeira" de cal. A cal que ele usa na roça é o hidróxido de cálcio, ou cal hidratado. A cal propriamente é o oxido de cálcio, CaO, fórmula que levou à popular Cal, com L. Esse CaO, quando combinado com a água, H2O, leva a formação do hidróxido de cálcio, Ca (OH)2, o qual, ao entrar em contato com a água, dissocia em OH- levando a uma alcalinização imediata. Essa é uma situação diferente da do calcário, que tem predominantemente o carbonato de cálcio, CaCO3, que é em princípio neutro, tendo a sua alcalinização lentamente, com trocas de carga no solo. Portanto, temos que levar em consideração que a Cal tem um efeito imediato na alcalinização, ou seja, na redução da acidez.

A Ceplac não pode ficar na cômoda posição de mera expectadora. A Ceplac deve mobilizar-se, testar, experimentar e tomar parte nos riscos. Cabe a Ceplac assimilar a relevância.

Em Camacan houve uma corrida em busca da Cal, esgotando todo o estoque da cidade em poucas horas e as oficinas de conserto de motores encontram-se repletas de serviço!

Foi muito gratificante ver o entusiasmo nos rostos dos visitantes O Romildo Fernandes, bastante eufórico, nos fez lembrar mais uma passagem do romance “São Jorge dos Ilhéus, do nosso AMADO Jorge: “era o grito que João Magalhães soltara quando, ao chegar de Ilhéus saltou do cavalo na porta da roça... Don’Ana, vamos enriquecer de novo!

Aqui não poderia olvidar de tecer um parágrafo em atenção especial ao Paulo Cortizo que mesmo tendo um vizinho aplicando a nova técnica, ficou sabendo através do seu Barbeiro em Buerarema e não se absteve em divulgar ao máximo, inclusive distribuindo um CD (que demonstra a novidade), de maneira totalmente abnegada e altruísta! A atitude e o desprendimento de Paulo Cortizo, coaduna perfeitamente com a frase de Albert Schweitzer que disse: “Só serão realmente felizes os que procuram e encontram um meio de servir”.A Bíblia também nos diz: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” (Eclesiastes 11.1). Isso significa claramente uma lei espiritual, a lei do retorno! Tudo volta até nós. Muita coisa na vida é fruto das nossas escolhas e atitudes. E entre atitudes que trazem coisas boas, está dividir o que se possui, ajudando aos outros quando for possível, pois na matemática espiritual e emocional, quem divide, multiplica! Precisamos perceber - e talvez esse mal (egoísmo e individualidade), seja pior que a vassoura-de-bruxa – que o único meio de multiplicar a felicidade é dividindo-a! Ninguém cresce sozinho, o crescimento é mútuo, na proporção que eu ajudo também sou ajudado. Por causa da Lei da reciprocidade, as pessoas egoístas já estão sentenciadas à autodestruição. Sêneca disse: ”Se me oferecessem sabedoria, com a condição de guardá-la só pra mim, sem comunicar a ninguém, não a quereria.”

Certamente a visita á Fazenda da Cal foi um bálsamo ao meu espírito quebrantado e árido e um colírio aos meus olhos ver tanto cacau! E foi bem aprazível e mais fácil caminhar com pessoas abnegadas, altruístas como o Sr. Cecílio e Paulo Cortizo.

Mesmo conscientes da fragilidade das nossas teorias, em toda sua singeleza e aspectos de sua dinamicidade, achamos que Vale a pena!!!

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Antônio Walter de Oliveira Rocha Júnior

Engº. Agrônomo

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Importância do sal mineral na nutrição de ovinos

A mineralização dos ovinos é uma prática zootécnica viável do ponto de vista prático e econômico, principalmente quando deseja-se aumentar a produtividade desta espécie animal, sendo indispensável para os diferentes sistemas de produção de todas as regiões do Brasil (SILVA SOBRINHO, 2001). A maioria das deficiências minerais que ocorrem em ruminantes está associada a regiões específicas, diretamente relacionada às características do solo. Neste sentido, animais criados em pastagens provenientes de solos que tenham algum tipo de deficiência mineral e que não recebam nenhum tipo de mineralização, provavelmente apresentarão sintomas de carência de um ou mais minerais. No Brasil, a deficiência de fósforo é a mais comum em todos os ruminantes criados em pastagens. Aproximadamente, 5% do peso vivo do animal é constituído de minerais, podendo esta concentração variar em função da idade, espécie, raça e do próprio indivíduo (MARTIN, 1993). Entre os minerais, alguns são exigidos em maior quantidade pelo organismo dos animais, são os chamados macro-minerais: cálcio, fósforo, sódio, cloro, magnésio, potássio e enxofre. Por outro lado, existem os micro-minerais que são exigidos em menores quantidades, sendo: zinco, ferro, cobre, selênio, cobalto, molibdênio, manganês e flúor. É importante destacar que todos os macro e micro-minerais são igualmente importantes e que a falta de um deles limita o desempenho animal como um todo. O sal mineral deve ser oferecido durante todo o ano, tanto para animais criados em confinamento como em pastagens. Na época de maior disponibilidade de pasto (período chuvoso), a suplementação deve ser mantida, pois diversos trabalhos científicos provaram que nesta época os animais necessitam de maior aporte de minerais, já que apresentam maior potencial para ganho de peso devido à maior oferta de proteína e energia proveniente das forragens. Como a maioria dos produtores não mineraliza seus rebanhos na época das chuvas (devido à falta de cochos cobertos ou por desinformação), o início do período da seca é caracterizado por consumo excessivo de suplementos minerais, quando fornecidos. Desta forma, devem ser tomadas precauções para diminuir os riscos de intoxicação dos animais, haja vista a quantidade de uréia que geralmente é incluída nestes suplementos (UCHOA, 2003). Ovinos criados em pastagens geralmente apresentam carências nutricionais múltiplas, principalmente na época seca do ano. Sendo assim, o fornecimento de misturas minerais múltiplas que disponibilizem proteína, energia e minerais constitui uma opção viável para suprir a necessidade de nitrogênio não protéico dos microorganismos do rúmen, além de favorecer o consumo e a digestão da forragem por meio do estímulo da ação fermentativa microbiana ruminal (PAULINO, 1999). No Brasil, já existem suplementos minerais formulados especificamente para ovinos, o que não justifica usar suplementos de outras espécies animais, como os de bovinos. Além de não atender as exigências dos ovinos, os suplementos formulados para bovinos não podem ser utilizados devido aos níveis de cobre, o que acarreta, muitas vezes, em intoxicação seguida de morte dos ovinos, já que esses animais são sensíveis a altas concentrações deste mineral. Outra questão importante é o manejo do cocho, pois de nada adianta oferecer suplementos minerais de alta qualidade se não houver possibilidade de consumo adequado. Por isso, algumas recomendações devem ser adotadas no manejo dos cochos destinados à suplementação mineral dos rebanhos ovinos: - Verificar se a altura do cocho permite que todos os animais daquela categoria tenham livre acesso aos suplementos; - Proteger os suplementos contra perdas causadas por ventos e chuvas; neste sentido, os cochos cobertos são as melhores opções; - Inserir os cochos em locais de fácil acesso pelos animais, em áreas onde eles pastejem normalmente e que não sofram alagamentos em épocas chuvosas; - Fornecer os suplementos a cada 3 dias, no máximo, para evitar perdas e que se tornem compactados, úmidos, mofados e contaminados com fezes e urina; - Fornecer suplementos que sejam bem aceitos pelos animais; - Atentar quanto ao fornecimento constante dos suplementos. Assim, é importante destacar a necessidade de suplementação mineral dos rebanhos ovinos, utilizando produtos específicos para esta espécie animal e que sejam oferecidos constantemente, visando melhorar os índices produtivos e o desempenho dos animais.

Pesquisa quer viabilizar torta de mamona para ração animal

A torta de mamona é usada no Brasil apenas como adubo orgânico em jardinagem por conter altos teores de nitrogênio, potássio e fósforo e ainda por agir como controladora de nematóides do solo. No entanto, as pesquisas da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) apontam que seu uso como ração é uma alternativa interessante como fonte protéica para animais de médio e grande porte. O produto será apresentado no Show Rural Coopavel, exposição em Cascavel (PR), que acontece de 9 a 13 de fevereiro. Para tornar a ração um produto viável é preciso neutralizar a ricina e ricianina, substâncias tóxicas e alergênicas presentes nas sementes da mamona. Pessoas não protegidas e em contato contínuo com essas substâncias podem apresentar quadros de conjuntivite, faringite, dermatite e bronquite. Os altos teores em rações levam os animais à morte. De acordo com o pesquisador José Luis Asqueri, testes indicam que a detoxicação e desalergenização da torta pode ser feita por processos de extrusão combinados com outras variáveis como adição de ácidos, bases, sais e enzimas, cisalhamento e aquecimento da torta a temperaturas que variam de 80ºC a 140ºC, à seco, úmido ou vapor com diferentes tempos de exposição ao calor. "A equação destas variáveis determinará o processo mais eficiente para tornar a ração um produto seguro e de qualidade nutricional para animais. Essa iniciativa interessa a produtores de mamona que poderão criar sistemas mais integrados de lavoura e pecuária, otimizando os recursos via aproveitamento de co-produtos (resíduos) da extração do óleo de mamona", afirmou o pesquisador. O projeto é liderado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos e envolve outras quatro unidades da Embrapa (Algodão/Campina Grande-PB; Caprinos e Ovinos/Sobral-CE; Agroindústria Tropical/Fortaleza-CE; e Biotecnologia e Recursos Naturais/Brasília-DF), além das parcerias das Universidades (Estadual do Norte Fluminense; e Federal de Alagoas) e da empresa I.C.B. Wooly Indústria e Comércio, de Mogi Mirim (SP). Esta é responsável pelos testes em escala industrial do processo de detoxicação. O Show Rural Coopavel (www.showrural.com.br) é uma oportunidade de integração entre produtores, empresários, técnicos e pesquisadores para discutir inovações na agricultura familiar, agroindústria, agroecologia, integração lavoura-pecuária, biotecnologia, informática e meio ambiente. As tecnologias da Embrapa estarão organizadas em dois espaços: a Casa da Embrapa e a Vitrine Tecnológica.
Fonte : EMBRAPA CAPRINOS E OVINOS

quarta-feira, 22 de abril de 2009

38º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola.

38º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola
(Juazeiro-BA./Petrolina-PE., de 02/08/2009 00:00 até 06/08/2009 23:55)
A Comissão Organizadora local, formada por professores e pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf, Embrapa Semi-Árido e Escola Técnica Federal de Pernambuco – CEFET-Petrolina, juntamente com a Associação Brasileira de Engenharia Agrícola – SBEA têm a honra de convidá-los a participar do 38º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA a ser realizado nas cidades de Juazeiro - BA e Petrolina - PE, no período de 2 a 6 de agosto de 2009.

No dia 22 de abril comemora-se o dia Planeta Terra

No dia 22 de abril comemora-se o dia do Planeta Terra, iniciativa que pretende despertar a consciência na população de todo o mundo sobre maneiras de colaborar na preservação do meio ambiente através de simples medidas cotidianas.
Há 39 anos, no dia 22 de abril de 1970, aconteceu o primeiro protesto em caráter nacional contra a poluição do planeta. O então o Senador norte-americano Gaylord Nelson, na época estudante de Harvard, organizou eventos para discussão e desenvolvimento de projetos sobre o meio ambiente. O movimento ganhou, ano após ano, outros países como adeptos, incluindo o Brasil, que uniu-se oficialmente à causa em 1990.
O problema - Grande parte dos 510,3 milhões de m² do planeta Terra está sendo destruída por nós, humanos, que somos inconsequentes no proveito do meio ambiente. As florestas estão cada vez mais desmatadas, os rios mais poluídos, o ar mais carregado, o céu mais acinzentado. Como consequência disso tudo, vem o aquecimento global, que por sua vez derrete as geleiras, faz com que o nível do mar aumente, ameaça biosfera e contribui para a proliferação de doenças. Muito esgoto é lançado in natura nas águas, muito lixo é jogado nas ruas e a reciclagem ainda é uma palavra conhecida por poucos.
Para amenizar o quadro desolador, existem ONGs, empresas e outras iniciativas públicas e privadas preocupadas em fazer o mínimo que seja para que a Terra saia desta situação. Hoje, há uma estimativa de que 500 milhões de cidadãos em 85 países fazem algo especial pelo ambiente no dia 22 de abril. Não que a mobilização durante um dos 365 dias do ano possa mudar muita coisa, mas já é um passo para desenvolver a sensibilidade ambiental coletiva e tentar salvar o Planeta. Aproveite esta data para colaborar. Economize energia, evite desperdícios e poluição. Cuide do lixo que você produz.
Para mantermos o equilíbrio da Terra é necessário ter consciência do que deve ser feito. Se os recursos naturais, essenciais para a sobrevivência humana forem esgotados, não haverá maneira de repô-los. O pensamento global deve implantar as iniciativas locais e pessoais para que cada um comece a fazer a sua parte.
(Fonte: Yahoo!)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pesquisa ajudou fazenda baiana a derrotar fungo de cacau

EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo

Se depender do sul da Bahia - mais precisamente da Ilhéus de "Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado -, os "chocólotras" podem ter mais esperanças. Vítima do fungo vassoura-de-bruxa, o cacau da região está ressurgindo, com promessa de gerar exportação, incentivar o ecoturismo e ajudar a preservar a mata atlântica.
Ramos de cacaueiro contaminado pelo fungo vassoura-de-bruxa
Um dos exemplos onde esse tripé já existe é a fazenda Porto Novo, que tem entre os sócios o geneticista Gonçalo Pereira, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"Fechamos negócio com dez navios neste verão para que turistas visitem a fazenda e compreendam desde a cabruca até como se faz chocolate", disse à Folha.
Cabrucas são plantações de cacau misturadas com árvores de mata atlântica, que refrescam o cacaueiro fazendo sombra.
A ligação de Pereira com a região surgiu quando ele resolveu estudar a genética da vassoura-de-bruxa, praga que acabou com a produção cacaueira na Bahia durante os anos 1990. A produção de cacau em Ilhéus despencou das 390 mil toneladas anuais em 1988 para 100 mil toneladas em 2000.
O tempo de prejuízos, porém, começa a virar apenas uma lembrança. Em 2005, a Porto Novo voltou a exportar. "Foram 13 toneladas de cacau. Somos o maior exportador do país", diz Raphael Hercelin, parisiense radicado em Ilhéus que agora administra os 870 hectares da fazenda.

Tentativa e erro
O mérito pelo ressurgimento do cacau em Ilhéus é repartido pela ciência, pela cultura e pelo trabalho empírico --neste caso, o crédito é de Edvaldo Sampaio, de outra fazenda.
O agrônomo, que nunca aceitou a derrota imposta pelo fungo, conseguiu fazer seus pés de cacau reagirem no campo. Primeiro com enxertos de plantas mais resistentes. Depois, com uma adubação especial. E, terceiro, induzindo o florescimento do cacau no primeiro semestre - o fungo, devido ao ciclo, ataca mais no segundo.
Quando o trabalho de Pereira deu os seus primeiros resultados, produtor e cientista uniram seus conhecimentos, e tudo foi para o campo. Sampaio, até então, trabalhava sozinho.
Hoje, explica Hercelin, a receita tem como base os dados empíricos, mas, em alguns casos, a ciência também está presente. Primeiro vem a poda para deixar o cacau forte. Depois a adubação química especial e, em terceiro lugar, o corte dos anéis da planta, necessário para alterar a data de floração.
Mas o trunfo atual da centenária cultura cacaueira baiana é a cabruca, que não existe na África. Além de o cacaueiro ficar à sombra no meio da mata, a diversidade botânica se torna maior. Assim, a área fica mais refratária a eventuais pragas.
Os produtores, dentro desse ressurgimento, reivindicam que esse tipo de plantação seja considerado área de reserva para poderem ampliá-la. Segundo Durval Mello, da ONG Instituto Cabruca, a região tem hoje 400 mil hectares de cabruca.
"Caso a cabruca não seja aceita como reserva", diz o ambientalista, "70% dela deixará de existir". O manejo, que hoje defende Ilhéus do fungo, é apenas o passo inicial. A região, mesmo investindo em cacau fino, não pode ainda produzir como a África.

sábado, 18 de abril de 2009

30° Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Jequié e a 7° Expo Nacional.

Local: Parque de Exposições Luiz Braga

Início Quarta, 13/05/2009 às 11:00
Fim : Domingo, 17/05/2009 às 20:50

PECUÁRIA ORGÂNICA: PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA UM BOM MANEJO DA CRIAÇÃO

Quando falamos de animais, normalmente esquecemos do solo. Todavia, na produção orgânica - que privilegia a criação extensiva – um dos princípios básicos é reconhecer o solo como fonte de vida. A qualidade e o equilíbrio da fertilidade do solo (manutenção de níveis de matéria orgânica, promoção da atividade biológica, reciclagem de nutrientes e intervenção controlada sem destruição do recurso natural) são essenciais para a sustentabilidade da propriedade. Assim, na produção orgânica, a saúde animal também está ligada à saúde do solo.
Outro ponto básico é a diversificação da propriedade, que pode ser alcançada com um manejo que utilize o policultivo, pastagens, sistemas agroflorestais, rotações de culturas, cultivos de cobertura, cultivo mínimo, uso de composto e esterco, adubação verde, quebra-ventos e áreas de reserva de mato. Este tipo de manejo potencializa a reciclagem de nutrientes, melhora o microclima local, diminui patógenos e insetos-praga, elimina determinados contaminantes e conserva e melhora a fertilidade do solo e a qualidade da água. É evidente, que as particularidades de cada sistema vão influenciar nestes resultados. No entanto, a diversificação por si só não é suficiente para a otimização do sistema. Faz-se necessário analisar a compatibilidade e complementaridade das explorações, visando a uma maior integração. Ou seja, a diversificação deve ser planejada de forma a integrar um conjunto produtivo (agricultura, floresta e animais), no qual cada atividade esteja relacionada na troca de materiais e benefícios com as outras. Esse procedimento visa impedir que a diversificação gere um sistema de produção descoordenado. Por isso, o planejamento é um requisito fundamental para um bom aproveitamento do potencial da propriedade, fator que permitirá uma maior independência do produtor. O objetivo de apresentar alguns procedimentos básicos para o manejo animal é a obtenção de uma produção orgânica satisfatória mantendo os animais em bom estado de saúde, sobretudo por meio de ações preventivas. Os principais procedimentos para manejo das pastagens, manejo do rebanho e instalações, nutrição e tratamento veterinário são apresentados resumidamente abaixo.

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA PRODUÇÃO ANIMAL EM AGRICULTURA ORGÂNICA

ATIVIDADES:

MANEJO DE PASTAGENS

PROCEDIMENTOSRECOMENDADOS
Uso de técnicas de manejo e conservação de solo e água; nutrição das pastagens de acordo com as recomendações; controle de pragas, doenças e invasoras das pastagens de acordo com as normas;
Pastagens mistas de gramíneas, leguminosas e outras plantas (diversificação);
Pastoreio rotativo racional, com divisão de piquetes; manter solo coberto, evitando pisoteio excessivo;
Rodízio de animais de exigências e hábitos alimentares diferenciados (bovinos, eqüinos, ovinos, caprinos e aves);

RESTRITOS
Fogo controlado para limpeza de pastagem;
Pastoreio permanente sob condições satisfatórias;
Estabelecimento de pastagem em solos encharcados, rasos ou pedregosos;

PROIBIDOS
Monocultura de forrageiras;
Queimadas regulares;
Superlotação de pastos;
Uso de agrotóxicos e adubação mineral de alta solubilidade nas pastagens;


MANEJO DO REBANHO E INSTALAÇÕES

PROCEDIMENTOSRECOMENDADOS
Raças animais adaptadas à região; raças rústicas; aquisição de matrizes de criadores orgânicos; animais de fora devem ficar em quarentena;
Instalações adequadas p/ o conforto e saúde dos animais, fácil acesso à água, alimentos e pastagens; espaço adequado à movimentação;
Número de animais p/ área não deve afetar os padrões de comportamento;
Criações de preferência em regime extensivo ou semi-extensivos, com abrigos; No caso das aves, deve haver espaço para acesso à pastagem;
Monta natural para reprodução; e desmame natural;

RESTRITOS
Raças exóticas não adaptadas; Bezerros podem ser adquiridos de convencionais até 30 dias; Aves de até 3 dias podem ser adquiridas de qualquer procedência;
Inseminação artificial sob controle;
Separação dos bezerros por barreiras;

PROIBIDOS
Raças exóticas não adaptadas;
Estabulação permanente de animais;
Confinamento e imobilização prolongados;
Instalações fora dos padrões;
Manejo inadequado que leve animais ao sofrimento, estresse e alterações de comportamento;


NUTRIÇÃO E TRATAMENTO VETERINÁRIO

PROCEDIMENTOSRECOMENDADOS
Auto-suficiência alimentar orgânica; forragens frescas, silagem ou fenação produzidas na propriedade ou de fazendas orgânicas;
Aditivos naturais para ração e silagem (algas, plantas medicinais, aromáticas, soro de leite, leveduras, cereais, outros farelos);
Mineralização com sal marinho;
Suplementos vitamínicos (óleo de fígado peixe e levedura);
Homeopatia, fitoterapia e acupuntura;
São obrigatórias as vacinas estabelecidas por lei, e recomendadas as vacinações para as doenças mais comuns a cada região.

RESTRITOS
Aquisição de alimentos não orgânicos, equivalente a até 20% do total da matéria seca para animais monogástricos e 15% p/ ruminantes
Aditivos,óleos essênciais, suplementos vitamínicos, de aminoácidos e sais minerais (de forma controlada);
Agentes etiológicos dinamizados (nosódios ou bioterápicos).
Amochamento e castração;

PROIBIDOS
Uso de aditivos estimulantes sintéticos; Promotores de crescimento; Uréia; Restos de abatedouros; aminoácidos sintéticos; Transferência embriões;
Descorna e outras mutilações;
Presença de animais geneticamente modificados;

NOTA: A título de esclarecimento, os procedimentos “recomendados” referem-se a práticas e produtos plenamente aceitos em agricultura orgânica, podendo ser utilizados sem restrições. O uso “restrito” relaciona-se a práticas e produtos que não são plenamente compatíveis com os princípios da agricultura orgânica, devendo ser limitados a usos específicos, como no caso do período de conversão. Os procedimentos “proibidos” referem-se a práticas e produtos não permitidos nos programas de certificação. O uso dessas práticas ou substâncias constitui transgressão grave, que pode resultar em cancelamento do contrato e do uso do selo oficial de garantia.
De acordo com os princípios da agricultura orgânica a atividade animal deve estar, tanto quanto possível, integrada à produção vegetal, visando à otimização da reciclagem dos nutrientes (dejetos animais, biomassa vegetal), uma menor dependência de insumos externos (rações, volumosos) e a potencialização de todos os benefícios diretos e indiretos advindos dessa integração. Portanto, como comentamos, é importante que a criação seja planejada de forma a se integrar nas demais atividades da propriedade. Na prática, a produção animal ainda está pouco integrada à produção vegetal.
No que diz respeito à alimentação dos animais, as normas recomendam a produção própria dos alimentos orgânicos (volumosos e concentrados) por meio da formação e manejo das pastagens, capineiras, silagem e feno. Neste aspecto, é importante que a maior parte da alimentação seja orgânica e venha de dentro da propriedade. Além dos bovinos, a alimentação de outros animais, deve ser complementada com material verde fresco (hortaliças, rami, guandu, gramíneas e outros). Inicialmente, os animais deverão ser alimentados com no mínimo 50% de produtos orgânicos. Com o passar do tempo serão toleradas percentagens de no máximo 20% de alimentação de origem não orgânica.
Em relação ao tratamento veterinário, o objetivo principal das práticas de criação orgânicas é a prevenção de doenças. Saúde não é apenas ausência de doença, mas habilidade de resistir a infecções, ataques de parasitas e perturbações metabólicas. Desta forma, o tratamento veterinário é considerado um complemento e nunca um substituto às práticas de manejo. O princípio da prevenção sempre vem em primeiro lugar e, quando é preciso intervir, o importante é procurar as causas e não somente combater os efeitos. Por isso, é importante a busca de métodos naturais para tratamento veterinário. O tratamento homeopático já vem sendo utilizado com bons resultados e diminuição de custos.
Em relação ao manejo do rebanho, as instalações (galpões, estábulos, galinheiros e outros) devem ser adequadas ao conforto e saúde dos animais, o acesso a água, alimentos e pastagens também deve ser facilitado. Além disso, as instalações devem possuir um espaço adequado à movimentação e o número de animais por área não deve afetar os padrões de comportamento. De forma geral, sugere-se que o regime de criação seja de preferência extensivo ou semi-extensivo, com abrigos. As mutilações de animais e utilização de substâncias destinadas à estimular o crescimento ou modificar o ciclo reprodutivo dos animais são contrários ao espírito da produção orgânica e, portanto, são proibidos. O transporte dos animais deve ser efetuado de forma a respeitar os animais, evitando qualquer tipo de brutalidade inútil. Além disso, o abatedouro deve ser o mais próximo possível das propriedades.
Em síntese, a qualidade de vida do animal tem profunda relação com a possibilidade do animal adoecer. Assim, um animal que é confinado com grande concentração de indivíduos, espaço limitado para locomoção, sem possibilidade de expressar seus modos naturais de comportamento, fica profundamente perturbado, sujeito a manifestações de estresse e sistema imunológico. Como qualquer indivíduo nessas condições, os animais ficam mais propensos a doenças. Além de ajudar no equilíbrio técnico e ecológico da propriedade, a produção animal contribuí eficazmente na geração de renda. Para se ter uma idéia, de um conjunto de 57 propriedades orgânicas que acompanhamos na região metropolitana de Curitiba, as que obtiveram melhor desempenho econômico foram aquelas que tinham a produção animal como “carro-chefe”, aliado à transformação de produtos vegetais. Todavia, constatamos algumas dificuldades para expansão mais rápida da pecuária orgânica.
Segundo os criadores que mantivemos contato no estudo citado anteriormente, para o produtor que está iniciando na pecuária orgânica o principal entrave está relacionado à dificuldade de cumprir todas as normas exigidas pela certificadora, mostradas resumidamente no quadro 1. Além disso, existe o problema da comercialização de produtos animais orgânicos pela falta de uma legislação adequada aos alimentos orgânicos de origem animal. Para ilustrar a necessidade urgente de uma legislação para o setor, vale lembrar que no Paraná um grupo de agricultores do município de Witmarsun, a cerca de 60 km de Curitiba, já vêm produzindo leite orgânico, sem ter a autorização para constar no rótulo o nome “leite orgânico”. A saída dos produtores foi colocar no rótulo uma chamada dizendo que o leite foi produzido sem a utilização de ingredientes químicos desde a produção até o empacotamento.
Para finalizar, cabe destacar que ainda existe um grande trabalho de pesquisa e desenvolvimento a ser realizado para que os consumidores possam desfrutar de derivados de produtos animais orgânicos em quantidade, qualidade, diversidade e regularidade. De qualquer forma, existem muitas oportunidades e quem sair na frente terá um bom mercado para explorar.

Moacir Roberto Darolt, Engenheiro Agrônomo, Doutor em Meio Ambiente, Pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).

Cultivo do Maracujá

Petrus Luiz de Luna Pequeno1


Introdução

O maracujá é uma trepadeira originária da América Tropical, que pode atingir de 5 a 10 m de comprimento, e exige sistemas de condução, que são suportes que se assemelham a "cercas" ou caramanchões.

É um fruto rico em minerais e vitaminas, principalmente A e C. Possui ainda princípios ativos nas folhas que são usados como sedativo e antiespasmódico. Apresenta frutos com peso entre 43 e 250 g. A produtividade média é de 12 a 15 t/ ha, havendo potencial para produção de 30 a 35 t/ha. Seu cultivo é indicado para regiões tropicais e subtropicais.

Clima e Solo

O maracujazeiro adapta-se nas regiões com altitude variando de 100 a 900 m, temperaturas entre 21 e 32º C e precipitação anual entre 800 e 1.750 mm. Deve se evitar o plantio nos períodos em que a floração possa coincidir com a estação chuvosa, por dificultar a polinização em virtude do grão de pólen "estourar" em contato com a umidade. Áreas com alta incidência de ventos, também são desaconselháveis para a cultura. Os tipos de solos ideais são aqueles profundos com textura média e bem drenados, que não sejam pedregosos, com faixa de pH entre 5,5 6,0.

Preparo do Solo

Normalmente, uma aração e uma gradagem são suficientes, dependendo das condições do terreno. Por ocasião da gradagem, se necessário, pode-se efetuar a adição de calcário para correção da acidez, de acordo com a análise de solo.

Preparo de Sementes e de Mudas

As sementes devem ser coletadas dos frutos de plantas matrizes sadias (de melhor desenvolvimento, produtividade e precocidade), previamente selecionadas. São colhidos os maiores frutos maduros, de boa qualidade e com maior quantidade de suco. Selecionados os frutos, as sementes podem secar em seu interior ou serem colhidas e colocadas em um recipiente de louça ou vidro para a fermentação, sem adição de água, por dois a seis dias. A finalidade deste procedimento é separá-las da mucilagem que as envolve. Em seguida são lavadas e colocadas sobre um papel para secagem à sombra.

As sementes devem ser usadas logo após a secagem, pois ao longo do tempo vão

perdendo sua capacidade de germinação. O fruticultor deve retirar e plantar sementes de vários frutos colhidos em diferentes plantas, e não de muitos frutos colhidos de uma mesma ou de poucas plantas. Isso se deve ao fato do maracujazeiro ser uma planta que apresenta auto-incompatibilidade.

A semeadura normalmente é feita em sacos de polietileno de 10 x 25 cm ou 18 x 30 cm, contendo uma mistura de três partes de terra para uma de esterco, sendo a mistura previamente tratada, a fim de se obter mudas sadias.

Em cada saco plástico colocam-se de 4 a 6 sementes, a 1 cm de profundidade, cobrindo-as com leve camada de terra. Quando as mudas estiverem com 3 a 5 cm de altura, efetua-se o seu desbaste deixando apenas a mais vigorosa. O transplante das mudas para o local definitivo deve acontecer quando as plantas tiverem de 15 a 25 cm de altura (ou até 30 cm). Nesta fase se inicia a emissão das gavinhas, filamentos que se enrolam nos suportes e servem para firmar as ramas do maracujazeiro, o que ocorre entre 45 a 70 dias após a semeadura.

Espaçamento

Para culturas mecanizadas o espaçamento entre linhas deverá ser de 4 m e para cultivo manual deverá ser de 2,5 metros. O espaçamento entre plantas na linha deverá ter no mínimo 5 m, sendo mais adequado o espaçamento de 6 m.

Plantio

O plantio deverá ser realizado no início das chuvas. As covas deverão ter aproximadamente 40 cm de largura, 40 cm de comprimento e 40 cm de profundidade, momento em que se aproveita para realizar a adubação orgânica adicionando-se 500 g de esterco de curral curtido por cova. Irrigam-se as plantas após o plantio, repetindo-se a irrigação sempre que necessário. Logo após o plantio no campo, as plantas devem ser tutoradas com varas ou barbantes para a condução até o arame do sistema de condução.

Calagem e Adubação

A calagem deverá ser feita de acordo com a quantidade de calcário recomendada na análise do solo, podendo ser incorporado no preparo do solo ou na cova junto com o esterco. No plantio pode-se aplicar 150 gramas de superfosfato simples e 90 gramas de cloreto de potássio. Trinta dias após o plantio, aplicar em cobertura 80 gramas de sulfato de amônio, repetindo-se duas ou três vezes espaçadas de 30 a 40 dias. No período de frutificação, aplicar 150 gramas de sulfato de amônio e 120 gramas de cloreto de potássio, por cova, repetindo-se as mesmas dosagens 160 dias após.

Sistemas de Condução

A espaldeira vertical com um único fio é um dos sistema mais utilizados. No entanto, pode ter de um a três fios de arame liso. É uma cerca formada por mourões de madeira, espaçados de 4 a 6 m, normalmente 5 m, colocando-se um fio de arame liso nº 12 no ápice dos postes e os demais, se existirem, dispostos a 40 e 80 cm respectivamente abaixo dele. De um modo geral, o sistema de condução por espaldeiras verticais é muito utilizado nos pomares brasileiros.

Recomenda-se que a cerca tenha altura livre de 2,0 m e no máximo 120 m de comprimento, constituída de postes de 10 cm de diâmetro nas extremidades e a cada 40 m utiliza-se postes com diâmetro superior a 20 cm, chamados de esticadores, os quais devem ser enterrados a pelo menos 1 m de profundidade.

Polinização

A polinização poderá ser feita por insetos ou manualmente. Neste caso o produtor deverá retirar pólen de uma flor e colocar em outra flor e jamais na mesma. Todo o

processo deverá ser feito no mesmo dia em virtude das flores permanecerem abertas por um único dia iniciando 12:30 horas e terminando a partir das 18:00 h.

Renovação e Tratos Culturais

A cada 2 anos deverá ser feita a renovação da cultura.

Tratos culturais

O roço é o método melhor empregado deixando-se o material roçado como cobertura do solo e fonte de nutrientes. Deve-se evitar o uso de grade ou enxada rotativa pelo risco de danos ao sistema radicular da planta.

Pragas e doenças

Superbrotamento

Provoca redução do tamanho da planta e brotamento excessivo dos ramos. As folhas ficam bronzeadas e amarelecidas nas margens. Ocorre queda de flores e frutos. As causas podem ser nutricionais, ataque de insetos ou de doenças. O controle deve ser preventivo, pelo uso de mudas sadias eliminação de plantas infectadas no pomar e uma adubação equilibrada.

Murcha-de-Fusário

Provocada por um fungo, acarreta murcha, amarelecimento e morte da planta em qualquer fase de desenvolvimento. Na parte inferior do caule, observa-se escurecimento interno quando se faz um corte.

Controle: É feito preventivamente através do plantio de mudas sadias, evitando-se áreas mal drenadas e com muita matéria orgânica. Evitar também o plantio de maracujá-roxo junto com a cultura e ferimentos nas raízes quando fizer a limpeza manual.

Verrugose e Antracnose

São causadas por fungos e atacam principalmente os frutos no campo e após a colheita. A verrugose caracteriza-se por lesões verrugosas na superfície do fruto, diminuindo o valor comercial do mesmo, apesar de não afetar a semente nem o suco. A antracnose, caracteriza-se por manchas circulares, deprimidas, de coloração marrom-clara a escura. As lesões afetam a polpa do fruto.

Controle: Eliminação de folhas e frutos atacados e pulverização com fungicidas cúpricos (Agrinose, Cupravit ou Cobre Sandoz) na dosagem de 250 a 350g/100 litros de água, ou fungicidas carbamatos (Manzate D) na dosagem de 150 a 200g/100 litros de água, com intervalos de aplicação de 14 a 30 dias em função das condições favoráveis às doenças.

Lagartas

Provocam destruição de folhas, corte das brotações novas e raspagem dos ramos das plantas.

Controle: inseticida à base de Bacillus thuringiensis (Dipel PM) na dosagem de 100g/100L de água, adicionando espalhante adesivo à calda de inseticida. Repetir duas vezes em intervalos semanais.

Percevejos

Provocam a queda dos botões florais e frutos novos e a murcha dos frutos maiores

que enrugam e crescem deformados.

Controle: Produtos como Carbaryl (Sevin 850 PM), podem ser utilizados na dosagem de 20g/20L de água, repetindo-se duas a três vezes, conforme a infestação, em pulverizações espaçadas de dez dias.

Moscas-das-frutas

As larvas destroem a polpa dos frutos, inutilizando-os para o consumo. Os frutos mais desenvolvidos não amadurecem e murcham.

Controle: Através de iscas envenenadas as quais devem ser aplicadas de 15 em 15 dias, apenas de um lado da planta e de forma descontínua. A isca deve ser preparada com 5 kg de melaço ou açúcar, misturados ao inseticida Fenthion (Lebaycid 500) na dosagem de 50ml/100L de água, normalmente em três aplicações espaçadas de oito a dez dias.

Podas

A poda de formação deve ser efetuada após o transplantio, colocando-se ao lado da muda, um tutor ao qual a planta é fixada periodicamente por meio de um amarrilho, ocasião em que são eliminadas todas as brotações laterais, deixando-se apenas uma haste única e contínua até atingir o primeiro fio de arame. Se o sistema de latada for de dois fios, são deixados dois brotos laterais, que são amarrados, horizontalmente, em sentidos opostos. A haste central continua sendo desbrotada, crescendo, até ultrapassar o fio superior, em cerca de 20cm, quando é feito o seu desponte, de modo a obter dois ramos, que serão presos no arame, um para cada lado. Os ramos laterais e os cordões são periodicamente fixados aos arames, até a estaca, quando é feita a poda da extremidade para favorecer o aparecimento das brotações laterais.

Dos cordões saem as brotações laterais, que crescem verticalmente e formam a cortina produtiva. Outra poda realizada é a de limpeza, onde se faz a eliminação de ramos secos e doentes, e dos ramos que alcançam o solo, deixando-os a 20cm da superfície.

Colheita

É feita quando os frutos apresentam coloração verde-amarelada cortando-se o pedúnculo. Outra maneira é a catação diária de frutos caídos ao chão, prática que deve ser evitada visto que pode levar a uma redução da vida de prateleira da fruta, perda de peso e possíveis contaminações.


1. Eng. Agrôn., M.Sc., bolsista CNPq/Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, RO.




SAF's:cacaueiros e seringueiras

Possibilidades de estabelecimento de SAFs com cacaueiros e seringueiras

A seringueira é uma espécie arbórea que, em algumas situações pode atingir até 20 metros de altura, normalmente é plantada em espaçamentos maiores e demora de sete a oito anos para entrar em produção. Tudo isso evidencia a necessidade da adoção de estratégias que venham promover um melhor uso da terra. Para tanto, alguns arranjos de plantio estão sendo recomendados pela CEPLAC para o estabelecimento das SAFs, cujos detalhes serão apresentados a seguir:

a) Introdução de cacaueiros híbridos sob seringais adultos - Este sistema pioneiro originou-se por iniciativa dos próprios produtores baianos, que decidiram introduzir cacaueiros sob o dossel de seringais decadentes. O reduzido estande de seringueiras por área favoreceu o desenvolvimento dos cacaueiros, dada a maior penetração de luz. Atualmente, esta prática tem-se tornado bastante comum entre os heveicultores da região sudeste baiana e estima-se que aproximadamente 8.000 hectares estejam em sistema consorciado com o cacaueiro. No entanto, muitos seringais foram originalmente estabelecidos no espaçamento de 7,0 m x 3,0 m o que não se adequam para o consórcio, especialmente se o estande de plantas tiverem próximo ao do original (476 plantas/ha). Além do mais, se foram formados por clones com copa mais densa e com ramificações laterais bastante desenvolvidas, proporcionando um sombreamento excessivo para os cacaueiros.

b) Plantio simultâneo da seringueira e cacaueiro em renques duplos – O plantio dos cacaueiros e das seringueiras deverá ser feito simultaneamente e em faixas alternadas, com variadas opções de espaçamento entre plantas dentro das faixas ocupadas por cacaueiros ou por seringueiras. O arranjo de espaçamento a ser adotado para ambas as culturas depende daquela que se quer privilegiar, conforme indicado na tabela 1.

Tabela 1 - Dispositivo de plantio da seringueira em renques duplos e do cacaueiro em filas quádruplas e quíntuplas.

Espaçamento Seringueira

Densidade (plantas/ha)

Espaçamento Cacaueiro

Densidade (plantas/ha)

a) Previlegiando a seringueira

13,0 m x 3,0 m x 2,5 m

500

3,0 m x 3,0 m

784

14,0 m x 3,0 m x 2,5 m

470

3,0 m x 2,5 m

941

b) Previlegiando o cacaueiro

13,0 m x 3,0 m x 3,0 m

417

2,0 m x 3,0 m

1042

14,0 m x 3,0 m x 3,0 m

392

3,0 m x 2,0 m

1176


O custo inicial de implantação é relativamente alto e, por isso, a intercalação com outras culturas de ciclos curto ou semi-perene é recomendável especialmente para pequenos agricultores. Estas gerarão receitas adicionais que poderão ajudar na amortização dos custos de manutenção das culturas principais, nos primeiros três anos. Espécies, como exemplo, milho, mandioca, mamão, banana da prata e da terra, abacaxi, feijão, andu, entre outras, são perfeitamente adequadas para esse tipo de sistema. A maioria delas também proverá um sombreamento provisório bastante adequado aos cacaueiros, além de manter a área livre de plantas invasoras, eliminando a concorrência. No entanto, é bom salientar que a adoção de culturas secundárias depende da experiência do produtor e do mercado para sua comercialização.

Uma unidade demonstrativa usando este modelo encontra-se estabelecida desde 1999 no Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC/CEPLAC) e tem servido como instrumento de difusão e orientação para extensionistas e produtores que têm interesse em adotar esse sistema de cultivo. Este sistema de plantio, inclusive já vem sendo explorado comercialmente por produtores e empresas privadas da região, a exemplo da Fazenda Porto Seguro do grupo Agrícola Cantagalo e das Fazendas Reunidas São George, apoiada pelo grupo Almirante Cacau. Nessas últimas áreas, inúmeras combinações enxerto x porta-enxerto de cacaueiros serão avaliadas e o plantio está sendo realizado em solos com diferentes topografias, porém bastantes representativos da região cacaueira baiana. Até mesmo os solos hidromórficos com pouca opção de cultivo estão sendo considerados. Uma vez que as seringueiras com maior capacidade de absorção de água, podem funcionar como uma bomba d’agua, melhorando as condições gerais de cultivo para os cacaueiros, podendo se constituir numa solução para o aproveitamento deste tipo de solos.

c) Substituição das eritrinas por seringueiras - Grande parte dos cacauais baianos, em torno de 200 mil hectares (CENEX/CEPLAC), são sombreados com eritrinas. A substituição dessas eritrinas por seringueira, espécie de alto valor econômico, está sendo encorajada diante das perspectivas promissoras do mercado mundial da borracha, além das informações tecnológicas que a CEPLAC dispõe sobre o cultivo. É importante ainda ressaltar que a eliminação das eritrinas não causará qualquer impacto ao meio ambiente, por ser uma espécie exótica ao ecossistema cacaueiro e de baixo valor econômico.

Preferencialmente, a substituição deve ser feita em áreas onde há irregularidades no sombreamento e de maneira a causar os menores danos possíveis aos cacaueiros remanescentes, quer seja em lavouras já renovadas ou em processo de renovação e também em lavouras altamente atacadas por vassoura-de-bruxa.

No primeiro caso, a eliminação das eritrinas ou outras espécies afins deve ser feita gradativamente, fazendo-se primeiramente a retirada dos galhos laterais mais grossos. Deve-se ter sempre o cuidado em manter o equilíbrio da planta para evitar danos maiores pelo seu tombamento, deixando-se ao final, a planta com apenas o fuste principal. Dependendo do fim a que se pretenda dar ao fuste, este poderá ser derrubado manual ou quimicamente.

No segundo caso, as eritrinas poderão ser derrubadas, sem os cuidados mencionados anteriormente, direcionando o tombamento das mesmas para os locais da área com maior falha de cacaueiros. Em ambas as situações a madeira deve ser aproveitada pelo mercado regional na fabricação de caixotes para mamão e hortaliças, caixão de defunto, forro entre outros usos, amortizando com isso os custos da sua substituição.

Tabela 2 – Simulação do custo adicional da renovação de 1,0 ha de cacaueiros com a substituição das eritrinas por seringueiras.

Estande da seringueira

Plantas/ha

Seringueira *

R$

Cacau**

R$

Custo Adicional da Substituição%

222

1.147,50

4.666,18

19,7

267

1.241,90

4.666,18

21,0

333

1.314,50

4.666,18

22,0

444

1.436,60

4.666,18

23,5

* custo da implantação das seringueiras mais a retirada das eritrinas.
** custo da renovação de cacaueiros considerando-se um estande de 600 plantas/ha


É importante ressaltar que na implantação deste sistema misto continuo, apenas os custos advindos do plantio das seringueiras e remoção das eritrinas serão acrescidos. E estes sofrerão variações em decorrência do espaçamento e do tipo de muda a serem utilizadas (Tabela 2).


A densidade populacional da seringueira poderá variar de 222 a 444 plantas por hectare e a mesma será estabelecida nas entrelinhas dos cacaueiros remanescentes (Tabela. 3). A opção por um ou outro espaçamento deve ser feita pelo produtor de acordo com a disponibilidade dos recursos financeiros, topografia da área, idade e densidade do cacaual, etc. Por outro lado, os custos de manutenção não sofrerão muita alteração, uma vez que os tratos culturais comumente dispensados aos cacaueiros atenderão de maneira indireta e satisfatoriamente às exigências das seringueiras.

Tabela 3 - Dispositivo de plantio da seringueira em linhas simples e renques duplos

Espaçamento da seringueira

Plantas/hectare

Espaçamento da seringueira

Plantas/hectare

9,0 m x 2,5 m

444

9,0 m x 3,0 m

370

12,0 m x 2,5 m

333

12,0 m x 3,0 m

277

15,0 m x 2,5 m

267

15,0 m x 3,0 m

222

15 m x 3,0 m x 2,5 m*

444

15 m x 3,0 m x 3,0 m*

370

*Apenas neste espaçamento em linhas duplas há redução do estande de cacaueiros para 780 plantas/ha, nos demais será mantida a mesma densidade de 1111 plantas/ha.

Considerações finais

O Estado da Bahia poderá voltar a ocupar uma posição de destaque mundial na produção de borracha e cacau, com a ampliação da área plantada com seringueiras, em sobreposição às áreas de cacau, que geralmente estão estabelecidas em solos de alta fertilidade. Se por exemplo 40% das áreas de cacau formadas pelo processo de derruba total forem consorciadas, isto irá representar em uma expansão de 80 mil hectares de seringueiras, a um custo extremamente reduzido, ou seja, no máximo até 30% a mais do custo da implantação da lavoura do cacau solteiro. A produtividade desses seringais será certamente superior à dos seringais solteiros estabelecidos em solos de menor fertilidade, visto que estarão sendo utilizados clones de alta produção e com maior resistência às principais doenças. O mesmo acontecerá com os cacaueiros que terão também as condições gerais de cultivo melhoradas.

A adoção desses sistemas irá garantir maiores oportunidades de emprego e renda, devido ao maior uso de mão-de-obra nas diferentes fases de desenvolvimento e com conseqüente fixação do homem no campo, proporcionando melhorias nas condições gerais de vida à comunidade local. Além do mais, estaremos explorando o potencial de seqüestro de carbono atmosférico das duas culturas, pois se têm registros de que as seringueiras retiram quantidades de CO2 idênticas às essências florestais, inserindo-se perfeitamente dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Fonte: Ceplac


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"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
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