terça-feira, 4 de agosto de 2009

POR UMA PECUÁRIA SUSTENTÁVEL


Fazenda Bang-Bang mostra que é possível criar gado com responsabilidade
Cristiane de Cássia
ccassia@oglobo.com.br
Uma fazenda em São José do Xingu, no Mato Grosso, vem mostrando que é possível viver de pecuária e agricultura nesse país sem desmatar floresta, sem trabalho escravo e com responsabilidade social. Apesar do nome que remete a tempos em que os conflitos eram resolvidos à bala, a Fazenda Bang-Bang busca soluções ambientais e sociais através de muita parceria.
A recomposição de matas às margens de rios, a capacitação de funcionários, o cuidado com o manejo do gado e com o lixo são investimentos que a fazenda faz levando em conta não só a necessidade de corrigir erros do passado, mas também visando a um mercado que valoriza a pecuária sustentável.
- A gente quer se habilitar para o mercado europeu e o consumidor brasileiro que entende a importância das ações de redução de impactos socioambientais. Já vendemos um tipo de carne exclusivo para o Grupo Pão de Açúcar com valor 10% maior por conta desse trabalho - contou Luiz Castelo, proprietário da Bang-Bang, que tem 13,4 mil hectares onde são criadas dez mil cabeças de gado e plantados milho e soja.
Castelo se refere ao selo Taeq (que significa "viver em equilíbrio"), resultado de um programa mantido há três anos pela rede Pão de Açúcar, que hoje abrange 47 pequenos e médios criadores de gado.
O projeto envolve não só cuidados no manejo dos animais, mas melhor gestão, relações com a comunidade e respeito ao meio ambiente.
Outras parcerias fazem parte da história de sucesso da Bang-Bang. Uma delas é o apoio técnico do Instituto SocioAmbiental (ISA), que possibilitou em menos de dois anos a recuperação de 200 hectares de área desmatada às margens de 49 nascentes do Rio Xingu, que faz parte da bacia amazônica. Outras fazendas da região seguem o mesmo caminho com diversas motivações: - Há fazendeiros que reflorestam depois de serem multados, outros que se preocupam com a falta de água no futuro e um grupo que se motiva com o mercado que agrega valor ao produto com adequação socioambiental - explicou Rodrigo Junqueira, do ISA, coordenador do programa Xingu para frear o desmatamento que atingiu 1/3 dos rios matogrossenses.
O maior problema é que muitas fazendas de pequeno porte não têm recursos para investir. O próprio Castelo diz que já tentou financiamento com bancos ligados ao governo, mas desistiu porque levaria anos para receber a verba.
Sozinho, investiu R$ 174 mil no plantio de 70 mil mudas, fora a instalação de cercas, feitas de concreto devido à dificuldade de se adquirir lascas de madeira com origem legal.
Sem espaço suficiente para o viveiro de mudas, a fazenda contribuiu com a comunidade já a partir do plantio.
Funcionários e vizinhos receberam sementes adquiridas por Castelo em comunidades indígenas e R$ 1 por muda produzida. A comunidade também participa de cursos técnicos oferecidos numa escola com biblioteca e acesso à internet montada dentro da Bang-Bang com parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. A escola foi aberta originalmente para alfabetizar 15 de seus 25 funcionários e hoje apenas três têm dificuldades em ler e escrever.
Além das letras, os funcionários são educados para terem cuidados básicos, como não beber água direto dos córregos e fazer a separação do lixo, que só não avançou mais devido à falta de cooperativas de reciclagem na cidade.
Mas Castelo acredita que tudo vai se resolver: - Muitas fazendas já cometeram erros no passado e querem corrigi-los. Só precisam de recursos, técnica e prazo.
FAZENDA BANG-BANG
www.fazendabang-bang.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

pesquise

Pesquisa personalizada

"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido..." (Confúcio)

Obrigado pela visita!