domingo, 9 de agosto de 2009

A ONDA ORGÂNICA

A maioria dos alimentos consumidos pela população são cultivados com agrotóxicos, mas, felizmente, os itens orgânicos estão cada vez mais disseminados nas mesas brasileiras
Redação Comunidade VIP
Antes de encher o carrinho do supermercado com frutas e verduras, é preciso estar de olho na procedência desses itens tão essenciais no cardápio diário. Nesse sentido, os alimentos orgânicos são os mais indicados para o consumo, por não estarem contaminados com os temíveis agrotóxicos. Produzido sem a utilização de insumos químicos e tóxicos, os orgânicos são feitos com padrões técnicos naturais que buscam assegurar a qualidade do produto final e a conservação ambiental. Outra vantagem diz respeito à qualidade de vida do próprio trabalhador rural, que evita o contato com substâncias prejudiciais à saúde. Já a produção realizada de forma convencional tem objetivo meramente econômico, sem considerar aspectos dos ciclos ecológicos, de saúde humana e ambiental. Sabor e saúde Segundo o nutricionista e permacultor Rafael de Oliveira Poubel, os alimentos orgânicos possuem melhor qualidade nutricional e mais sabor. "Eles impactam menos o ambiente em seu processo produtivo, gerando maior autonomia para os produtores", explica. Vale frisar que não existem leguminosas que absorvem mais ou menos as substâncias químicas. O que ocorre, na realidade, é que algumas culturas são mais atacadas por tipos de pragas e doenças, como é o caso do tomate, da batata, do morango, do mamão, do pêssego, da maçã, da laranja, entre outros. "Esses alimentos possuem muitos problemas fitossanitários e precisam ser tratados com agrotóxicos com muita frequência; por isso, acumulam mais resíduos de veneno", esclarece o pesquisador da Embrapa em Agricultura Orgânica, Francisco Vilela Resende. Porém, ainda existe um obstáculo que impede o consumo em grande escala dos orgânicos pela população. A oferta desses itens ainda é menor que a demanda, fazendo com que eles sejam bem mais caros. Resende argumenta que a culpa pelo valor exorbitante é o custo da certificação, selo que garante ao consumidor que ele está comprando um produto orgânico. "A produção de orgânicos exige maior esforço dos produtores, maior uso de mão-de-obra e manejo das culturas e da propriedade", justifica. Incentivo ao consumo Organizações não-governamentais lançaram projetos de incentivo ao consumo consciente dos alimentos orgânicos. Um exemplo é a compra direta, em que o consumidor passa a procurar o produtor orgânico em pequenas feiras de bairros ou grupos de compra coletiva antecipada. "Nesse caso, os valores passam a ser praticamente os mesmos dos produtos convencionais", observa Poubel. Para ele, o acúmulo de agrotóxicos a longo prazo no organismo pode levar a diversos problemas de saúde, desde processos alergênicos e enxaquecas até mesmo interferência na fertilidade e reprodução humana, comprovadamente verificada em animais. "Alguns dos componentes químicos dos agrotóxicos interferem nas funções hormonais", alerta o especialista. "Os alimentos produzidos de maneira orgânica são os que podem nos levar a uma vida mais saudável e harmônica com a natureza e com a vida em sociedade. Optando por alimentos da agricultura familiar orgânica estaremos contribuindo politicamente para um mundo melhor e mais justo, além de nossa saúde individual", finaliza Poubel. Colaborou a estagiária Karine Sousa Alimentos campeões de agrotóxicos Com o objetivo de avaliar continuamente os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos naturais que chegam à mesa do consumidor, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou, em 2001, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) que, além de fortalecer a capacidade do governo em atender a segurança alimentar, evita possíveis agravos à saúde da população. As coordenações de vigilância sanitária dos estados da Federação, que estão em parceria com a Anvisa, têm realizado procedimentos de coleta dos alimentos nos supermercados para posterior envio aos laboratórios. No ano de 2008, 17 culturas (abacaxi, alface, arroz, banana, batata, cebola, cenoura, feijão, laranja, maçã, mamão, manga, morango, pimentão, repolho, tomate e uva) foram monitoradas pelo programa com base nos dados fornecidos pela cesta básica do IBGE, além da disponibilidade destes alimentos no comércio de diferentes estados brasileiros. O pimentão foi o alimento que apresentou maior índice de agrotóxicos entre as 17 variedades de produtos comuns na mesa dos brasileiros analisados em 2008 pelo PARA. Foram coletados nos supermercados 101 pimentões para o exame toxicológico, 65 deles continham agrotóxicos em quantidade muito superior à permitida, o que significa um miligrama por quilo, com exigência de 14 dias entre a aplicação e o consumo. Isso de acordo com a legislação internacional adotada pelo Brasil e conhecida por Codex alimentarius. Outro dado que durante as pesquisas chamou a atenção da Anvisa foi o uso de agrotóxicos não permitidos em todas as culturas analisadas. Itens ativos que foram banidos dos países desenvolvidos, como acefato, metamidofós e endossulfam foram encontrados de forma irregular em abacaxi, alface, arroz, batata, cebola, cenoura, laranja, mamão, morango, pimentão, repolho, tomate e uva. "Desde 2008, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo", afirma o gerente de Toxicologia da Anvisa, José Agenor. Atrás do pimentão, o morango ficou com o segundo lugar, com 36,05% teor de agrotóxicos; seguido da uva, com 32,67%, e da cenoura, com 30,39%. No total, a Anvisa analisou, no ano de 2008, 1.773 amostras de 17 alimentos. De todos os alimentos analisados, 15,28% foram aprovados. No restante, evidenciou-se o uso irregular de agrotóxicos, produtos proibidos ou excesso de aplicação. Mas o programa também apresentou resultados positivos. O famoso arroz com feijão, monitorado pela primeira vez, apresenta índices baixos de agrotóxicos, o primeiro com 4,41% e o segundo com 2,92%. Os dados se encontram de acordo com a legislação da Anvisa. Mas há também os produtos que tiveram queda acentuada na contaminação por agrotóxicos. A batata, que em 2007 apresentava 22,2%, agora registra 2%
Fonte:Tribuna do Brasil-DF 09/08/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário

pesquise

Pesquisa personalizada

"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

Obrigado pela visita!