segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PRODUTIVIDADE OU LOUCURA?


Henrique Duarte
Vezeiro em fazer cortesia com o chapéu alheio, o presidente Lula já perdoou dívidas de países pobres da África, deu dinheiro do BNDES ao Peru para construir a rodovia transcontinental até o Oceano Pacífico, ajudou Evo Morales a dar calote no Brasil e na Petrobras. Agora, para arrematar a cesta de bondades, manda burocratas refazerem os índices de produtividade agrícola para fins de desapropriação de terras para a reforma agrária.
Acena, assim, com lenço branco ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que colocou 3 mil membros ruidosos ao redor do Palácio da Alvorada pressionando por revisão dos índices. A perspectiva de revisão, a ser feita por funcionários que não distinguem alho de rabanete, realimenta a ideologia do movimento, incansável em conquistar terras por meios escusos e ilegais.
Quando aprovados pela primeira vez, em 1970, tais índices se baseavam numa agropecuária sem tecnologia e que pouco produzia por unidade cultivada ou explorada. O gigantesco esforço dos produtores e de órgãos oficiais em direção ao imprescindível crescimento de produtividade é uma realidade que salta aos olhos.
Graças a isso, o Brasil conseguiu superar obstáculos e traduzir em melhoria de lucratividade toda a cadeia do agronegócio. Nem com isso se livraram os produtores rurais de prejuízos e de uma dívida que cresce ano a ano, estando hoje em mais de R$ 100 bilhões.
Caso os índices de produtividade sejam efetivamente alterados, ficará fácil promover desapropriações para a reforma agrária. Um hectare de soja deverá produzir, pelo suposto novo parâmetro, o dobro da média alcançada atualmente. É uma malvadeza para com os agricultores imaginar que as projeções de produtividade possam virar realidade na colheita.
Isso nunca acontece. Os financiamentos bancários, para o custeio de lavouras, levam em conta as possibilidades de produção com base em inúmeros fatores, desde a fertilidade do solo até as excelências climáticas que nunca acontecem. Não são descontadas perdas provocadas pela logística, que é uma das piores do mundo, com praticamente um só modo de transporte, o rodoviário, e estradas esburacadas. Em rodovias estaduais goianas faltam aproximadamente 12 mil metros de pontes de concreto.
É só uma das inumeráveis evidências das dificuldades que se interpõem à feitura de índices corretos de produtividade. O agronegócio ilustrou o primeiro mandato do presidente Lula. Andou mundo afora oferecendo grãos, açúcar, couro, álcool. De janeiro a julho deste ano as exportações do agronegócio renderam US$ 37 bilhões. As importações ficaram em US$ 6 bilhões. Superávit de US$ 31 bilhões.
O saldo da balança comercial foi todo ele sustentado pelo agronegócio. É injusto, agora, ao fazer novas cortesias eleitorais com o segmento que mais o azucrina, querer o presidente da República golpear os produtores, que se veriam ameaçados de desapropriação, pelo simples fato de não alcançarem os certamente elevados índices de produtividade que estão sendo criados.
Lula tomou para si o controle do PT, exercendo o mando irrestrito sem anuência ou consulta à cúpula diretiva. E, mais uma vez, aponta o dedo autoritário para uma questão que, além de técnica, somente Deus com sua benevolência seria capaz de construir um padrão de comportamento produtivo.
Isso porque, somente Ele poderia mover montanhas para equalizar o clima, chovendo ou estiando onde for preciso; destruindo as pragas sazonais onde elas eclodirem. Parece que estamos partindo para ter o nosso peculiar Grande Timoneiro. Senhor do tempo, da chuva e da razão. Senhor da fertilidade do solo, da bonança. E protetor inquebrantável do MST.
Tomara que não vingue a sordidez. E que a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, consiga de fato reunir forças capazes de neutralizar a intenção do governo e impedir que hordas de arregimentados em periferias urbanas usufruam ardilosamente de benefícios aos quais não têm nenhum direito.
Henrique Duarte é jornalista.
Fonte: O Popular-GO, 31/08/2009

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