terça-feira, 11 de agosto de 2009

CRISE E CLIMA MUDAM CADEIA DE SUPRIMENTO


Richard Milne, Financial Times, de Amsterdã

Indústrias estão abandonando cadeias mundiais de suprimentos e adotando redes regionais, numa grande mudança provocada pela crise financeira e por preocupações com mudanças climáticas, segundo executivos e analistas.
Empresas estão crescentemente buscando adquirir seus insumos mais perto de casa. Assim, para suas operações americanas ou europeias, é mais provável que recorram ao México e à Europa Oriental do que à China, como antes.
"Um futuro de energia mais cara e menos abundante resultará em mais cadeias regionais de suprimento", disse Gerard Kleisterlee, executivo-chefe da Philips, uma das maiores empresas europeias, ao Financial Times.
Especialistas em cadeias de suprimento concordam. A Ernst & Young ressalta que até 70% da "pegada de carbono" de uma empresa industrial podem decorrer de transportes e outros processos em suas cadeias de suprimentos.
Dan O´Regan, diretor de cadeias de suprimento da Ernst & Young, disse: "Não é apenas a perspectiva de mudanças de regulamentação, mas também o desaquecimento econômico que está obrigando muitas organizações a considerarem uma reestruturação total em suas cadeias de suprimentos. Creio que veremos cadeias de suprimentos menores e mais regionais."
Kleisterlee disse que as empresas precisam encontrar modos de construir uma economia sustentável antes da cúpula de Copenhagen sobre mudanças climáticas, em dezembro, sendo que um dos passos mais importantes é "uma reavaliação dos esquemas logísticos e de transportes em nível mundial". Ele disse que, até agora, transporte barato era sinônimo de que "o México não era competitivo com a China em termos de fornecimento a empresas americanas".
Mas agora ele prevê que empresas como a Philips passarão a usar países como a Ucrânia, em lugar de fontes asiáticas, no suprimento de insumos a empresas europeias.
David Bartlett, assessor econômico da grupo contábil RSM International, citou setores como o siderúrgico, automobilístico, aeroespacial e moveleiro, nos quais "há a percepção de que a distância em relação ao mercado realmente importa". Ele deu o exemplo do uso, pela Boeing, de fornecedores mexicanos do setor aeroespacial. "Estamos vendo uma mudança de cadeias mundiais de suprimentos para cadeias regionais".
Na Europa, há muitos exemplos recentes de empresas que vêm trazendo a produção de volta para casa ou para mais perto do mercado doméstico - da Samas, fabricante holandesa de móveis, à Zumtobel, grupo austríaco de iluminação.
O´Regan disse que diversas forças estão fazendo com que as empresas regionalizem cadeias de suprimentos, da racionalização de redes de produção e mudanças de regulamentação a pressões por rapidez da entrega e a erosão de vantagens de custo ou mão de obra que beneficiavam alguns países.
Disse Kleisterlee: "Uma crise econômica é um período em que devemos parar um instante e considerar: será este o momento para alguma mudança fundamental"?
Fonte: Valor Econômico - SP, 11/08/2009.

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